Num ano que promete ser bastante movimentado (leia mais aqui),
a chinesa JAC promete finalmente colocar nas lojas brasileiras seu
subcompacto J2, modelo que já roda há algum tempo no Brasil sob
camuflagem, como mostram diversos flagrantes de leitores de UOL Carros (confira aqui).
O modelo de 3,53 metros de comprimento chega em novembro, logo após o
Salão do Automóvel de São Paulo, custando algo perto dos R$ 35 mil.
O preço soa salgado, não há como negar, sobretudo para um modelo que é
menor que os estabelecidos Ford Ka (dono de espaço exíguo e motor
fraco), Chevrolet Celta (que peca por ser muito antiquado) e Fiat Uno
(atual líder de vendas de mercado e dono de qualidades que superam os
defeitos aos olhos do comprador). O pequeno JAC chega a ser menor que
outro chinês, o Chery QQ. E continua assim quando citamos os 2,39 m de
espaço entre-eixos.
Qual o atrativo do J2, então? Primeiro, claro, o pacote "completão" de
série (você também imaginou o "Ô lôco, meu" do Faustão, exclamado após a
citação de itens como ar condicionado, airbag duplo frontal e freios
com ABS e EBD?). Depois, o que a JAC está chamando de estilo. Mas não
leve isso apenas no sentido visual.
Sim, haverá uma paleta de cores chamativa, com direito a carrocerias
amarelas, laranjas e afins. O interior também contará com acabamento
"moderninho", com plástico texturizado em alguns pontos. A JAC sequer
descarta a possibilidade de contar com itens de personalização, como
adesivos e apliques.
Mas o presidente da marca para o Brasil, Sérgio Habib, ressalta que o
J2 será estiloso com motor ligado e pedal do acelerador pressionado. Tão
estiloso quanto um foguetinho pode ser: "O J2 é para o cara que gosta
de carro. O motor 1.4 de 108 cavalos de potência [o mesmo utilizado no hatch J3, vale salientar, e que na verdade é um motor 1.3] é enorme para um carro de 900 quilos. Quem não gosta, deixa de lado e pega um 1.0 qualquer", provoca o executivo.
O fato de utilizar o mesmo motor, ter equipamento aproximado e até
preço semelhante vai levar a uma inevitável canibalização do J3, que
custa menos de R$ 3 mil a mais. Mas a JAC não está preocupada com isso e
acredita que vai se dar bem no resultado da equação: a previsão é de
vender 1.500 unidades do carrinho por mês, elevando a média da marca a
35 mil carros.
Veja os detalhes do J2 brasileiro
Foto 6 de 17 - Traseira verticalizada repete tema utilizado em outros subcompactos e é dominada por lanternas de formato irregular Eugênio Augusto Brito/UOL
SORRISO ABERTO
Usar o motor do irmão maior, porém, vai fazer o J2 rir à toa: o modelo vendido aqui na China tem motor 1.0; com a adoção do 1.4 para o Brasil -- que beberá apenas gasolina, uma vez que o flex será destinado apenas ao J3 num momento inicial -- a JAC será obrigada a ampliar a tomada de ar frontal para aumentar o fluxo de ar para o sistema.
O resultado é que a frente sorridente típica de carro pequeno oriental
vai ganhar um sorriso ainda maior, mais aberto, no modelo "brasileiro".
De lambuja, outras mudanças como a alteração do formato dos nichos dos
faróis de neblina podem ocorrer. Por conta disso, o carro testado por UOL Carros
na cidade chinesa de Hefei, sede da JAC Motors, tinha uma cobertura
ocultando parte do bico. O mesmo ocorre com as unidades de teste no
Brasil. As rodas também são diferentes da utilizada no chinês, mas
apenas no desenho, mantendo a medida de 14 polegadas. Por dentro, o
padrão de acabamento é semelhante ao encontrado no J3, bastante sóbrio e
bem executado. Seria bom, no entanto, ter um pouco da ousadia do carro
vendido aqui na China, talvez nem tanto pelo interior vermelho gritante,
mas pelo "plus" nos equipamentos, com direito a tela de LCD no centro
do painel, GPS e DVD player (e isso por cerca de 45 mil yuans, algo em
torno de R$ 13.600).
Em movimento, o J2 surpreende por sua agilidade em saídas e retomadas. O
fôlego é constante e a pegada é muito esperta, ligeira, por conta dos
cavalos de potência que "sobram" sob o capô. A direção é bastante
precisa, como o câmbio quase é e como a suspensão poderia ser: quem
conhece outro JAC vai lembrar da sensação de estar quase acertado, com
ênfase no quase, em curvas mais audaciosas. Por outro lado, isso também
nos levar a crer, apesar de não haver buracos na China em quantidade e
profundidade para emular nossas ruas, que o conjunto deve manter o
desempenho do J2, suave no rodar, mas justo em bloquear impropérios do
asfalto.
Folga, mesmo, apenas dentro da cabine, com bom espaço para pernas e
ombros de todos os quatro ocupantes. A configuração das rodas, que
ocupam as extremidades do J2, abre espaço para motorista, carona e dois
passageiros mesmo com entre-eixos exíguo. Quem vai atrás tem liberdade
também para a cabeça, desde que não tenha mais de 1,85 m de
altura. Pessoas altas, e que tendem a ter braços mais longos, terão
problemas com ajustes dos retrovisores elétricos, porém. Alinhados no
braço-puxador interno da porta, ficam muito próximo do cotovelo de quem
dirige o J2, posição bastante incômoda. O mesmo vale para o puxador em
si: mesmo quem vai atrás tem de dobrar demais o braço para poder
utilizá-lo. Há complicações também com os comandos elétricos dos vidros,
centralizados no painel, mas ordenados de forma diferente daquele
tradicionalmente usada por aqui. É tudo questão de se acostumar com o
movimento da peça; ou torcer para que a JAC realize uma mudança antes do
lançamento, a jato.
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