Convênio com a WWF-Brasil calculará a relação entre o consumo da cidade e do estado de São Paulo com a capacidade de renovação dos recursos naturais de seus territórios
São Paulo - A Prefeitura de São Paulo
e o governo do Estado assinaram hoje parceria com a ONG WWF-Brasil para
medir suas Pegadas Ecológicas. Diferente das pegadas de recursos
hídricos ou de emissão de gases do efeito estufa, que avaliam ciclos de
produções de determinados produtos e serviços, a pegada ecológica é
definida pela relação dos recursos naturais renováveis disponíveis no
planeta e a intensidade do consumo humano.
A metodologia é do GFN - Global Footprint Network*, que já calculou a
pegada ecológica de diversos países, inclusive o Brasil, e que começa a
fazer o cálculo de cidades. Campo Grande foi a primeira cidade
brasileira a ter sua pegada ecológica estimada. Hoje a capital
sul-mato-grossense discute estratégias de mitigação e ações locais para
reduzir seu impacto sobre os recursos naturais.
Depois de despertar o interesse de Curitiba, que também calculou seu
impacto, agora é a vez da cidade de São Paulo, onde há 10,8 milhões de
habitantes consumindo. O trabalho será feito pela empresa Ecossistemas,
credenciada pela GFN, com apoio da FIPE - Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas, que fornecerá dados da Pesquisa de Orçamento
Familiar.
"Este é um processo que exige mudanças da sociedade, por isso o diálogo
é fundamental. Os conhecimentos científicos têm que chegar de forma que
o povo entenda e participe. A pegada ecológica permite um outro nível
de diálogo", afirmou Eduardo Jorge, secretário de Meio Ambiente da
cidade, durante a assinatura do convênio, realizada hoje, em São Paulo.
O Estado de São Paulo, com 42 milhões de habitantes, também calculará
sua pegada ecológica, sendo o primeiro estado brasileiro a participar
deste processo. "Temos muito a mostrar para o país e o mundo, agora na
Rio+20", disse Bruno Covas, secretário de Meio Ambiente do estado. Ele
disse ser necessária uma mudança no consumo de governos e da sociedade
para garantir a preservação dos recursos naturais. "A pegada ecológica é
um instrumento de análise para fomentar e aplicar políticas públicas",
complementou.
Cálculo
Para chegar à pegada ecológica de um território, relaciona-se a
capacidade de renovação de recursos naturais (floresta, pastagem, área
de cultivo, área construída, carbono e recursos pesqueiros) com o
impacto das diferentes classes de consumo: moradias, bens, serviços,
governo, alimentos e mobilidade. A pergunta que a pegada ecológica busca
responder é se essa biocapacidade é suficiente para suprir o nosso
consumo, se está sendo sobre explorada (o que mostram os índices
calculados até então) ou pouco explorada.
"A principal mensagem que a pegada ecológica traz é um reconhecimento
de limite dos recursos naturais renováveis. O limite global é de 1.8
hectares globais (medida padronizada para esse cálculo). E em todos os
casos estamos consumindo mais do que a natureza é capaz de regenerar",
disse Michael Becker, Coordenador do Programa Pantanal-Cerrado do
WWF-Brasil. Eis alguns índices já calculados:
Segundo gráfico elaborado pela GFN (abaixo), hoje consumimos um planeta
e meio de recursos naturais. Se o ritmo da pegada mundial continuar o
mesmo, chegaremos em 2050 consumindo mais de dois planetas inteiros. No
entanto, com ações de mitigação seria possível, no mesmo prazo, demandar
"apenas" um planeta.
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