Porém, a despeito do reconhecimento do valor das ideias, hoje notamos
que corremos o perigo de sermos "engolidos" pela precisão e facilidade
de processos de controle, que, em vez de aliados, podem contaminar o
ambiente empresarial, o que resultaria no acomodamento das fórmulas
testadas e aprovadas, "protetoras de riscos". Proteção ilusória que
impediria a reflexão dirigida à transformação, ao novo, tornando-nos
reféns da prática do "mais do mesmo", ou seja, do novo reciclado, do
mesmo conteúdo com nova roupagem, a repetição involuntária do que já
existe.
Nesse caso, não se trata do risco produtivo inerente a qualquer
tentativa de romper as barreiras do possível, mas de um perigo real de
nossos dias, uma vez que a competição de mercado acontece no campo das
ideias e estratégias transformadoras. Nelas estão o combustível e o
diferencial do mundo dos negócios. Elas são as raízes de mudanças
capazes de gerar caminhos seguros em um ambiente empresarial no qual as
ideias clássicas, que traziam bons resultados, hoje não mais funcionam
em ambientes de negócios imprevisíveis e não lineares.
Para acompanhar a dinâmica do mercado, é preciso priorizar o pensamento
estratégico, inteligência que deve capitanear a totalidade das decisões
e ações empresariais. Esta é a matéria-prima que diferencia o executivo
que combate a acomodação de fazer o mesmo de forma diferente,
imprimindo à empresa postura crítica, ao banir a possibilidade de ser
seduzido pelos processos sofisticados de controle que aprisionam na
operação e inibem o livre pensar. Liberto da dependência da
operacionalidade de planilhas e outras ferramentas disponíveis à gestão,
o executivo de pensamento estratégico contamina o ambiente, pois, como
afirma Bernard Shaw, "as ideias são como as pulgas, saltam de uns para
outros".
Texto de Denis Mello - diretor-presidente do FBDE / NEXION Consulting tirado do Administradores.
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