Vivemos um mundo em transformação e nesse mundo as pessoas interagem
entre si e com as marcas de formas completamente diferentes. Com cada
vez mais “poder”, o consumidor assume variados papéis na relação de
consumo e principalmente na percepção de valor.
Como nessa nova
era tudo parece ser cada vez mais simples, o acesso à informação, fruto
dessa revolução digital, só se amplia e as pessoas que estão cada vez
mais conectadas questionam o valor das coisas, pois essa revolução criou
uma cultura do “free”, ou seja, as pessoas buscam tudo “de graça”,
desde produtos, serviços, informações, conteúdo, entretenimento, entre
outras coisas.
Mas o ponto principal que levanto aqui é que
sabemos que esse “de graça” não existe, ou seja, alguém necessariamente
está pagando por isso.
Quando falamos, por exemplo, em
informação e desenvolvimento de conteúdo, deveríamos refletir sobre quem
paga essa conta, pois não existe produção de conteúdo de qualidade sem
os talentos e investimentos corretos.
Na indústria da
comunicação essa reflexão gera uma discussão sobre como monetizar o
“valor” do conteúdo, já que essa definição esbarra em modelos de negócio
e na sua sustentabilidade.
Grandes jornais mundiais estão
apostando na valorização de seu conteúdo, por acreditar que esse é o
principal “valor” e o grande diferencial junto ao mercado, pois agrega
valor à vida dos milhares de leitores que consomem e interagem
diariamente com o jornal.
Para o gerente do serviço noticioso
do jornal The New York Times, Michael Greenspon, que abriu o IX
Congresso Brasileiro de Jornais, o jornalismo de qualidade é importante
para os cidadãos de todo o mundo e é também um bom negócio.
No Brasil, alguns jornais já seguem esse caminho e apostam que a
sociedade precisa perceber e valorizar o desenvolvimento de conteúdo de
qualidade, com credibilidade, que ajude o cidadão a ter uma visão clara
do entorno e possa assim criar sua própria opinião.
A revista ProXXIma
desse mês traz uma grande matéria intitulada “O Fim do cafezinho
Grátis” e aborda a movimentação dos principais jornais do país nessa
direção.
A Folha de S Paulo e o Zero Hora já se lançaram na
cobrança de conteúdo, O Estado de SP e a Gazeta do Povo, no Paraná,
também entendem que conteúdo tem muito valor e caminham para esse
modelo.
O que todos os jornais parecem ter em comum é a crença
de que a produção para internet apenas baseada na publicidade não se
sustenta, por isso o modelo do "paywall poroso", que permite o acesso
gratuito a alguns textos por mês e que apenas assinantes leiam sem
restrições, parece ser o caminho mais viável.
Além disso,
todos têm a certeza de que essa mudança exige uma grande transformação
de cultura e processos internos e, principalmente, uma grande conexão
com o leitor.
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