Na semana em que começa a Design Weekend em São Paulo, conheça o caso de oito companhias que apostaram em um design diferenciado para estimular os negócios – e não erraram a mão
Fiat
Em 2010, a Fiat surpreendeu muita gente com a reformulação do Uno, o
carro de entrada que a montadora italiana começou a vender no Brasil há
quase três décadas. Com a proposta de conquistar um público jovem, o
Novo Uno teve interior e exterior reformados. Como resultado, as
tradicionais linhas quadradas deram lugar a acabamentos arredondados.
Cores vibrantes e a possibilidade de acabamento personalizado
completaram o pacote.
Entre designers e engenheiros, 600 profissionais da Fiat se envolveram
na criação do carro, um projeto que demorou três anos - e 426 protótipos
- para ficar pronto. Mas os esforços foram revertidos em um dos maiores
sucessos recentes da empresa. De maio de 2010 a abril deste ano, o
modelo já vendeu mais de 300.000 unidades.
Ikea
Até 1953, os móveis bonitos eram invariavelmente caros. E os baratos...
bem, tinham cara de baratos. Foi quando o sueco Ingvar Kamprad fundou a
primeira loja da Ikea, com a proposta de vender cadeiras, mesas e uma
infinidade de itens de casa a preços mais baixos, porém com um design
moderno e inovador.
O tamanho da fortuna de Kamprad dá mostras do sucesso da sua
empreitada, cuja proposta foi replicada por uma série de companhias,
como as brasileiras Tok & Stok e Etna, e a inglesa Habitat. Sexto
homem mais rico do mundo segundo o ranking de bilionários da Bloomberg, o
sueco comanda uma rede que fechou 2011 com 325 lojas no mundo e vendas
de nada menos que 26 bilhões de euros.
Apple
Nos últimos anos, os produtos com o carimbo da famosa maçã ganharam o
status de verdadeiros objetos de desejo. De iPods a iPads, passando por
iPhones e iMacs, todos, de uma forma ou outra, influenciaram o mercado
em geral, seja pela popularização das telas sensíveis ao toque ou pela
própria forma de consumir música e conteúdos digitais.
Frutos de uma meticulosa supervisão de Steve Jobs, conhecido por buscar
com exaustão a fórmula para um design elegante, funcional e intuitivo,
os produtos continuam rendendo rios de dinheiro à Apple depois da morte
de seu fundador. No último trimestre, a empresa registrou um faturamento
de 39,2 bilhões de dólares. Apenas os iPhones responderam por 22,7
bilhões deste bolo - cifra 30% mais alta que a obtida com todos os
produtos juntos da Microsoft, no mesmo período.
Coca-Cola
A Coca-Cola nasceu em 1886 como uma mistura de água gaseificada e
xarope. A cinco centavos de dólar, a bebida era servida em copos de
vidro. Oito anos depois e já espalhada por diversas partes dos Estados
Unidos, a Coca começou a ser engarrafada em uma pequena loja no
Mississipi. O proprietário, que tocou o projeto por conta própria, ficou
impressionado com o volume de vendas e resolveu criar um tipo de envase
portátil para catapultar o negócio. Joseph Biednharn até enviou seu
modelo à Coca, mas a empresa não ficou entusiasmada com a ideia.
Com o passar dos anos, a Coca ganhou mais e mais fama e passou,
finalmente, a ser vendida em garrafas. Preocupada com o surgimento dos
refrigerantes que tentavam imitá-la, a empresa lançou um concurso para
criar uma garrafa com identidade própria, que remetesse à bebida até
mesmo quando tocada no escuro. Pelas mãos do designer Earl R. Dean, o
modelo de curvas sinuosas, conhecido como "countour bottle", levou a
melhor e ganhou o mercado a partir de 1916. Até hoje, o formato continua
associado à Coca, que, junto com as marcas da Coca-Cola Company,
embolsou 13 bilhões de dólares em vendas no segundo trimestre do ano.
Fujifilm
A volta ao passado é apenas no desenho. A Fujifilm apostou no design
retrô para conquistar os fãs de fotografia que sentem saudades do jeitão
das câmeras de antigamente, mas não abrem mão da tecnologia das
máquinas digitais.
As câmeras da série X da marca japonesa são, nas palavras da Fujifilm,
"obras-primas de uma tecnologia inovadora, encarnadas em um chassi
tradicional". No último trimestre, a companhia obteve receita de 73,7
bilhões de ienes com a sua divisão de produtos de imagem, algo como 1,9
bilhão de reais.
Tupperware
Terminada a Segunda Guerra, Earl Tupperware inventou e batizou com seu
sobrenome uma série de recipientes plásticos para guardar comida.
Criados na esteira da popularização das geladeiras nos lares, os famosos
potinhos continham um selo na tampa que garantia que fossem
hermeticamente fechados, impedindo que os alimentos secassem ou
murchassem.
Mas a inovação não foi suficiente para convencer os consumidores. A
partir de 1948, a empresa começou a organizar eventos para as mulheres
para demonstrar como funcionavam os produtos - as chamadas "Tupperware
Home Parties". O negócio deu tão certo que a revenda para grandes
varejistas foi abortada em 51 e o modelo de vendas diretas foi
definitivamente adotado pela companhia. As tais festas continuam
acontecendo. E a Tupperware ganhou força no mundo inteiro. Hoje, a
companhia está presente em quase 100 países. Sua receita bateu em 2,6
bilhões de dólares em 2011.
Brastemp
A Brastemp, uma das marcas de eletrodomésticos da Whirlpool, também
resolveu conferir um ar vintage a seus produtos. A princípio, investiu
no lançamento de um frigobar inspirado na estética dos anos 60 e 70. O
item fez tanto sucesso que a Brastemp resolveu incluir geladeiras e
fogões no nostálgico portfólio.
Desde o começo de 2011, os três produtos são vendidos pela empresa por
preços que vão de 900 reais (frigobar) a 8.000 reais (geladeira). Sem
divulgar expectativas de vendas, a empresa chegou a afirmar na época que
a tradicional linha branca já não expressaria mais a personalidade do
consumidor atual.
C&A
Walter Rodrigues, Marcelo Sommer, Glória Coelho, Isabela Capeto, Maria
Filó e Stella McCartney. Apesar de ser grande, a lista não contempla
todos os nomes da moda que já emprestaram suas criações às araras da
C&A. Desde 2005, a maior varejista de roupas do Brasil fecha
parcerias com marcas e estilistas renomados.
Em entrevista à EXAME.com, Elio França, diretor de marketing da
empresa, disse que esta foi a forma encontrada para oferecer moda com
alta percepção de valor a um preço mais acessível ao grande público. A
companhia não é a única a abraçar a estratégia. No Brasil, a Riachuelo
foi pioneira ao vender roupas assinadas por Fause Haten em 2001. Lá
fora, esse tipo de associação já uniu nomes como o da varejista H&M e
do estilista Karl Lagerfeld. Neste caso, inclusive, as peças sumiram
das prateleiras em um dia e foram parar em leilões virtuais por preços
mais salgados.
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