Depois de ser apresentada na Europa no fim do ano passado, a nova Ninja
650 acaba de desembarcar no Brasil. Assim como sua irmã naked, a ER-6n,
a Ninja 650 “trocou de roupa” e ganhou alterações em seu propulsor
bicilíndrico, tudo para continuar no páreo do segmento dominado por
motocicletas de quatro cilindros em linha. O modelo perde a letra “R” em
sua nomenclatura. A Ninja tem preço sugerido de R$ 27.990 ou R$ 29.990
(com sistema de freios ABS), e está disponível nas cores verde e preta.
Ao lado das outras representantes japonesas do mercado -- Yamaha XJ6F
(R$ 28.990), Suzuki GSX 650 F (R$ 29.990) e Honda CBR 600F (R$ 32.500)
--, a Ninja chega renovada para dar mais uma opção ao motociclista que
deseja uma motocicleta atual e que lhe conceda proteção aerodinâmica, o
que não acontece nas versões “peladas” (naked) dos modelos citados.
COMPORTADA
“Deixaremos a nomenclatura “R” somente para as motos com vocação
racing”, explica Affonso de Martino, gerente comercial da Kawasaki do
Brasil -- fato: a letra “R” não representava o comportamento da antiga
Ninja 650R 2011. Agora, a Ninja 650 ganhou novos mapeamentos do
propulsor, favorecendo as baixas e médias rotações e se assumiu uma
motocicleta comportada. É muito amigável e, embora pareça uma Ninja “das
fortes”, não representa o caráter esportivo das motocicletas da marca
verde.
Única no segmento com dois cilindros paralelos, a Ninja 650 se destaca
pela facilidade de condução. Até menos experientes podem pilotá-la sem
problemas. Duplo comando no cabeçote, oito válvulas e refrigeração
líquida, com uma taxa de compressão revista (mudou de 11,3:1 para
10,8:1) e novos dutos de admissão resultam em uma potência máxima de 72
cv a 8.000 giros e um torque de 6,5 kgfm a 7.000 rpm.
Veja abaixo mais fotos da nova Kawasaki Ninja 650 2013
São números que deixam o piloto à vontade na cidade, com torque de
sobra. E que não fazem feio fora dela -- rodamos mais de 300 quilômetros
entre cidade e estrada. A velocidade cresce aos poucos, linearmente, e
em nenhum momento assusta. Aliás, a carenagem que cobre a Ninja 650
credencia a moto a rodar em uma velocidade média de 120 km/h sem nenhuma
interferência do vento, com a contribuição do parabrisa manualmente
ajustável em três níveis.
E quando a marcha engatada está de acordo com a rotação certa, a Ninja
650 entra no modo ECO -- de economia de combustível. É difícil medir o
consumo nesse modo, já que em qualquer acelerada mais forte ele some do
painel. Mesmo assim, na cidade a Ninja 650 rodou 19,2 km/l, e na
estrada, onde é mais fácil manter a pegada econômica, o consumo foi de
21,8 km/l.
O quadro também é novo. Mais fino, manteve a estrutura tubular, mas
agora com dois tubos. O peso total da moto permanece inalterado: 209 kg
na versão standard e 211 kg para a versão equipada com ABS. Peso que não
dificulta a mudança rápida de direção e não cansa o piloto.
ERGONOMIA
Mesmo que se pareça com as motos superesportivas da Casa de Akashi, a
Ninja 650 apresenta um comportamento bem mais comportado, como já vimos.
Porém, não é só no desempenho que as diferenças aparecem. O guidão
conforto evita a tensão no antebraço do piloto, permitindo rodar por
muitos quilômetros na cidade sem aquela dor característica das
motocicletas que têm semiguidões.
No entanto, quando se pilota nas estradas, o condutor fica confuso
entre permanecer “carenado” e ficar com a coluna ereta. Ao encostar o
peito do tanque de combustível, favorecendo a circulação do vento, o
piloto não encontrará a posição ideal, por conta da posição elevada do
guidão -- ao menos no caso de uma pessoa como eu, de 1,90 m.
Outro detalhe são as pedaleiras. Levemente recuadas, elas deixam o
piloto em posição de ataque, ideal para o trânsito urbano, mas cansativo
em longas viagens. Pilotos mais altos sentirão a necessidade de parar a
cada 150 quilômetros, quando o joelho começa a ficar dolorido.
CICLÍSTICA
O conjunto de suspensões da Ninja 650 também segue a proposta da
motocicleta. Com acerto macio, tanto o garfo telescópico dianteiro
quanto mola traseira monoamortecida funcionam muito bem na cidade, mas
prejudicam um pouco uma entrada em curvas mais bruscas. Ambas foram
recalibradas e agora estão maiores em 2 mm na traseira e 5 mm na
dianteira.
O sistema antitravamento (ABS) dos freios também é novo. Além de menor,
o módulo de controle é mais moderno. As especificações permanecem
inalteradas: dois discos de 300 mm em forma de pétala com pinça de dois
pistões na dianteira; e um disco de 220 mm e pinça de pistão simples na
traseira. Freios que, mesmo na unidade testada, “zero” quilômetro,
funcionaram bem.
As rodas continuam de 17 polegadas feitas em liga leve na dianteira e
na traseira. Os pneus que equipam o modelo agora são Dunlop, nas medidas
120/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás.
FICHA TÉCNICA: Kawasaki Ninja 650 2013
Motor: | Dois cilindros em linha, 649 cm³, com refrigeração líquida. |
Potência: | 72 cv a 8.000 rpm. |
Torque: | 6,5 kgfm a 7.000 rpm. |
Câmbio: | Seis marchas. |
Alimentação: | Injeção eletrônica. |
Tanque: | 16 litros. |
Suspensão: | Garfo telescópico, com 125 mm de curso (dianteira). Monoamortecedor com ajuste de pré-carga, com 130 mm de curso (traseira). |
Freios: |
Disco duplo de 300 mm com duplo pistão e ABS (dianteiro). Disco simples de 220 mm com pistão único e ABS (traseiro). |
Chassis: | Estrutura tubular. |
Dimensões: | 2.100 mm x 770 mm x 1.180 mm (C x L x A); 130 mm (altura do solo); 805 (altura do assento); 1.410 mm (entre-eixos). |
Peso: | 211 kg (com ABS, em ordem de marcha). |
CARA NOVA
Se no motor e chassi as alterações foram modestas, o visual da nova
Ninja 650 se renovou por completo, tudo para seguir a identidade visual
da superesportiva ZX-10R. No lugar dos faróis arredondados, a Kawasaki
usou linhas retas na carenagem frontal, deixando a moto mais agressiva. A
lanterna traseira também mudou: manteve os LEDs, porém seu desenho
segue a tendência mais atual. O paralama dianteiro foi alterado e os
piscas, que permaneceram fixados à carenagem, foram redesenhados.
Já o parabrisa ganhou novas formas e o útil sistema de regulagem de
altura que já existia na Ninja 1000 -- pode-se ajustar manualmente a
altura em três níveis, de acordo com o tamanho do piloto. Uma bem-vinda
melhoria nessa Ninja 650 com vocação para o turismo. Outra mudança para
reforçar o conforto foi feita no assento: além de ganhar um desenho
novo, a quantidade de espuma foi aumentada.
O painel também é completamente novo. A Kawasaki adotou um conta-giros
de leitura analógica que domina a parte superior e uma tela de cristal
líquido abaixo, que traz velocímetro digital, marcador de combustível,
hodômetros e relógio, além de outras informações do computador de bordo,
como consumo instantâneo, médio e autonomia. São item que não existiam
no modelo anterior e que ajudam muito em viagens.
INEDITISMO
A Kawasaki aposta no ineditismo com a Ninja 650. Sendo única opção do
segmento com motor de dois cilindros em linha, essa Ninja comportada é
uma boa opção para quem precisa de proteção aerodinâmica extra, mas que
não deseja comprar uma moto com quatro cilindros -- seja pela economia
de combustível ou pela discrição que o som bicilíndrico oferece. Ela é
ideal para iniciantes da categoria ou para quem quer uma moto para uso
diário, sem abrir mão do visual radical. É como se a Ninja 650
“mordesse” no visual e “assoprasse” no desempenho. Esse fato a
diferencia para continuar figurando no concorrido segmento das
sport-touring de média cilindrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário