Crescimento foi de 38% em relação aos seis primeiros meses de 2011
A ABTA (Associação Brasileira de TV por
Assinatura) divulgou nesta terça-feira (24) dados do primeiro trimestre
de 2012 do setor de TV por assinatura. Com um crescimento de 38% em
relação ao mesmo período do ano passado, o meio atingiu um faturamento
de R$ 5,4 bilhões no Brasil, contra R$ 4,2 bilhões da TV aberta no mesmo
período.
Vale ressaltar, porém, que o grande trunfo da TV
fechada, responsável pela sua receita, é o aumento da base de
assinantes — que em junho passado chegou a 14,5 milhões, segundo dados
da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Apenas pouco mais de
5% do faturamento do setor é proveniente de publicidade — ou seja, cerca
de R$ 300 milhões —, ao contrário da televisão aberta, cujo quase a
totalidade do faturamento vem dos anunciantes, fato que a faz líder
isolada do bolo publicitário brasileiro, com mais de 60% de
participação.
De qualquer forma, os números da TV por
assinatura, que o início dos anos 2000 passou por uma crise fortíssima e
teve pouca evolução nos anos seguintes, se mostram bem animadores em
relação ao futuro do setor. “Se em um passado recente éramos uma
incógnita, hoje somos um meio consolidado e em plena expansão. Estima-se
que cerca de 48 milhões de brasileiros têm acesso aos serviços da TV
paga”, afirma Alexandre Annenberg, presidente executivo da ABTA. “E olha
que nós competimos com uma TV aberta que, no Brasil, transmite eventos
de grandes magnitudes, como Copa do Mundo, os principais torneios de
futebol, Fórmula 1, Jogos Olímpicos, grandes shows. Isso, em outros
países, é função da TV fechada, o que torna o nosso crescimento no país
muito mais relevante”, ressalta.
Vice-presidente executivo da ABTA, Oscar Vicente
Simões de Oliveira destacou três pontos importantes em relação ao meio:
consolidação como atividade econômica relevante, mudanças importantes
que tem ocorrido e vão ainda continuar em função do novo marco
regulatório (a Lei 12485, aprovada no ano passado) e a melhoria na
prestação de serviço ao assinante. “O novo marco regulatório está
exigindo das agências reguladoras uma fase de aprendizado e adequação.
Aliás, não só das agências como de todo setor, pois talvez sejamos o
único da economia que possui duas agências reguladoras: Anatel e Ancine
(Agência Nacional do Cinema). Fica mais difícil achar pontos em comum
que satisfaça todo o mercado”, explica, dizendo que espera que essa
transição seja feita “com muita parcimônia, respeitando os interesses
dos consumidores, que é quem paga a conta. Mesmo assim, a expectativa
mais conservadora que temos de crescimento para os próximos quatro ou
cinco anos é de 60%”.
ABTA 2012
Presidente da Converge Comunicações,
organizadora da Feira e Congresso ABTA 2012 — que acontece entre os dias
31 de julho e 2 de agosto, em São Paulo —, Rubens Glasberg diz que o
modelo de negócios da TV por assinatura irá mudar em função do novo
marco e isso terá impacto direto no evento. “Eu diria que dá para
dividir o encontro em quatro partes: as mudanças operacionais que irão
ocorrer no meio, principalmente com a entrada das teles; as mudanças
tecnológicas; as mudanças regulatórias — e termos um bloco exclusivo
para tratar apenas desse assunto; e um bloco apenas para falar sobre
programação, pois temos cada vez mais novos canais e com um
direcionamento diferente, devido ao novo público que passa a consumir a
TV paga”, relata.
A 20ª edição da feira vai reunir 215 empresas
que estarão espalhadas por 115 estandes — um aumento de 15% em área
comercializada em relação ao ano passado. O encontro divide-se entre
feira e congresso. O Congresso ABTA 2012 está dividido em quatro grandes
painéis estratégicos, e a abertura, no dia 31, terá como tema “O papel
da indústria de TV por assinatura no desenvolvimento do Brasil.
Participam do painel inaugural Paulo Bernardo, ministro das
Comunicações; os presidentes das duas agências reguladoras, João
Rezende, pela Anatel, e Manoel Rangel, pela Ancine; e Annenberg.
“O tema do primeiro painel, cujo nome foi
escolhido pelo próprio ministro Paulo Bernardo, tem relação direta com o
que ocorre hoje no país. Afinal, com as novas licenças que deveremos
ter em breve, centenas de novos players irão colaborar com as taxas de
crescimento do país, a ampliação da oferta, o aumento da tecnologia e a
chegada a novos municípios que ainda não são atendidos pelo cabo, em um
grande movimento de infraestrutura”, conclui Simões de Oliveira.
Atualmente, apenas 258 municípios brasileiros são atendidos por serviços
a cabo.
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