quarta-feira, 25 de julho de 2012

Faturamento da TV por assinatura supera aberta

Crescimento foi de 38% em relação aos seis primeiros meses de 2011



A ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) divulgou nesta terça-feira (24) dados do primeiro trimestre de 2012 do setor de TV por assinatura. Com um crescimento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado, o meio atingiu um faturamento de R$ 5,4 bilhões no Brasil, contra R$ 4,2 bilhões da TV aberta no mesmo período.
Vale ressaltar, porém, que o grande trunfo da TV fechada, responsável pela sua receita, é o aumento da base de assinantes — que em junho passado chegou a 14,5 milhões, segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Apenas pouco mais de 5% do faturamento do setor é proveniente de publicidade — ou seja, cerca de R$ 300 milhões —, ao contrário da televisão aberta, cujo quase a totalidade do faturamento vem dos anunciantes, fato que a faz líder isolada do bolo publicitário brasileiro, com mais de 60% de participação.
De qualquer forma, os números da TV por assinatura, que o início dos anos 2000 passou por uma crise fortíssima e teve pouca evolução nos anos seguintes, se mostram bem animadores em relação ao futuro do setor. “Se em um passado recente éramos uma incógnita, hoje somos um meio consolidado e em plena expansão. Estima-se que cerca de 48 milhões de brasileiros têm acesso aos serviços da TV paga”, afirma Alexandre Annenberg, presidente executivo da ABTA. “E olha que nós competimos com uma TV aberta que, no Brasil, transmite eventos de grandes magnitudes, como Copa do Mundo, os principais torneios de futebol, Fórmula 1, Jogos Olímpicos, grandes shows. Isso, em outros países, é função da TV fechada, o que torna o nosso crescimento no país muito mais relevante”, ressalta.
Vice-presidente executivo da ABTA, Oscar Vicente Simões de Oliveira destacou três pontos importantes em relação ao meio: consolidação como atividade econômica relevante, mudanças importantes que tem ocorrido e vão ainda continuar em função do novo marco regulatório (a Lei 12485, aprovada no ano passado) e a melhoria na prestação de serviço ao assinante. “O novo marco regulatório está exigindo das agências reguladoras uma fase de aprendizado e adequação. Aliás, não só das agências como de todo setor, pois talvez sejamos o único da economia que possui duas agências reguladoras: Anatel e Ancine (Agência Nacional do Cinema). Fica mais difícil achar pontos em comum que satisfaça todo o mercado”, explica, dizendo que espera que essa transição seja feita “com muita parcimônia, respeitando os interesses dos consumidores, que é quem paga a conta. Mesmo assim, a expectativa mais conservadora que temos de crescimento para os próximos quatro ou cinco anos é de 60%”.
ABTA 2012
Presidente da Converge Comunicações, organizadora da Feira e Congresso ABTA 2012 — que acontece entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, em São Paulo —, Rubens Glasberg diz que o modelo de negócios da TV por assinatura irá mudar em função do novo marco e isso terá impacto direto no evento. “Eu diria que dá para dividir o encontro em quatro partes: as mudanças operacionais que irão ocorrer no meio, principalmente com a entrada das teles; as mudanças tecnológicas; as mudanças regulatórias — e termos um bloco exclusivo para tratar apenas desse assunto; e um bloco apenas para falar sobre programação, pois temos cada vez mais novos canais e com um direcionamento diferente, devido ao novo público que passa a consumir a TV paga”, relata.
A 20ª edição da feira vai reunir 215 empresas que estarão espalhadas por 115 estandes — um aumento de 15% em área comercializada em relação ao ano passado. O encontro divide-se entre feira e congresso. O Congresso ABTA 2012 está dividido em quatro grandes painéis estratégicos, e a abertura, no dia 31, terá como tema “O papel da indústria de TV por assinatura no desenvolvimento do Brasil. Participam do painel inaugural Paulo Bernardo, ministro das Comunicações; os presidentes das duas agências reguladoras, João Rezende, pela Anatel, e Manoel Rangel, pela Ancine; e Annenberg.
“O tema do primeiro painel, cujo nome foi escolhido pelo próprio ministro Paulo Bernardo, tem relação direta com o que ocorre hoje no país. Afinal, com as novas licenças que deveremos ter em breve, centenas de novos players irão colaborar com as taxas de crescimento do país, a ampliação da oferta, o aumento da tecnologia e a chegada a novos municípios que ainda não são atendidos pelo cabo, em um grande movimento de infraestrutura”, conclui Simões de Oliveira. Atualmente, apenas 258 municípios brasileiros são atendidos por serviços a cabo.

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