Apresentador enfatiza que a forma de distribuí-lo é o que menos importa
Luciano Huck: popular na televisão e nas mídias sociais |
"O que vale sempre é o bom conteúdo. Tanto faz a
maneira como você irá distribuí-lo". Foi com essa constatação que o
apresentador Luciano Huck respondeu se ele via alguma diferença no
conteúdo distribuído pela televisão ou por outros devices, como a
internet, por exemplo, durante o V Congresso de Comunicação. Ele citou o
caso de como acredita que a web está cada vez mais contribuindo para a
TV, e não sendo um concorrente. "Estava fazendo uma gravação em Madrid,
para o Caldeirão, e perguntei utilizando as mídias sociais sobre
brasileiros que moravam na capital espanhola e que tinham histórias
bacanas para contar. No dia seguinte haviam 320 brasileiros residentes
da cidade na porta do meu hotel. Algo espantoso", lembrou. Para ele, o
twitter e o facebook são ótimos para encontrar personagens para seu
programa. "Hoje nem o ato de assistir TV sozinho em casa é solitário. A
partir do momento que você compartilha nas redes, é um ato coletivo",
frisou. Lembrando que o YouTube anunciou esse ano o investimento de US$
150 mi em produção. "Isso me faz pensar que o YouTube pode virar um
concorrente até mais forte para meu programa, por exemplo, do que a
atração de outra emissora. O poder da web é cada vez maior. E o
profissional de mídia, que um dia foi bem mais técnico, terá o desafio
cada vez maior de entender esses números que mudam a todo instante". Só
para lembrar, o apresentador é um dos recordistas brasileiros de
seguidores no twitter e com mais fãs no facebook.
Luciano participou da comissão "As novas
tecnologias e as novas fronteiras da mídia", presidida por Luiz Fernando
Vieira, presidente do Grupo de Mídia de São Paulo e sócio e vp de mídia
da Africa. Contou também com a participação de Paulo Camossa, da
AlmapBBDO, como secretário-geral; Daniel Chalfon, da Loducca, como
relator; e, como debatedores, Flavio Rezende (DPZ) e Fernando Chacon
(Banco Itaú).
Vieira iniciou o painel questionando como preparar o
mídia de hoje para o mercado de amanhã. "Existe uma expansão gigantesca
como talvez nunca tenhamos visto nesse país. Somos o quinto mercado e
seremos, em breve, o quarto maior mercado de mídia do mundo, só atrás de
EUA, Japão e China, ultrapassando a Alemanha", ressaltou.
Para Paulo Camossa, as novas tecnologias não
criarão apenas hábitos diferentes, mas também irão ampliar de forma
poderosa o que já era praticado antes. "Na minha infância, eu gostava de
produzir jornais mimeografados. Hoje é muito mais fácil você criar
conteúdo e disseminá-los por meio de blogs". Segundo o executivo, a
preparação do futuro da mídia no mercado brasileiro passa por três
aspectos: capacitação dos profissionais, desenvolvimento de ferramentas
de pesquisas que acompanhem essa evolução e a regulamentação dos novos
meios e práticas.
Já para Flavio Rezende, no futuro, o profissional
voltará a ser generalista. "Ele terá que enxergar o todo e ser bem
informado. Inclusive sabendo como receber a informação, separando a boa
daquela que não serve. Também terá que ser ético e responsável", disse. O
diretor nacional de mídia da DPZ lembrou que hoje as pessoas são
bombardeadas por muitas informações em diversos pontos de contato, e
terá que ser muito atento às tendências que surgem no dia a dia. "O
profissional de mídia terá que saber antecipar esses momentos e prestar
atenção na forma de fazer conteúdo, já que o consumidor também não é
mais o mesmo. A construção de estratégias e negociações com os veículos
serão cada vez mais importantes. O mídia virou definitivamente um homem
de negócios, que deve entender o cliente, saber de macro e
microeconomia. Afinal, a gente não compra apenas descontos, mas também,
eficiência".
Pelo lado do cliente, Fernando Chacon disse que
hoje se fala muito na mudança de comportamento da sociedade e como isso
pode afetar no negócio dos anunciantes. "No passado, as famílias se
reuniam no domingo em torno de uma TV, e assim era fácil atingi-la. Hoje
acabou o discurso do cliente. O que existe é o diálogo com seu público.
As opiniões são compartilhadas, e são essas percepções que irão
construir uma marca".
Ao final da comissão, Luiz Fernando Vieira colocou
em votação, para a plateia, as seis teses apresentadas pelo relator
Daniel Chalfon: "Percentual de profissionais de mídia sobre o total de
funcionários da agência"; "Percentual mínimo de profissionais
certificados de mídia nas agências; "Criação de um grupo de trabalho com
foco na busca e recomendação de novas pesquisas e ferramentas de
mídia"; "Definição de critérios para credenciamento de consultorias
independentes de mídia junto ao Cenp"; "Associação ao Cenp de empresas
de tecnologia"; e "Sistema de depósito de tabela de preços". Todas foram
aprovadas, com mínimas mudanças, que serão apresentadas definitivamente
no último dia do V Congresso, nessa quarta-feira (30).
Nenhum comentário:
Postar um comentário