quarta-feira, 30 de maio de 2012

Crise se alastra na cadeia automotiva e atinge autopeças

A queda nas vendas de caminhões e ônibus no primeiro quadrimestre de 2012 atingiu a indústria de autopeças vinculadas à cadeia de veículos pesados. 


Enquanto montadoras como Ford, Volkswagen/Man, Mercedes-Benz, Scania e Volvo anunciam paralisações das linhas de produção, as autopeças anunciam antecipação de férias e, em alguns casos, demissões.
A Seeber Fastplast, fornecedora de componentes plásticos para veículos Mercedes, Ford e Man, já fez um corte de 180 trabalhadores, a maior parte da unidade de Diadema, na Grande São Paulo.
As demissões sacrificaram o terceiro turno, criado em 2011 para atender a forte demanda de caminhões no ano passado.
"Custa caro montar um turno e custa caro fechar um turno. Mas as perspectivas a partir de abril não eram boas. E até agosto, não vemos nenhuma perspectiva diferente. Foi difícil, mas foi a única solução", diz Nelson da Costa, 54, gerente de Recursos Humanos da Seeber.
Agora, de 920 trabalhadores, entre próprios e terceiros, ao menos 200 operários entram em férias coletivas a partir da próxima semana. A previsão é que em julho, com os estoques das montadoras ajustados, a produção volte ao nível normal.
A MWM Internacional, empresa afiliada a norte-americana Navistar Engine Group, apelou para um acordo inusual com os sindicatos dos metalúrgicos de Canoas (RS) e São Paulo: redução de jornada com redução de salário.
O acordo promete evitar 900 demissões entre as duas unidades industriais. Em Canoas, o acordo prevê a paralisação de 12 dias ao longo de três meses, um dia para cada semana do mês. Em troca, poderá cortar 15% dos salários.
Em São Paulo, os funcionários da MWM terão um corte de 17,5% do salário e corte de 20% da jornada. O acordo vale até outubro, quando patrões e empregados voltam a discutir a situação.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Paulo, Miguel Torres, disse que há compromisso de a empresa repor os salários assim que a produção voltar ao normal.
Em Canoas, Paulo Chitolina, presidente do sindicato local, disse que a partir de outubro a categoria passa a ter jornada de 40 horas semanais. Hoje é de 42 horas.
O Grupo Randon registrou queda de 20% nas receitas no primeiro trimestre, e também adotou medidas para contar a produção. A principal foi a paralisação de unidades, antecipação de férias e não reposição de funcionários que deixam a companhia.
"A Randon Implementos tem 45 dias de estoques, quando o ideal é 20, no máximo 30 dias. Então vamos parar a semana que vem para tentar fazer um ajuste", diz Astor Milton Schmitt, diretor corporativo e de relações com investidores.
Nas divisões de autopeças e sistemas, a situação também é crítica, mas também não há previsão de demissões, afirma. Hoje, o grupo tem 12,5 mil trabalhadores.

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