A compra da Ypióca pela multinacional britânica Diageo, aliada ao
reconhecimento da origem brasileira do produto nos EUA, devem dar força à
expansão da bebida no exterior.
O presidente do Ibrac (Instituto Brasileira da Cachaça), Vicente Bastos,
ilustra o potencial de crescimento fora do país com uma comparação a
evolução da tequila para uma bebida de apelo mundial.
"[o negócio] acena para amadurecimento da categoria como ocorreu com a
tequila há 30 anos atrás. A tequila tinha preços médios muito baixos,
pouca diferenciação, produtos com valor médio pequeno e houve processo
de organização do mercado", afirma Bastos.
A aposta agora é que a estrutura de grupos de peso no mercado mundial
ajude a cachaça a repetir o feito. A Diageo distribui mais de 15 marcas
de bebidas, entre elas Smirnoff e Johnnie Walker, e é a maior em
destilados no mundo.
A aquisição da marca nacional pela britânica aconteceu menos de um ano após a compra da Sagatiba pela italiana Campari.
Soma-se ao reforço das multinacionais ao setor da cachaça o
reconhecimento da origem brasileira da bebida nos EUA. O acordo foi
anunciado na visita da presidente Dilma Rousseff ao país, em maio, e
atendeu a uma reivindicação de anos do setor. Antes dele, a bebida era
chamada de rum brasileiro no país.
As exportações da cachaça brasileira vêm crescendo cerca de 7% ao ano em
valores. No ano passado, a alta foi de 8,35% e o principal destino foi a
Alemanha, que representou cerca de 19% desse bolo.
O avanço na medida em valores aconteceu apesar de uma queda de cerca de
6% no volume exportado no ano passado, o que sugere maior valor agregado
ao produto.
Para Bastos, a ideia de evolução do mercado não está ligada apenas ao
crescimento do volume, mas a uma valorização da bebida, com
diferenciação de produto.
Segundo o consultor Adalberto Viviani, especializado no setor de
bebidas, não houve ainda um trabalho forte de repercussão no exterior
com marca de cachaça, apenas algumas tentativas.
"Temos ainda hoje que a maior marca de cachaça é a cachaça. Não temos
uma marca mundial. Quem trabalhar melhor leva esse segmento", afirma. O
investimento, segundo ele, está mais restrito ao ponto de venda e não ao
trabalho de fortalecimento da marca.
Embora a Diageo tenha enfatizado o potencial do mercado nacional na
compra da Ypióca, o aproveitamento de sua rede de distribuição é um
caminho natural mais adiante.
Em entrevista sobre a transação, o presidente da empresa no país, Otto
von Sothen, destacou o reconhecimento dos EUA como um importante passo
para o setor e um mercado com grande potencial para a expansão da
Ypióca.
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