Um mês e 3.200 km depois, o novo Citroën revela se seus
Foi breve, mas intensa em quilometragem, a última semana — ou meia
semana, apenas quatro dias — do Citroën C3 Exclusive na avaliação Um Mês ao Volante.
No período que faltava para completar 30 dias de teste, o compacto fez
duas viagens e rodou em cidade em total de 749 quilômetros, o que
incluiu o uso por um colaborador inédito na seção.
Vitor Freitas, empresário do interior paulista, já dirigiu alguns
modelos concorrentes do C3, como Fiat Punto e o Ford Fiesta importado
(ambos com motor de 1,6 litro e câmbio manual), o que lhe permitiu boa
base de comparação. Com o Citroën ele fez o trajeto entre
Pindamonhangaba (SP) e São Paulo, ida e volta, em um dia de forte calor e
com trânsito intenso na capital paulista. E o que ele tem a contar?
“Achei o C3 um carro pequeno bem resolvido. O novo visual ficou
moderno e perdeu boa parte do ‘jeito feminino’ que o anterior
apresentava. Eu não teria o modelo antigo, mas teria este, considerando a
aparência. Gostei do interior, com bom acabamento para sua categoria,
melhor que o do Fiesta importado. Os bancos de couro e tecido são uma
boa solução, mas achei que o tecido em trama acumula muita sujeira e
resíduos”, ele analisa.
Desempenho adequado e ótima estabilidade foram destacados por Vitor,
que também fez ressalvas à suspensão dura e às quatro marchas
Vitor, que mede quase 1,80 metro de estatura, acomodou-se bem ao
volante do novo Citroën, mas criticou o espaço no banco traseiro: “Um
passageiro atrás de mim não teria o menor conforto, além do encosto ser
muito vertical. Boa notícia é o cinto central ser de três pontos, um
item de segurança importante e às vezes esquecido”.
Ainda sobre o posto do motorista, ele elogiou o volante com base
achatada, que facilita entrar e sair sem raspar a perna, mas achou algo
confusos os muitos comandos posicionados junto à coluna de direção:
“Som, controle de velocidade,
limitador… É coisa demais em ‘satélites’ que você mal consegue
enxergar. Acionei alguns deles na base da tentativa e erro e acabei
evitando usá-los. Talvez isso melhorasse com uns dias a mais de
direção”. Itens mencionados como muito convenientes foram os faróis com
comando automático, a interface Bluetooth
para telefone celular e as conexões USB e auxiliar do sistema de áudio.
Já o computador de bordo foi descrito como útil, mas limitado em
funções.
“A Citroën deveria investir em um câmbio automático mais moderno, à altura do carro, e oferecê-lo também em versão mais simples e acessível”, propõe o colaborador
Após cerca de 340 quilômetros rodados, a maior parte em boas rodovias
à faixa de 120 km/h, Vitor se divide quanto aos atributos mecânicos do
C3: “O motor é muito bom e me pareceu mais ‘esperto’ em baixa rotação
que o do Punto. Rodando tranquilo ele faz pouco ruído, mas se torna
barulhento quando levado até perto do limite de giros. Por outro lado,
esperava uma média de consumo bem melhor que os 10,5 km/l de gasolina
que consegui na viagem, mesmo considerando que o ar-condicionado
precisou trabalhar a pleno e que o trânsito paulistano anda horrível”.
Para o motorista, o que compromete o conjunto é a caixa automática de
quatro marchas: “Não que seja um câmbio ruim, mas existe uma diferença
de rotação muito grande entre uma marcha e outra. Quando reduzi para
terceira na estrada, para ganhar fôlego numa subida, o giro foi lá em
cima. Se ele tivesse cinco marchas, acredito que trazer de quinta para
quarta me daria a potência necessária sem tanto sobressalto, e o consumo
certamente seria beneficiado”.
Um bom carro, mas caro demais para sua categoria: a opinião do colaborador
coincide com as de outras quatro pessoas que estiveram ao volante do Exclusive
A suspensão foi outro ponto a merecer elogios e críticas do
colaborador. “Gostei do jeito de andar do C3 na estrada, da sensação de
segurança e da direção, que é excelente, mas reprovo o conforto da
suspensão: é ‘seca’ nos defeitos do asfalto e nas lombadas. Dirigi anos
atrás um Citroën Xsara e me decepciona ver que a fábrica não evoluiu
muito nesse ponto. Já os freios são muito bons, com uma ‘pegada’ firme e
ABS bem acertado, que não fica ‘pulsando’ em demasia”, ele observa.
Vitor compraria um Exclusive como o avaliado? Ao ver os preços (tabela abaixo),
ele descarta: “O mercado oferece carros bem superiores por esses
valores. Qual o sentido de pagar mais de R$ 55 mil num C3 quando existe o
Renault Fluence com motor de 143 cv, câmbio CVT e um alto nível de
equipamentos por R$ 63 mil? Acho que a Citroën deveria investir em um
câmbio mais moderno, à altura do carro, e oferecê-lo também em versão
mais simples e acessível para competir com o Punto Dualogic. Não adianta
colocar o C3 na faixa de preço de carros médios. O carrinho é bom, mas
não vale o que custa”.
Em outra viagem do período, seguindo com o autor para Campos do
Jordão, SP, o ritmo bastante tranquilo — trajeto noturno com piso
molhado, família a bordo, rodovia vazia e muito mal sinalizada depois
das recentes obras de pavimentação — levou à melhor marca de consumo
registrada em toda a avaliação: 12,6 km/l de gasolina na média entre ida
e volta. Vale notar que na maior parte da descida da serra o C3
“alimentou-se de ar”: foi mantido em terceira ou quarta marcha sem uso
do acelerador, o que leva ao corte de fornecimento de combustível (cut-off) e permite rodar longos quilômetros com consumo zero.
Os motoristas da avaliação gostaram do ambiente para quem dirige o C3 e
do acabamento em geral; o espaço no banco traseiro foi um ponto criticado
Bom (e caro) companheiro
As opiniões de Vitor refletem, em grande parte, as impressões gerais
da equipe durante seu mês ao volante do Citroën C3. Nesses 3.244 km
rodados nas mãos de cinco motoristas (três homens, duas mulheres), dos
quais mais de 70% em rodovias, o modelo recém-lançado comprovou
qualidades como bom desempenho, interior bem-acabado e com fartos
equipamentos de conveniência, grande estabilidade e excelente direção,
além de um desenho que agradou à maioria das pessoas que opinaram.
Ficaram claros, por outro lado, pontos negativos como o câmbio
automático de quatro marchas e certo desconforto em pisos irregulares
pela calibração firme da suspensão. Espaço no banco traseiro foi outro
aspecto criticado, embora não se possa esperar algo muito diferente de
um hatchback com as dimensões do C3. Não menos importante, as médias de
consumo com gasolina e álcool em condições as mais diversas indicaram um
compacto nada comedido em apetite, contrariando as expectativas
trazidas pelas evoluções do motor de 1,6 litro no sentido de torná-lo
mais econômico. As quatro marchas parecem ter grande participação nesse
aspecto desfavorável.
Tudo considerado, o C3 Exclusive revelou-se um bom companheiro nesse
mês de convívio. Um carro compacto que atende sob vários aspectos — como
desempenho e itens de comodidade — aos requisitos esperados de modelos
médios, mas cobra preço compatível ao de alguns deles e não oferece
contrapartida em economia de combustível. Se este editor o compraria?
Sim pelo produto, mas não pelo preço sugerido.
Atualização anterior |
Último período
4 dias |
749 km |
Distância em cidade | 237 km |
Distância em rodovia | 512 km |
Consumo médio (gasolina) | 10,4 km/l |
Melhor média (gasolina) | 12,6 km/l |
Pior média (gasolina) | 9,0 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
31 dias |
3.244 km |
Distância em cidade | 940 km (29%) |
Distância em estrada | 2.304 km (71%) |
Distância com álcool | 1.923 km |
Distância com gasolina | 1.321 km |
Consumo médio (álcool) | 7,9 km/l |
Melhor marca média (álcool) | 8,9 km/l |
Pior marca média (álcool) | 5,6 km/l |
Consumo médio (gasolina) | 10,5 km/l |
Melhor marca média (gasolina) | 12,6 km/l |
Pior marca média (gasolina) | 7,0 km/l |
Combustível consumido | 370,6 litros |
Álcool | 244,2 litros |
Gasolina | 126,4 litros |
Despesa com combustível | R$ 793 |
Álcool | R$ 452 |
Gasolina | R$ 341 |
Custo por km rodado | |
Álcool | R$ 0,24 |
Gasolina | R$ 0,26 |
Preço médio | |
Álcool | R$ 1,85 |
Gasolina | R$ 2,70 |
Indicações do computador de bordo, exceto despesas |
Consumo em trajetos-padrão
Trajeto em cidade (gasolina) | 11,6 km/l |
Trajeto em cidade (álcool) | 8,2 km/l |
Trajeto em rodovia (gasolina) | 11,4 km/l |
Trajeto em rodovia (álcool) | 8,4 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 55.340 |
Como avaliado | R$ 59.130 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 78,5 x 82 mm |
Cilindrada | 1.587 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas.) | 115 cv a 6.000 rpm |
Potência máxima (álc.) | 122 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo (gas.) | 15,5 m.kgf a 4.000 rpm |
Torque máximo (álc.) | 16,4 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 4 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 16 pol |
Pneus | 195/55 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,944 m |
Largura | 1,708 m |
Altura | 1,521 m |
Entre-eixos | 2,46 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.202 kg |
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis |
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