Fundamental para marcas que querem ganhar destaque, mudanças e estratégias de Marketing nem sempre devem ser tomadas com base em verdades absolutas criadas no Brasil
Ainda assim, mesmo que as mídias sociais tenham ganhado um espaço maior
no relacionamento entre as empresas e seu público-alvo, existe
lentidão. “O Brasil tem uma situação única no mundo. Temos uma audiência
de Super Bowl diariamente em nossas novelas e as marcas ainda conseguem
uma abertura grande trabalhando especificamente com essa mídia. Por
outro lado, o cenário de inovação tem diversas possibilidades e
múltiplos futuros. O que percebemos é que haverá um investimento cada
vez maior em mídia própria e mídia espontânea e pessoas cada vez mais
jovens assumindo cargos de liderança e mudando todos os formatos antes
tradicionais”, indica a pesquisadora Paula Chimanti.
O Brasil no alvo
A revolução digital que o país passou e os números de usuários
brasileiros nas redes sociais ainda não foram suficientes para derrubar a
verdade do segundo mito da inovação: “A TV é a mãe do Brasil”. Boa
parte da importância e da permanência acentuada de ações das marcas por
meio dos televisores se explica pela inserção do aparelho em 99% dos
lares brasileiros e de sua penetração forte em diversas regiões, ainda
que com diferenças marcantes entre si.
Outro fator prioritário é a conveniência do canal. “Geralmente
escutamos a frase de que a TV é a mídia mãe do Brasil acompanhada de um
‘ainda’. Não sabemos quanto tempo vai durar, mas trabalhamos com
análises de cenários e, nesse ponto, surgem a internet e os celulares,
que estão crescendo e sendo bem avaliados. Porém, a televisão é mais
conveniente e entrega uma quantidade maior de conteúdo, junto com
entretenimento e uma imagem mais trabalhada diante de seus
consumidores”, indica Paula.
Mídias tradicionais x mídias digitais
Mais do que medir qual o número de leitores e assinantes de um jornal
ou quantos estão com a televisão ligada em determinado canal, o mundo
digital, incluindo as mídias sociais e as plataformas mobile,
revolucionaram a forma que as empresas podem e devem falar com seu
público-alvo. Diferente dos formatos tradicionais de mídia, hoje a
internet permite ir além da simples aferição da efetividade das ações,
levando os grupos a entenderem o potencial de interação do consumidor.
Nesse cenário, o terceiro mito, audiência é igual atenção, encontra seu
problema na intersecção entre modelos tradicionais e digitais e se
mostra falso. “Na internet eu consigo de fato saber onde o usuário está
colocando sua atenção. Um modelo de negócios do Google, por exemplo,
cobra o anúncio da empresa só se houver o click. Existe então um
deslocamento dos formatos antes usados para outros onde existe o
engajamento. A união deles é o grande desafio porque, no final das
contas, a empresa quer vender”, avalia Paula Chimenti, responsável pelo
tema “Inovação e o Ecossistema de Mídia”, apresentada durante o 4º
Encontro Internacional Coppead de Comportamento do Consumidor.
Aparecer nem sempre é bom
Facebook, Twitter, blog, portal, ações em pontos de venda, televisão,
jornal, rádio: não importa se são todas de uma vez ou uma pequena
seleção, toda empresa deseja aparecer e estar entre os assuntos mais
comentados – e de forma positiva – nas mídias. A saga pela prioridade do
consumidor, no entanto, pode ser um tiro no pé e levar ao quarto mito
que não é verdadeiro: “Conteúdo é Rei”.
A lição, de acordo pesquisa “Inovação e o Ecossistema de Mídia”, não é
quantidade e sim qualidade. “Sim, o conteúdo continua sendo uma base
importante, mas não é suficiente e não ganha o jogo sozinho. É preciso
que haja conveniência, imagem, comunicação e relevância no que se
aborda. O consumidor não quer apenas saber o melhor filme para assistir,
ele quer um lugar no celular onde ele possa clicar, receber um ingresso
e ir para o cinema sem se preocupar com mais nada”, diz Paula.
Outro erro comum dos grupos é acreditar que o importante é aquilo que
eles definirem em suas estratégias de Marketing. “Qualidade de conteúdo é
muito questionável. Não é o que a empresa acha que é bom, é o que o
consumidor percebe como relevante. Existem empresas como o Netflix ou o
iTunes que são grandes plataformas e não produzem conteúdos. O case de
sucesso é no sentido de serem agregadoras e organizadoras de acervos
relevantes para os usuários”, completa a pesquisadora.
O último mito, sucesso nunca é demais, se torna, portanto, complemento
do quarto mito. A falsa premissa indica que em um cenário onde as redes
sociais têm aparecido cada vez mais e que o futuro da TV ainda é
incerto, grupos que se tornaram grandes no passado não necessariamente
continuarão da mesma forma em novos cenários onde a instabilidade
comanda o futuro.
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