Críticos se dividem ao opinar sobre o novo manual da Comissão Federal de Comércio americana para o uso de palavras e associações com o meio ambiente
A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos Estados
Unidos divulgou a esperada versão final do Manual Verde, guia de
diretrizes para o uso de palavras e associações para o chamado
“marketing verde”, a fim de coibir a comunicação de mensagens confusas,
não corroboradas e enganosas pelas empresas.
Advogados
especialistas em publicidade viram poucas mudanças significativas no
Manual Verde divulgado há dois anos. Mas o consenso é que a versão
revisada pode exigir dos anunciantes maiores análises dos impactos
ambientais mais amplos, mesmo ao fazer alegações muito específicas. Ao
mesmo tempo, o novo documento desencoraja promessas sobre melhorias
relativamente pequenas.
James Kohm, diretor associado da divisão
de aplicação da FTC, apresentou detalhes do novo Manual Verde, o qual
revisa um documento político de 14 anos, na atual National Advertising
Division Conference em Nova York. Um sumário pode ser encontrado aqui.
Ele afirma que as revisões propostas receberam 340 “comentários únicos”
e mais de 2.000 comentários formais, descrevendo-os como “convincentes
na crítica, mas não muito úteis” como direcionadores.
Cadê a sustentabilidade?
Assim como a revisão proposta em 2010, o novo Manual não se esforça em
mencionar duas das palavras mais comuns em marketing “verde” –
“sustentável” e “natural”. Sobre “sustentável”, especificamente, Kohm
diz que não houve “informação o bastante para uma definição convincente”
no momento. Embora o FTC provavelmente não revisite o documento pelos
próximos dez anos, não estão descartados debates em torno de alegações
específicas antes disso – assim, fica aberta a possibilidade de a
palavra “sustentável” entrar para o guia como um adendo, nos próximos
anos.
A palavra “natural” não entrou na nova lista de “palavras
suspeitas” porque possui um significado mais amplo fora do marketing
verde, segundo Kevin Tuerff, cofundador da Greenwashing Index, projeto
desenvolvido em parceria com a Universidade de Oregon no qual
consumidores podem postar e comentar sobre anúncios realizando promessas
ambientais. Mas Tuerff afirmou que está “decepcionado porque a FTC não
atacou um dos jargões mais quentes que bate de frente com os
consumidores hoje”.
O guia escolhe, no entanto, as palavras
“verde” e “eco-friendly” como demasiadamente amplas e gerais, a menos
que qualificadas com promessas específicas.
Uma mudança
substancial do guia de 2010, entretanto, é que mesmo uma promessa
específica e substancial, como “usamos menos plástico do que antes”,
pode não deixar anunciantes impunes, afirma Chris Cole, advogado da
Manatt Phelps & Philips em Washington.
Se “menos plástico”
ainda exprime a mensagem de que o produto é melhor para o ambiente, o
que Cole afirme ser provável, as marcas precisam de pelo menos uma
análise do ciclo de vida parcial para provar que a mudança, incluindo
energia adicional gasta em transportar ou manufaturar novas embalagens,
possui um impacto positivo de rede sobre o ambiente.
“Não é uma análise do ciclo de vida inteiro”, Cole declara. “Mas você tem que analisar as mudanças”.
Selos e certificações
Ao
contrário do projeto de lei original, as empresas não terão que revelar
se pagaram por uma avaliação ambiental de uma organização provendo um
selo de certificação ou ainda que o selo foi concedido por uma
associação comercial. Mas empresas que usam selos devem revelar qualquer
“conexão material” com a organização certificada que possa afetar a
credibilidade do apoio.
Outra diferença fundamental da proposta
original é que a FTC agora diz que empresas não devem nem fazer
promessas específicas se o impacto é “insignificante”, diz Jeff
Greenbaum, advogado da Frankfurt Kurnit Klein & Selz, Nova York.
“À
primeira vista, faz sentido para mim” afirma Greenbaum. “O que é
potencialmente preocupante para as companhias é que você não pode apenas
olhar para um produto individual, mas para o ecossistema inteiro. Se
estou vendendo centenas de milhares produtos anualmente, qual é o
impacto total?”
A direção poderia desencorajar empresas a
incrementar avanços se não podem realizar promessas de marketing sobre
eles, afirma. “Provisões como esta poderiam impedir o desenvolvimento
dos produtos sustentáveis”.
“A manchete é realmente que as
diretrizes finais estão aí e agora temos a orientação que precisamos
para prosseguir”, afirma Greenbaum. “A falta de direcionamento sempre
foi motivo de reclamação pelas empresas”.
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