A cidade de São Paulo deve lançar cerca de 30% menos imóveis
residenciais neste ano do que em 2011, enquanto os demais municípios da
região metropolitana, quase 40% mais. A estimativa é do Secovi-SP,
sindicato que representa as construtoras.
No ano passado, São Paulo lançou pouco mais de 38 mil unidades. As 38 cidades do entorno, 29 mil.
O encarecimento dos terrenos na capital paulista e as restrições
impostas ao tamanho dos edifícios dificultam os lançamentos, afirmam
empresas e consultores.
"Nos vizinhos, há mais terrenos e menos entraves das leis de
zoneamento", diz Flávio Prando, vice-presidente de habitação econômica
do Secovi-SP.
Em vários bairros da capital, como Vila Leopoldina (zona oeste), Morumbi
(zona oeste, divisa com a sul) e Mooca (zona leste), acabaram as
outorgas onerosas, licenças adquiridas pelas incorporadoras para a
construção de edifícios maiores.
"Sem outorgas, é preciso comprar um terreno muito grande para fazer um
empreendimento, o que inviabiliza o processo, pois as áreas são cada vez
mais escassas e caras", diz Celso Amaral, diretor corporativo do
Geoimovel e da Amaral D'Avila Engenharia de Avaliações.
As cidades vizinhas a São Paulo ganham progressivamente participação no
total de lançamentos residenciais na Região Metropolitana. Em 2004, a
fatia era de 20%. Neste ano, chegou a 45%.
Barueri foi a cidade, excetuadando-se a capital, que mais lançou em 2012
até julho, impulsionada pelos empreendimentos de Alphaville. Em
seguida, aparecem Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos e
Osasco.
No ranking do mesmo período do ano passado, Barueri (Alphaville) estava em quinto lugar.
"Com a grande quantidade de prédios comerciais em Alphaville, mais
paulistanos passaram a trabalhar ali, mesmo morando na capital. Com a
piora do trânsito, muitas dessas pessoas têm preferido se mudar para
lá", diz Amaral, do Geoimovel.
Consultores ouvidos pela Folha destacam ainda o crescimento
econômico de outros municípios, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do
Campo, como fator de atração de residentes.
As três cidades ocupam, respectivamente, a 9ª, a 12ª e 13ª posições no
ranking das maiores do país em PIB (Produto Interno Bruto --leia mais na
pág. 4) do IBGE.
Na avaliação de Amaral, para que a capital volte a ganhar impulso nos
lançamentos, a próxima administração terá de rever as regras para
ocupação do solo.
"Demanda por residências ainda existe, mas as incorporadoras têm optado
por lançar mais no entorno da cidade. A oferta menor de novos pode
elevar o preço do imóvel usado," afirma.
Para Kleber Luiz Zanchim, professor de direito dos contratos do Insper, o
entrave à construção de prédios não é o único ponto sensível na
discussão sobre o zoneamento.
"São Paulo está à beira de um colapso. Precisamos de planejamento urbano
para decidir que tipo de cidade seremos daqui a alguns anos, em
moradia, mobilidade e segurança, por exemplo."
ESTUDOS
Procurada, a prefeitura informou, por e-mail, que estudos têm sido
feitos para subsidiar a possível revisão dos estoques de potencial
construtivo [outorgas onerosas].
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