quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Novos edifícios migram de São Paulo para cidades vizinhas



 A cidade de São Paulo deve lançar cerca de 30% menos imóveis residenciais neste ano do que em 2011, enquanto os demais municípios da região metropolitana, quase 40% mais. A estimativa é do Secovi-SP, sindicato que representa as construtoras.





No ano passado, São Paulo lançou pouco mais de 38 mil unidades. As 38 cidades do entorno, 29 mil.
O encarecimento dos terrenos na capital paulista e as restrições impostas ao tamanho dos edifícios dificultam os lançamentos, afirmam empresas e consultores.
"Nos vizinhos, há mais terrenos e menos entraves das leis de zoneamento", diz Flávio Prando, vice-presidente de habitação econômica do Secovi-SP.
Em vários bairros da capital, como Vila Leopoldina (zona oeste), Morumbi (zona oeste, divisa com a sul) e Mooca (zona leste), acabaram as outorgas onerosas, licenças adquiridas pelas incorporadoras para a construção de edifícios maiores.
"Sem outorgas, é preciso comprar um terreno muito grande para fazer um empreendimento, o que inviabiliza o processo, pois as áreas são cada vez mais escassas e caras", diz Celso Amaral, diretor corporativo do Geoimovel e da Amaral D'Avila Engenharia de Avaliações.
As cidades vizinhas a São Paulo ganham progressivamente participação no total de lançamentos residenciais na Região Metropolitana. Em 2004, a fatia era de 20%. Neste ano, chegou a 45%.
Barueri foi a cidade, excetuadando-se a capital, que mais lançou em 2012 até julho, impulsionada pelos empreendimentos de Alphaville. Em seguida, aparecem Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos e Osasco.
No ranking do mesmo período do ano passado, Barueri (Alphaville) estava em quinto lugar.
"Com a grande quantidade de prédios comerciais em Alphaville, mais paulistanos passaram a trabalhar ali, mesmo morando na capital. Com a piora do trânsito, muitas dessas pessoas têm preferido se mudar para lá", diz Amaral, do Geoimovel.
Consultores ouvidos pela Folha destacam ainda o crescimento econômico de outros municípios, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo, como fator de atração de residentes.
As três cidades ocupam, respectivamente, a 9ª, a 12ª e 13ª posições no ranking das maiores do país em PIB (Produto Interno Bruto --leia mais na pág. 4) do IBGE.
Na avaliação de Amaral, para que a capital volte a ganhar impulso nos lançamentos, a próxima administração terá de rever as regras para ocupação do solo.
"Demanda por residências ainda existe, mas as incorporadoras têm optado por lançar mais no entorno da cidade. A oferta menor de novos pode elevar o preço do imóvel usado," afirma.
Para Kleber Luiz Zanchim, professor de direito dos contratos do Insper, o entrave à construção de prédios não é o único ponto sensível na discussão sobre o zoneamento.
"São Paulo está à beira de um colapso. Precisamos de planejamento urbano para decidir que tipo de cidade seremos daqui a alguns anos, em moradia, mobilidade e segurança, por exemplo."
ESTUDOS
Procurada, a prefeitura informou, por e-mail, que estudos têm sido feitos para subsidiar a possível revisão dos estoques de potencial construtivo [outorgas onerosas]. 

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