Até maio deste ano, o governo gastou 29,7 bilhões de reais com empresas e pessoas físicas; veja as companhias privadas que ocupam o topo dessa lista
1. Embraer
A Embraer foi a companhia para quem o governo mais destinou dinheiro até maio deste ano. Ao todo, foram gastos 253 milhões de reais.
Quase 80% desse montante deve-se ao desenvolvimento de um cargueiro
tático militar de dez toneladas, previsto na Política Nacional de Defesa
da Aeronáutica - o desembolso foi feito pelo Ministério da Defesa no
início de março. Aquisição e modernização de aeronaves e manutenção dos
materiais aeronáuticos respondem pelo restante do dinheiro.
Ainda que ocupe o primeiro lugar da lista, a Embraer não tem a maior
parte da sua receita ligada aos pedidos do governo. No primeiro
trimestre do ano, quando a encomenda do cargueiro em questão já havia
sido feita, a receita líquida da empresa foi de 2 bilhões de reais. O
lucro líquido apresentado no mesmo período foi de 116,3 milhões.
2. Delta
Enrolada com as denúncias de envolvimento em esquemas de corrupção do contraventor Carlinhos Cachoeira, a Delta permanece como um dos principais nomes na lista de pagamentos do governo, tendo recebido 225 milhões de reais
até maio. Da construção e manutenção de diversos trechos rodoviários a
transposição do rio São Francisco e reforma do Maracanã, o dinheiro
público engordou o cofre da Delta em um sem-número de contratos - foram
quase 3.700.
Em grande parte deles, os valores não chegam a surpreender: muitos
ficam na casa de centenas ou poucos milhares de reais. Quando os milhões
entram em jogo, aparecem obras como a recuperação da BR-174, no
Amazonas, da BR-316, em Alagoas e da BR-163, no Paraná.
No começo de junho, a J&F, holding que controla o frigorífico JBS,
desistiu de comprar a construtora, alegando que a crise de confiança
sobre a empresa teria abalado negativamente suas finanças. Desde o dia
12 do mês passado a companhia está impedida de celebrar contratos com o
governo, depois de ter sido considerada inidônea pela Controladoria Geral da União.
3. Odebrecht
A Odebrecht ocupa a terceira posição da lista com uma receita de 215,1 milhões de reais
embolsados do governo. Se no caso da Delta, os pedidos do Ministério
dos Transportes foram os grandes responsáveis por avolumar o dinheiro
recebido, no da Odebrecht foi a Defesa quem respondeu por 99,9% da
bolada.
O dinheiro foi inteiramente destinado à construção de um estaleiro e
base naval para submarinos convencionais e nucleares, em Itaguaí, no Rio
de Janeiro. A Odebrecht ainda receberá mais pelo projeto da Marinha,
que tem custo total de 762 milhões de reais.
Maior construtora do Brasil, a Odebrecht conta com uma carteira de
obras de 34 bilhões de dólares. No balanço do primeiro trimestre, a
empresa atribuiu 6,3 bilhões de dólares a novos contratos, sendo a maior
parte deles firmada fora do país.
4. Novartis
Com 153,2 milhões de reais recebidos do governo, a fabricante de remédios Novartis
ganha o quarto lugar do ranking. Deste total, 148 milhões foram pagos à
empresa por produtos destinados ao Fundo Nacional da Saúde, que
administra os recursos do SUS (Sistema Único de Saúde). Outros recursos
dizem respeito a remédios entregues a hospitais de universidades
federais, ao Instituto Nacional do Câncer, além de hospitais da Marinha,
Aeronáutica e Exército.
No primeiro trimestre do ano, a Novartis faturou 13,7 bilhões de
dólares com suas operações em todo mundo, queda de 2% em relação ao
resultado obtido no mesmo período do ano anterior. Em comunicado ao
mercado, a empresa destaca o Brasil, China, Índia, Rússia, Coreia do Sul
e Turquia como seus seis maiores alvos no mundo emergente. Entre seus
medicamentos mais conhecidos pelo grande público estão a Ritalina,
utilizada pelos portadores de déficit de atenção e o antiinflamatório
Cataflam.
5. Abbott Laboratórios
Dentre as dez companhias que mais receberam do governo até maio, quatro
produzem remédios. A Abbott Laborátorios é a segunda delas, com 148,4 milhões de reais. Da mesma forma que a Novartis, a maior parte do pagamento vem do Fundo Nacional de Saúde, que gere os recursos do SUS.
Entre os hospitais universitários, cujos produtos são financiados pelo
Ministério da Educação, o maior cliente foi o Hospital das Clínicas da
UFPR (Universidade Federal do Paraná), com encomendas de 678.150 reais. A
americana Abbott comercializa produtos em mais de 130 países. Até
março, somou vendas globais de 9,4 bilhões de reais. No Brasil, a
empresa está presente desde 1937, emepregando atuais 1.400
funcionários.
6. Wyeth
Ao contrário de suas antecessoras, a produtora de remédios Wyeth só
recebeu dinheiro do Fundo Nacional de Saúde. Os recursos chegaram a 142,3 milhões de reais até maio.
A Wyeth foi comprada pela Pfizer por 68 bilhões de dólares, em 2009. No
ano anterior, quando ainda operava por conta própria, a Wyeth faturou
732,5 milhões de reais no Brasil, onde mantinha uma unidade em São
Paulo.
7. Octapharma
Última farmacêutica na lista das dez mais, a Octapharma faturou 139,4 milhões de reais
em pedidos feitos pelo governo. Todos foram feitos pelo Fundo Nacional
de Saúde. No total, foram firmados 28 contratos. O mais caro deles, de
18,1 milhões, faz referência à aquisição de mais de 50.000 frascos de
imunoglobulina humana, muito usada para terapia de reposição de
anticorpos.
A Octapharma é uma empresa suíça fundada em 1983. Com fábricas
localizadas na Europa e 37 subsidiárias oficiais, o grupo atua em 80
países. Seus produtos são voltados à hematologia, imunoterapia e
medicina de emergência.
8. Embratel
De janeiro a maio, a Embratel recebeu 132 milhões de reais
do governo. Entre os maiores clientes da empresa, estão a Coordenação
de Recursos Logísticos do Ministério das Comunicações, com gasto de 12,3
milhões, e a Coordenação de Contratos e Licitações do INSS, com 11,9
milhões. Grande parte das mais de 1.100 contas apresentadas por órgãos
federais no período custou bem menos do que isso.
Fundada em 1965 como uma estatal, a Embratel foi privatizada em 1998.
Hoje, a empresa oferta serviços de telefonia, internet e tv a cabo. No
último dia 5, a companhia anunciou a desistência do fechamento de capital da NET, optando por realizar uma oferta pública por alienação de controle da empresa.
9. Light
A Light, empresa de energia do Rio de Janeiro, recebeu 114 milhões
em dinheiro público até maio. Embora 3,3 milhões tenham sido pagos a
título de indenização e restituições, 87% da bolada provém do
fornecimento de energia em diferentes órgãos federais, passando por
hospitais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo Centro
Cultural Paço Imperial. A Brigada Infantaria Pára-quedista do Exército,
por exemplo, gastou quase 1 milhão de reais no período, valor semelhante
ao desembolsado pela subsdiária carioca da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC).
Em abril, a Light anunciou a intenção de investir 2,64 bilhões de reais até 2015.
Apesar da expansão e modernização da rede ser a sua principal
prioridade, a empresa não descarta novas aquisições. Em 2011, a Light
adquiriu o controle acionário da Renova e uma fatia no projeto de Belo
Monte.
10. Queiroz Galvão
Fechando o ranking, a Queiroz Galvão recebeu 103,6 milhões de reais
até maio, período disponibilizado pelo Portal da Transparência. Entre
as obras que fizeram a construtora engordar o cofre estão a adequação de
um trecho rodoviário na BR 060, entre Goiânia e Jataí, a construção de
um trecho na BR 448, no Rio Grande do Sul, e melhorias na BR 101 entre a
Bahia e Sergipe.
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