quarta-feira, 11 de julho de 2012

As 10 empresas privadas que têm mais negócios com o governo


Até maio deste ano, o governo gastou 29,7 bilhões de reais com empresas e pessoas físicas; veja as companhias privadas que ocupam o topo dessa lista

1. Embraer

A Embraer foi a companhia para quem o governo mais destinou dinheiro até maio deste ano. Ao todo, foram gastos 253 milhões de reais. Quase 80% desse montante deve-se ao desenvolvimento de um cargueiro tático militar de dez toneladas, previsto na Política Nacional de Defesa da Aeronáutica - o desembolso foi feito pelo Ministério da Defesa no início de março. Aquisição e modernização de aeronaves e manutenção dos materiais aeronáuticos respondem pelo restante do dinheiro. 
Ainda que ocupe o primeiro lugar da lista, a Embraer não tem a maior parte da sua receita ligada aos pedidos do governo. No primeiro trimestre do ano, quando a encomenda do cargueiro em questão já havia sido feita, a receita líquida da empresa foi de 2 bilhões de reais. O lucro líquido apresentado no mesmo período foi de 116,3 milhões.


2. Delta

Enrolada com as denúncias de envolvimento em esquemas de corrupção do contraventor Carlinhos Cachoeira, a Delta permanece como um dos principais nomes na lista de pagamentos do governo, tendo recebido 225 milhões de reais até maio. Da construção e manutenção de diversos trechos rodoviários a transposição do rio São Francisco e reforma do Maracanã, o dinheiro público engordou o cofre da Delta em um sem-número de contratos - foram quase 3.700.
Em grande parte deles, os valores não chegam a surpreender: muitos ficam na casa de centenas ou poucos milhares de reais. Quando os milhões entram em jogo, aparecem obras como a recuperação da BR-174, no Amazonas, da BR-316, em Alagoas e da BR-163, no Paraná.
No começo de junho, a J&F, holding que controla o frigorífico JBS, desistiu de comprar a construtora, alegando que a crise de confiança sobre a empresa teria abalado negativamente suas finanças. Desde o dia 12 do mês passado a companhia está impedida de celebrar contratos com o governo, depois de ter sido considerada inidônea pela Controladoria Geral da União.


3. Odebrecht

A Odebrecht ocupa a terceira posição da lista com uma receita de 215,1 milhões de reais embolsados do governo. Se no caso da Delta, os pedidos do Ministério dos Transportes foram os grandes responsáveis por avolumar o dinheiro recebido, no da Odebrecht foi a Defesa quem respondeu por 99,9% da bolada. 
O dinheiro foi inteiramente destinado à construção de um estaleiro e base naval para submarinos convencionais e nucleares, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. A Odebrecht ainda receberá mais pelo projeto da Marinha, que tem custo total de 762 milhões de reais. 
Maior construtora do Brasil, a Odebrecht conta com uma carteira de obras de 34 bilhões de dólares. No balanço do primeiro trimestre, a empresa atribuiu 6,3 bilhões de dólares a novos contratos, sendo a maior parte deles firmada fora do país.



4. Novartis

Com 153,2 milhões de reais recebidos do governo, a fabricante de remédios Novartis ganha o quarto lugar do ranking. Deste total, 148 milhões foram pagos à empresa por produtos destinados ao Fundo Nacional da Saúde, que administra os recursos do SUS (Sistema Único de Saúde). Outros recursos dizem respeito a remédios entregues a hospitais de universidades federais, ao Instituto Nacional do Câncer, além de hospitais da Marinha, Aeronáutica e Exército.
No primeiro trimestre do ano, a Novartis faturou 13,7 bilhões de dólares com suas operações em todo mundo, queda de 2% em relação ao resultado obtido no mesmo período do ano anterior. Em comunicado ao mercado, a empresa destaca o Brasil, China, Índia, Rússia, Coreia do Sul e Turquia como seus seis maiores alvos no mundo emergente. Entre seus medicamentos mais conhecidos pelo grande público estão a Ritalina, utilizada pelos portadores de déficit de atenção e o antiinflamatório Cataflam.


5. Abbott Laboratórios

Dentre as dez companhias que mais receberam do governo até maio, quatro produzem remédios. A Abbott Laborátorios é a segunda delas, com 148,4 milhões de reais. Da mesma forma que a Novartis, a maior parte do pagamento vem do Fundo Nacional de Saúde, que gere os recursos do SUS.
Entre os hospitais universitários, cujos produtos são financiados pelo Ministério da Educação, o maior cliente foi o Hospital das Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná), com encomendas de 678.150 reais. A americana Abbott comercializa produtos em mais de 130 países. Até março, somou vendas globais de 9,4 bilhões de reais. No Brasil, a empresa está presente desde 1937, emepregando atuais 1.400 funcionários. 

6. Wyeth

Ao contrário de suas antecessoras, a produtora de remédios Wyeth só recebeu dinheiro do Fundo Nacional de Saúde. Os recursos chegaram a 142,3 milhões de reais até maio. 
A Wyeth foi comprada pela Pfizer por 68 bilhões de dólares, em 2009. No ano anterior, quando ainda operava por conta própria, a Wyeth faturou 732,5 milhões de reais no Brasil, onde mantinha uma unidade em São Paulo. 


7. Octapharma

Última farmacêutica na lista das dez mais, a Octapharma faturou 139,4 milhões de reais em pedidos feitos pelo governo. Todos foram feitos pelo Fundo Nacional de Saúde. No total, foram firmados 28 contratos. O mais caro deles, de 18,1 milhões, faz referência à aquisição de mais de 50.000 frascos de imunoglobulina humana, muito usada para terapia de reposição de anticorpos.
A Octapharma é uma empresa suíça fundada em 1983. Com fábricas localizadas na Europa e 37 subsidiárias oficiais, o grupo atua em 80 países. Seus produtos são voltados à hematologia, imunoterapia e medicina de emergência. 



8. Embratel

De janeiro a maio, a Embratel recebeu 132 milhões de reais do governo. Entre os maiores clientes da empresa, estão a Coordenação de Recursos Logísticos do Ministério das Comunicações, com gasto de 12,3 milhões, e a Coordenação de Contratos e Licitações do INSS, com 11,9 milhões. Grande parte das mais de 1.100 contas apresentadas por órgãos federais no período custou bem menos do que isso. 
Fundada em 1965 como uma estatal, a Embratel foi privatizada em 1998. Hoje, a empresa oferta serviços de telefonia, internet e tv a cabo. No último dia 5, a companhia anunciou a desistência do fechamento de capital da NET, optando por realizar uma oferta pública por alienação de controle da empresa. 


9. Light

A Light, empresa de energia do Rio de Janeiro, recebeu 114 milhões em dinheiro público até maio. Embora 3,3 milhões tenham sido pagos a título de indenização e restituições, 87% da bolada provém do fornecimento de energia em diferentes órgãos federais, passando por hospitais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo Centro Cultural Paço Imperial. A Brigada Infantaria Pára-quedista do Exército, por exemplo, gastou quase 1 milhão de reais no período, valor semelhante ao desembolsado pela subsdiária carioca da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Em abril, a Light anunciou a intenção de investir 2,64 bilhões de reais até 2015. Apesar da expansão e modernização da rede ser a sua principal prioridade, a empresa não descarta novas aquisições. Em 2011, a Light adquiriu o controle acionário da Renova e uma fatia no projeto de Belo Monte.



10. Queiroz Galvão

Fechando o ranking, a Queiroz Galvão recebeu 103,6 milhões de reais até maio, período disponibilizado pelo Portal da Transparência. Entre as obras que fizeram a construtora engordar o cofre estão a adequação de um trecho rodoviário na BR 060, entre Goiânia e Jataí, a construção de um trecho na BR 448, no Rio Grande do Sul, e melhorias na BR 101 entre a Bahia e Sergipe. 








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