Rua da Consolação, centro de São Paulo. O movimento no último domingo
estava concentrado em um restaurante famoso. Na concessionária ao lado, o
bancário Edson Sanches, 38, encontrou apenas portas fechadas.
"Quero comprar um veículo familiar, e domingo é o dia mais fácil para
reunir a turma. Achei que a loja estaria aberta, vou tentar na outra
semana", disse Sanches, que estava acompanhado pela mulher e por dois
filhos.
Mateus Bruxel/Folhapress | |
Vendedor atende cliente em concessionária de carro em SP |
O bancário não conhecia as novas regras do setor. Desde 1º de janeiro
deste ano, as revendas de carros da capital, da Grande São Paulo e de
cidades como Osasco e Guarulhos fecham as portas em dois domingos por
mês, seguindo acordo trabalhista entre concessionários e funcionários.
As revendas funcionavam de domingo a domingo desde de o início dos anos
2000. No final de 2011, a pressão dos vendedores, que queriam folgas, se
intensificou, o que culminou no acordo.
NEGÓCIOS MANTIDOS
Passados três meses de implementação das folgas, não houve queda nas
vendas, segundo Octávio Leite Vallejo, presidente do Sincodiv-SP
(Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de São
Paulo).
Os números divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores) confirmam a informação do sindicato. No
primeiro bimestre de 2012, foram vendidos 488,6 mil carros de passeio e
comerciais em todo país -143,4 mil só no Estado de São Paulo. São
praticamente os mesmos números registrados em janeiro e fevereiro de
2011 (488,9 mil e 144 mil, respectivamente).
"A única coisa que vende bem no domingo é pizza. O resto tem boa saída
na segunda, na terça, na quarta...", diz Vallejo. Segundo o sindicato,
mais de 60% dos concessionários de São Paulo concordaram com o
fechamento em dois domingos.
ADAPTAÇÃO
Os fabricantes consultados também não esperam redução nas vendas. " A
abertura em todos os domingos beneficiava os clientes, que hoje têm uma
vida mais corrida. Eles terão de se adaptar, mas não deixarão de
comprar", avalia Gustavo Colossi, diretor de marketing da Chevrolet do
Brasil.
Para o advogado Gabriel Moura, 31, que pretende trocar de carro, o
funcionamento alternado aos domingos é uma péssima ideia. "Fechar um bom
negócio requer tempo. Não tenho oportunidade de fazer isso em dias
úteis".
Nenhum comentário:
Postar um comentário