Professores das principais escolas de negócio brasileiras comentam a relevância da obra e a importância do autor mais renomado do Marketing mundial
Leitura obrigatória
Nas principais instituições de ensino de Marketing, Kotler continua
sendo a principal referência bibliográfica oferecida aos estudantes. “Vi
a morte de Kotler ser decretada várias vezes e a verdade é que a
capacidade que ele tem de se manter relevante é invejável. Isso se dá
por que seus livros se propõem a atuar como se fossem uma enciclopédia
em Marketing, ou seja, eles não oferecem uma visão aprofundada dos
assuntos, mas sim uma passagem em ampla gama deles”, explica o professor
Eduardo Halpern, Coordenador do Ibmec.
A leitura ainda é vista como obrigatória para quem deseja aprender
Marketing por ser uma forma de despertar o primeiro interesse pelos
conceitos, permitindo conhecer um pouco sobre cada uma das
possibilidades de atuação que a disciplina oferece. “Kotler continua sim
sendo quase que uma leitura obrigatória para quem quer atuar em
Marketing. É difícil encontrar algum profissional da área que nunca
tenha tido contato com o que ele escreve, seja um livro ou um texto. Há
outros autores, mas todos são muito parecidos e, em algum momento,
acabam citando Kotler. Não há como fugir disso”, completa Eduardo
Halpern.
Outra particularidade de Kotler é que, apesar de se manter sempre
atualizado em seus conceitos, ele procura fugir dos modismos do
Marketing, se atentando ao clássico. Primeiro colocado na lista dos
livros mais vendidos desde o ano passado, Marketing 3.0 - As Forças que
Estão Definindo o Novo Marketing Centrado no Ser Humano é uma das provas
da capacidade de atualização do autor, que aborda o consumidor como
seres complexos e multifacetados.
Organização de conceitos
Além de ter sido o primeiro autor a ter o mérito de organizar os
conceitos do Marketing, Phillip Kotler foi também o primeiro a estender o
Marketing às atividades humanas, mostrando que ele poderia ser aplicado
não apenas para vender produtos, mas, também, para serviços, varejo,
lugares e pessoas. “Kotler não está ultrapassado. Ele tem uma vida
dedicada ao Marketing e quem quiser conhecer o assunto deve começar por
ele e depois aprofundar em suas áreas de interesse. É importante lembrar
que o fato de um profissional trabalhar há muitos anos em uma área não
significa, de forma alguma, que ele esteja desatualizado. É como música.
Quem quer aprender deve passar por Beethoven, por exemplo”, comenta o
professor Marcelo Pontes, Chefe do Departamento de Marketing da ESPM.
Há profissionais, no entanto, que creem que o próprio dinamismo do
Marketing acabe fazendo com que Kotler fique desatualizado em alguns
momentos e, por isso, a busca de outras fontes de informação é
fundamental. “Kotler é sim uma leitura obrigatória. É fundamental ler
seus livros por causa dos conceitos, mas apenas ele não se basta mais.
Há muita coisa que está defasada. O mercado é extremamente dinâmico e a
literatura impressa acaba se tornando obsoleta”, pondera Marcos Henrique
Facó, Superintendente de Marketing da Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Além da mudança contínua de mercado e do surgimento rápido de novos
conceitos, entram no mérito da discussão ainda o interesse da atual
geração pelas plataformas digitais e mobile. Apesar de atuarem
intensamente nessa área, grande parte dos profissionais acabam não
possuindo o embasamento teórico, seja por falta de bibliografias
disponíveis, seja por falta do hábito de leitura.
Essa mudança na tônica de atuação de alguns profissionais de Marketing
acaba fazendo com que eles não compreendam a fundo o comportamento do
consumidor e não colham os resultados esperados nas suas ações. “O
conselho que dou hoje é que, muito mais que ficar apenas preso à leitura
de Kotler, o profissional de Marketing seja um angustiado. Um eterno
buscador. É preciso ir atrás das informações em outras fontes. É
fundamental conhecer o consumidor. Mesmo que Kotler esteja defasado,
começar por ele é importante por que ali estão os fundamentos. A geração
atual está preocupada com o digital, mas não tem esse embasamento. Usa,
mas não sabe os por quês. Isso faz com que os resultados não sejam
alcançados ou que, talvez, eles nem saibam quais resultados esperar”,
afirma Marcos Facó.
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