A Ford apresenta nesta segunda e terça-feira (3 e 4) mais duas
variantes da nova geração do EcoSport, ambas montadas sobre as
configurações mais fortes e caras do "jipinho", equipadas sempre com
motor Duratec flex de 2 litros, com 146 cavalos de potência máxima (a
6.250 giros) e torque de 19,68 kgfm (a 4.250 giros) com etanol.
A
primeira derivação já está lojas e responde pelo nome de Powershift,
alcunha da transmissão automatizada de seis marchas e dupla embreagem da
Ford, que substitui o câmbio automático padrão utilizado na geração
anterior. A outra é a 4WD, com tração nas quatro rodas e câmbio manual
(atenção, vamos repetir: manual) de seis marchas, que só chega ao mercado na segunda quinzena de janeiro de 2013.
Os detalhes e preços das novas versões são os seguintes:
- Ford EcoSport 2.0 Powershift SE: R$ 63.390
Além do câmbio automatizado de seis marchas e dupla embreagem (uma
aciona as marchas ímpares, outra as marchas pares, com trocas em 0,2
segundo), traz o pacote tradicional da versão 2.0 SE
com ar-condicionado, direção elétrica, vidros, travas e espelhos
elétricos e volante com regulagem de profundidade e altura, airbag
duplo, freios com ABS (antiblocante), assistência de frenagem de
emergência e de partida em rampa, AdvanceTrac (controle de estabilidade e
tração), faróis de neblina e rack de teto, Sync (comandos de voz para
configurações, entretenimento e telefonia com Bluetooth), entre outros.
- Ford EcoSport 2.0 Powershift Titanium: R$ 70.890
Adiciona ao pacote anterior grade cromada, rodas de liga leve aro 16,
ar com comando digital, acesso e partida sem chave, sensores de chuva,
dos faróis, do retrovisor interno (antiofuscante) e de estacionamento.
- Ford EcoSport 2.0 Powershift Titanium +: R$ 74.590
Complementado por airbags laterais e de cortina e bancos de couro.
- Ford EcoSport 2.0 FreeStyle 4WD: R$ 66.090
Com tração integral e comando de reforço da tração traseira (ITCC) e
suspensão traseira independente, traz ainda o pacote visual da versão
FreeStyle, ar, rodas de liga leve de 16 polegadas, direção elétrica,
trio elétrico, sensor de estacionamento, sistema de comando por voz
Sync, airbag duplo, freios com ABS, controles de estabilidade, tração e
de partida em rampa.
- Ford EcoSport 2.0 FreeStyle 4WD +: R$ 69.790
Acrescenta bancos revestidos de couro e airbags laterais e de cortina ao pacote anterior.
A Ford evitou divulgar previsões absolutas de vendas, mas deixou
escapar a expectativa de que as vendas do EcoSport com motor 2.0,
reforçadas pelas novas opções, representem de 30% a 40% das entregas da
nova geração. Dentro deste universo particular, o da configuração mais
forte, o EcoSport 4WD isoladamente deverá manter o patamar de 10% dos
emplacamentos.
NOVO PADRÃO
- No detalhe, alavanca do câmbio Powershift (seis velocidades, dupla embreagem) do EcoSport
Sem diferenças facilmente perceptíveis a olho nu -- o EcoSport parece
ser sempre igual em toda e qualquer configuração que chegue a mercado
--, mas com um bom reforço sob o capô, as duas novas versões chegam para
reforçar o discurso do marketing da fábrica sobre "agregar valor e
oferecer mais conforto ao público que procura os pacotes mais completas
do produto". E também para mostrar as entrelinhas do plano de ação da
Ford.
Na prática, elas esboçam um novo patamar para modelos
compactos nacionais, que finalmente passam a contar com equipamentos
mais sofisticados. O movimento iniciado pela Chevrolet com seu Onix com
câmbio automático de seis marchas e tela multimídia sensível ao toque (leia nossa avaliação aqui) e pela Renault, também com telas inteligentes na linha derivada da Dacia (Logan e Sandero, que passam a ter o sistema MediaNav visto no Duster), deve se alastrar a partir de agora.
No caso da Ford, essa expectativa já era alardeada desde o último ano:
até 2015, a Ford deve exibir uma linha renovada, tanto na aparência dos
modelos, quanto no nível de equipamentos, ainda que isso implique num
preço mais alto. A renovação de EcoSport e do Fusion iniciou esta
mudança. O próximo passo vem agora, com a estreia destas transmissões
(com seis marchas, uma manual, outra automatizada com dupla embreagem)
num modelo compacto, caso do EcoSport. Em 2013, este mesmo conjunto fará
parte da lista de equipamentos do New Fiesta reestilizado, mostrado no
Salão do Automóvel de São Paulo (não viu? Clique aqui e confira) e que deixará de ser importado do México para ser fabricado no Brasil.
Fica a torcida para que, dentro de alguns anos, a oferta de
equipamentos desse nível deixe de ser um diferencial, condição
fundamental para que os preços finalmente comecem a cair.
COMO ANDAM ECOSPORT POWERSHIFT E ECOSPORT 4WD
- EcoSport "traçado" mantém nome 4WD, agora com sistema oriundo do americano Escape
UOL Carros
percorreu um trajeto de cerca de 100 quilômetros entre a cidade de São
Paulo e Itatiba, na região de Campinas, a bordo do EcoSport Powershift,
equipado com o novo câmbio automatizado de dupla embreagem, ora no
comando do volante, ora como passageiro. Em Itatiba, foi a vez de testar
o novo EcoSport 4WD num rápido circuito off-road, montado na
propriedade de um hotel-fazenda local.
Assim como mudam quase
nada o exterior, as novas configurações também mexem pouco no interior
do EcoSport, que segue tendo mais problemas de acabamento -- com
encaixes desalinhados, excesso de rebarbas nos plásticos duros do
painel e das portas e uma tela central cheia de recursos, mas muito
difícil de enxergar -- do que seria de se esperar. Se por um lado a
impressão é negativa, torna-se necessário dizer que o Eco segue acima do
padrão do segmento (leia-se Duster). Pouco, mas acima.
O grande
predicado do SUV é, de fato, a dirigibilidade extremamente acertada e,
agora, a oferta de recursos até então disponíveis apenas em veículos de
luxo. Este é um achado tão grande no segmento, que leva a Ford a
exagerar e relacionar modelos díspares como rivais do EcoSport
Powershift. Citou-se da finada Chevrolet Meriva Easytronic, monovolume
que nunca sonhou em encarar os SUVs de entrada, ao coreano Hyundai ix35,
maior e mais caro, mas equipado com motor 2.0 flex. O certo é que a
chegada do câmbio Powershift ao EcoSport dá uma amostra do que poderemos
ver no futuro no segmento de compactos.
Esqueça, a noção da dupla embreagem associada ao alto desempenho, com
pegada esportiva -- estilo propagado pelas marcas europeias, como
Volkswagen, Mercedes-Benz e Ferrari, entre outras. No andar inferior, o
sistema chega com a mesma proposta dos automáticos -- poupar o motorista
da troca incessante de marchas no tráfego pesado -- com o bônus de
consumir menos combustível.
A Ford diz que o sistema utilizado
no EcoSport é até 20 quilos mais leve que qualquer caixa automática do
mesmo porte, ao mesmo tempo em que faz trocas em até 1/3 do tempo
destas. Na pista, o que se percebe é que praticamente não há trancos
entre as trocas. A eletrônica presente também ajuda o motorista em
situações antes impensadas: em situações de manobra, o sistema "entende"
a velocidade menor, o esterçamento mais constante e maior uso do pedal
de freio e dispara o modo "Creep", que reduz a oferta de torque,
deixando o SUV mais domável; em outra situação, quando se pisa no freio
na aproximação de um cruzamento com o semáforo fechado, por exemplo, o
sistema desacopla as embreagens, para reduzir o consumo.
A
promessa da Ford é de gasto de um litro de etanol para cada 6,7
quilômetros rodados na cidade, chegando a 8 km/l na estrada. Este último
foi exatamente o consumo obtido durante nosso teste. A marca renderá a
nota A (a melhor) na lista de 2013 do Programa de Etiquetagem do
Inmetro, ainda não divulgado oficialmente. Vale dizer que a geração
antiga do EcoSport tinha nota E (a pior) para a versão 2.0 automática
(câmbio de quatro marchas). Além disso, a marca promete um sistema
robusto, projetado para durar até dez anos ou 240 mil quilômetros "livre
de manutenção".
ESCUTA ISSO
Mas,
contrariando tudo o que já vimos em termos de câmbio de dupla embreagem,
há muito, muito barulho. É difícil manter uma conversa civilizada com
outros ocupantes da cabine. Mais difícil ainda é saber se o ruído em
níveis desagradáveis se deve apenas ao mau isolamento acústico da cabine
ou também ao descompasso do novo sistema com o antiquado motor Duratec.
O fato é que o sistema não conseguiu impedir trocas de marchas acima de
4 mil ou 5 mil rotações, faixa na qual os berros do motor são
inevitáveis.
TRAÇANDO TUDO
Mais tranquila,
curiosamente, é a vida a bordo do novo EcoSport 4WD "importa" do
americano Escape seu sistema de tração permanente. O sistema analisa o
modo de condução do motorista e as condições do terreno 60 vezes a cada
segundo para definir quanto do torque deve ser enviado às rodas
dianteiras e traseiras. Na base do painel, à frente do câmbio, o botão
4WD surge para ser acionado quando se precisa reforçar a performance em
terrenos mais complicados: habilitado, envia mais tração para as rodas
traseiras.
O grande trunfo da versão, porém, está na suspensão
traseira independente, que já existia no Eco 4WD da geração anterior,
bem como nos pedais mais baixos e com curso melhor do que os utilizados
no Eco Powershift.
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