Lançamento da Kawasaki chega para tentar superar a líder Honda.
Ter uma moto esportiva ainda pode ser um sonho distante para muitas
pessoas, com modelos de alta cilindrada top de linha custando acima de
R$ 50 mil. No entanto, a chegada das chamadas pequenas esportivas tornou
o segmento mais acessível. Uma das pioneiras deste nicho no Brasil, a Kawasaki Ninja 250R acaba de evoluir para Ninja 300, apresentada em meados de novembro e que chega às lojas neste mês, a partir de R$ 17.990. O G1 comparou o modelo com sua principal rival, a Honda CBR 250R, que custa R$ 16.490 na versão standard.
A Honda também foi lançada no país este ano, em maio, e já lidera as
vendas deste nicho. Ambas possuem o mesmo estilo, porém, seguem caminhos
opostos. Ninja e CBR 250R partem do conceito de contar com visual
esportivo, similar ao das grandes “sport” das respectivas marcas, como
Ninja ZX-10R e CBR 1000 RR.
Mas, a partir daí, os projetos são bem diferentes. Enquanto a Honda
busca versatilidade, a Ninjinha, modo como a moto da Kawasaki é
habitualmente chamada no Brasil, possui pegada mais “racing”.
Esta já era uma das principais características da versão anterior da
Ninja, que a Kawasaki manterá em vendas até junho de 2013, por R$ 13.990
– antes o valor cobrado era de R$ 15.550, mas as aptidões esportivas
ficaram ainda mais latentes na 300. Além de visual totalmente novo, ela
traz motor mais potente e adventos técnicos, como embreagem assistida e
deslizante, que evita que a roda traseira derrape em reduções de marchas
bruscas.
Honda CBR 250R e Kawasaki Ninja 300
(Foto: Rafael Munhoz/G1)
Tanto a Ninja quanto a rival possuem freios ABS como opcional, sendo
que, na primeira, o item eleva o preço para R$ 19.990, enquanto a moto
da Honda com este dispositivo sai por R$ 18.990. Segundo a Federação
Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), a CBR
250R vende cerca de 600 unidades/mês, enquanto a Ninja 250R, antiga
best-seller deste nicho no Brasil, emplaca uma média de 250 unidades por
mês em 2012.
Ainda correm por fora nesta disputa a Kasinski Comet GT 250R (R$ 14.990) e a Dafra Roadwin 250
(R$ 11.490), que não trazem ABS nem como opcional e apresentam vendas
mais tímidas. Enquanto a Kasinski é a que está há mais tempo no mercado
brasileiro, com média de 200 unidades/mês, a Roadwin, produzida pela
sul-coreana Daelin, também chegou ao Brasil em 2012, e ainda não aparece
no ranking da Fenabrave.
Motores diferentes
O local escolhido para avaliar CBR 250R e Ninja 300, ambas nas versões
sem ABS, foi um circuito fechado, em Piracicaba, no interior de São
Paulo. Com subidas e descidas, curvas de alta e de baixa velocidade, o
terreno foi ideal para notar os distintos funcionamentos dos motores. A
principal diferença entre os modelos vem exatamente daí: enquanto a CBR
utiliza um motor monocilíndrico (1 pistão), a Ninjinha é equipada com
propulsor bicilíndrico (2 pistões).
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Ambos são 4 tempos equipados com refrigeração líquida e injeção
eletrônica. A Honda prioriza a força em baixas rotações, com 26,4
cavalos de potência e 2,34 kgm de torque, enquanto a Kawasaki “fala
mais” em altas rotações, gerando 39 cv e 2,8 kgfm de torque – veja
detalhes nas fichas técnicas.
Na prática, a nova geração da Ninja ganhou importantes pontos em rendimento, comparada à sua antecessora.
O novo motor de 296 cm³ da Ninja 300 rende 39 cavalos de potência,
antes eram 33 cv na Ninja 250R. Apesar da cavalaria ter crescido, o
ganho mais sentido na pista foi o torque maior; a Ninja 250R tinha 2,24
kgfm de torque, enquanto o novo modelo apresenta 2,8 kgfm. Com este
advento, houve melhoria no desempenho em baixos e médios giros, uma das
principais reclamações dos antigos usuários.
Mesmo melhorando neste sentido, a vivacidade do motor ainda é nos altos
giros. Em contrapartida, o “mono” da CBR garante mais tração em baixas
rotações, além de não pedir trocas de marchas a todo instante, como
ocorre na Ninjinha . Porém, à medida que a aceleração e velocidade
aumentam, a Kawasaki mostra mais energia.
O bicilíndrico da Ninjinha é mais linear e muito divertido e, apesar de
exigir mais habilidade do motociclista, que tem de manter sempre os
giros lá em cima, traz mais emoção, especialmente na pista. A suavidade
do motor permitiu à Kawasaki retirar as borrachas das pedaleiras que
existiam na Ninja 250R, deixando-a mais invocada.
Já a Honda tem pedaleiras emborrachadas e seu motor vibra mais, além de
perder rendimento em altas rotações. Nitidamente, ele tem como
prioridade um consumo mais baixo de combustível, o que deve compensar o
tanque menor da Honda (13 litros) frente ao da Kawasaki (17 litros).
Apesar de as marcas não divulgarem a média de consumo, é possível supor
mais economia de combustível na CBR, já que a Ninja faz você ter que (e
querer) acelerar mais para utilizar melhor o motor. Para evitar um
gasto exagerado de combustível, a Ninjinha apresenta no painel um sinal
de aviso “ECO”, que indica ao piloto quando está com o motor em uma
faixa de rotações mais econômica.
Honda CBR 250R e Kawasaki Ninja 300
(Foto: Rafael Munhoz/G1)
Conjuntos acertados
Tirando as diferenças de conceito e funcionamento dos motores, as motos
têm comportamentos mais próximos no restante dos quesitos. Ambas tem
comportamento bem sólido, com chassis adequados às pretensões, mas
sempre com a Ninja buscando mais esportividade, enquanto a CBR 250R é
mais versátil. Apesar de serem motos de entrada, contam com dispositivos
antes encontrados apenas em motos maiores.
Freios ABS são opcionais em ambas, mas a Honda tem o sistema de
frenagem combinada que reparte a força entre o os eixos dianteiro e
traseiro. As motos avaliadas não tinham o dispositivo, mas o G1 já rodou com a CBR 250R C-ABS e avaliou que o sistema funciona bem e, mesmo em frenagens mais bruscas, não deixa as rodas travarem e mantém a moto estável.
Em relação ao conjunto de freios, as motos têm pacotes similares e
efetivos, com discos simples na dianteira e na traseira. Tanto na Ninja
como na CBR, estão bem dimensionados para as motos. No entanto, foi
notado um pouco mais de contundência no equipamento da Kawasaki, que, em
vez de discos redondos, conta com os do tipo “margarida” – os recortes
os deixam mais leves.
Kawasaki Ninja 300 (Foto: Rafael Munhoz/G1)
Ainda sobre as reduções de velocidade, a embreagem deslizante da Ninja
minimiza o freio motor e evita que a roda traseira trave. Na pista, a
efetividade do sistema ficou nítida: enquanto na Kawasaki era possível
fazer as reduções de marchas sem se preocupar nos finais de reta, com a
Honda era necessário ter mais cuidado. A embreagem assistida, sistema
hidráulico que deixa seu acionamento 25% mais leve, informa a Kawasaki,
tem bom efeito, mas o acionamento na Honda também é bastante macio.
No caso das suspensões, a Honda mostrou mais conforto ao passar por
pisos irregulares, ao passo que a Ninjinha tem firmeza extra para curvas
mais velozes. Em parte, isso ocorre pelo curso da suspensão dianteira
da CBR, que é mais longo que o da rival.
Honda CBR 250R (Foto: Rafael Munhoz/G1)
Comparada à geração anterior, houve uma melhora na Kawasaki, que se
mostrou mais aprazível na condução em trechos esburacados. Além da
suspensão mais agradáveis, a Honda também leva sutil vantagem, em termos
de ergonomia. Braços e pernas ficam mais relaxados, quando se está
conduzindo a CBR 250R.
Já a Ninja 300 manteve-se praticamente inalterada em relação à da sua
antecessora: nela, o piloto fica em posicionamento mais agressivo. A 300
faz você cansar mais rápido, mas está longe do desconforto de uma
superesportiva.
Divertidas, porém caras
Na pista de testes foi possível comprovar que os dois modelos realmente
atendem à proposta de serem motos esportivas de entrada. Elas possuem
visual agradável e chamativo, e podem ser confundidas com motos de maior
cilindrada, principalmente a Ninja 300. O acabamento é justo e, apesar
da pretensão de superesportivas, também simples. Ao olhar os comandos
nos punhos fica claro que falamos de motos de entrada.
Ajustes para manetes de embreagem e freio dianteiro não estão presentes
nos modelos, o que deixa um pouco a desejar por suas aspirações
“racing”, porém, vale ressaltar que a regulagem padrão é boa. Cada uma à
sua maneira, ambas as motos garantem boa diversão ao piloto, mas estão
caras, principalmente a Ninjinha. No entanto, se beneficiam da falta de
opções de motos de média cilindrada no país na faixa entre R$ 13 mil e
R$ 20 mil.
No momento, a Ninja 300 é montada em Manaus, na fábrica da Kawasaki, e
suas peças chegam da Tailândia. O país asiático é o mesmo local de
origem da CBR, porém, o modelo já vem montado de lá. Durante seu
lançamento, a Honda não escondeu que pode nacionalizar a CBR 250R. Isso
poderia trazer mais competividade e menor preço ao produto, que acaba de aumentar em R$ 1 mil na versão standard. Uma possível CBR mais barata talvez obrigue a Ninja a ter seu preço reduzido.
Apesar de a Kawasaki não confirmar, quando os estoques da Ninja 250R se
esgotarem, existe a possibilidade de a 300 ficar mais barata, já que
enquanto elas coexistem preços mais próximos poderiam gerar
“canibalização”.
Como é tradicional em sua linha, a representante da Honda tem
comportamento mais contido e sua versatilidade é superior a da Ninja.
Para ser a moto do dia a dia tem um custo benefício-melhor e é ideal
para motociclistas mais novatos.
No entanto, em questão de desempenho a Kawasaki Ninja 300 bate a rival e
a cavalaria extra do motor faz toda a diferença. A presença do
slipper-clutch, ou embreagem deslizante, a faz estar em um nível a cima.
Na cidade o dispositivo pode não fazer diferença, mas para uma
pilotagem mais radical é uma boa pedida. Apesar de cara, pode ser a
porta de entrada para o mundo das esportivas e supera a Honda no
comparativo.
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Honda CBR 250R e Kawasaki Ninja 300 (Foto: Rafael Munhoz/G1)
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