Conar atende reclamação de dentistas e do conselho da categoria, que se sentiram ofendidos por comercial bem-humorado da cerveja
Em reunião realizada na quarta-feira, 22, o Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu pela sustação do
comercial “Pé no feriado, Skol na mão – Dentista”, em que um
profissional da área aparece tratando um canal enquanto seus pés
coordenam uma churrasqueira improvisada dentro do consultório. Apesar de
alegar ter usado o bom-humor típico dos comerciais da marca, a entidade
foi favorável à reclamação de 27 cirurgiões dentistas que se sentiram
ridicularizados – houve reclamação do Conselho Federal de Odontologia,
que identificou tom “denegritório” da categoria. Assista abaixo.
Na mesma reunião, a Tim foi punida por não ser clara o suficiente
sobre as limitações de seus serviços em anúncio da campanha “Tim
Infinity Pré sem pegadinha”. Como parte das infrações já havia sido
detectada – e alterações, sugeridas – em processo semelhante em 2011, o
relator do processo sugeriu advertência ao anunciante e obteve aprovação
unânime pelos conselheiros do Conar.
Já a Reckitt Benckiser
travou discussão iminentemente técnica com a Unilever a respeito do
poder de tirar manchas de Vanish Poder O2. O produto da Reckitt teve
campanha questionada pela concorrente, que apresentou pesquisas que
mostravam que Omo Multiação era capaz de retirar manchas difíceis sem a
atuação de um produto como Vanish – desconstruindo a tese apresentada em
comercial. O Conar decidiu em favor da Unilever, pedindo alteração da
campanha do produto da Reckitt Benckiser.
Artilharia
Um dos casos mais curiosos envolve um
anúncio da cerveja Kalena na revista Sexy. Na interpretação do Conar,
autor da ação contra a marca, a peça (imagem acima) criada pela BZ
Propaganda poderia estimular o consumo excessivo de bebida alcoólica. O
anunciante negou a prática, mas o relator levou em conta o artigo 17 do
código de autorregulamentação publicitária.
Segundo a norma,
“um anúncio deve ser julgado em função do impacto provável que ele terá
junto ao consumidor médio”, não devendo exigir grau complexo de
interpretação. Além disso, o aviso obrigatório pelo consumo responsável
não atende aos padrões exigidos pela lei. Com isso, o relator manteve a
acusação e o voto pela sustação foi aprovado por unanimidade.
Ainda foram afetados por decisões do órgão a Hope, pela campanha “bonita
por natureza”; a farmacêutica Melcon (acionada pela Hypermarcas, dona
da Neoquimica, por afirmar que vendia o primeiro genérico da pílula do
dia seguinte – o que foi comprovado inverídico); e a Citroën Peugeot,
que teve de alterar anúncio impresso para deixar mais claro que o preço
do modelo 308 incluía frete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário