Falhas podem expor automóveis a vírus de computador letais, diz McAfee.
Uma equipe de hackers está trabalhando para a divisão de segurança da
Intel em uma garagem da costa oeste dos Estados Unidos, em busca de
vulnerabilidades eletrônicas que poderiam expor automóveis a vírus de
computador letais.
A divisão McAfee da Intel, mais conhecida por softwares antivírus, é
uma das empresas que buscam proteger as dezenas de pequenos computadores
e sistemas de comunicação eletrônica que fazem parte de todos os
automóveis modernos.
É um problema assustador. Os especialistas em segurança afirmam que as
montadoras de automóveis até o momento não vêm protegendo adequadamente
os seus sistemas, o que os deixa vulneráveis a ataques por hackers
interessados em roubar carros, ouvir conversas clandestinamente ou até
prejudicar ocupantes causando colisões.
"É certamente possível matar pessoas", diz John Bumgarner,
vice-presidente de tecnologia da U.S. Cyber Consequences Unit, uma
organização sem fins lucrativos que ajuda empresas a analisar o
potencial de ataques dirigidos a suas redes e produtos de computação.
Até o momento não houve informação de ataques violentos a automóveis
usando vírus de computador, de acordo com a SAE International, uma
associação de mais de 128 mil profissionais técnicos nos setores
automotivo e aerospacial.
No entanto, Alan Hall, porta-voz da Ford, informou que sua empresa
havia encarregado seus engenheiros de segurança de tornar o sistema Sync
de comunicação e entretenimento o mais resistente possível a quaisquer
ataques.
Preocupações quanto a possibilidades como essa emergiram depois que um
grupo de cientistas da computação das universidades da Califórnia e de
Washington publicou dois importantes estudos que demonstravam que vírus
de computador podem infectar carros e causar colisões, potencialmente
ferindo passageiros.
Eles não informaram que montadoras fabricaram os carros estudados, mas
afirmaram que as questões afetavam todo o setor, apontando que muitas
montadoras de automóveis utilizam fornecedores e processos de
desenvolvimento comuns.
Os pesquisadores descobriram que é possível infectar veículos por meio
de CDs. Quando a vítima desprevenida tenta ouvir o CD, este infecta o
sistema de som do carro e percorre o restante da rede até infectar
componentes mais críticos.
Por exemplo, eles descobriram uma combinação de ataque chamada
"autodestruição". Ele começa quando uma contagem regressiva de 60
segundos surge no painel digital do veículo. Quando atinge zero, o vírus
pode simultaneamente desligar os faróis, travar as portas, parar o
motor e liberar ou acionar os freios do carro.
Além de descobrirem a técnica para ferir os ocupantes dos veículos
infectados, os acadêmicos puderam remotamente escutar as conversas
dentro dos carros, um método que pode ser utilizado por espiões
industriais ou de governo.
Porta de diagnóstivo
O grupo de pesquisa se desfez depois de publicar dois artigos técnicos,
em maio de 2010 e agosto de 2011. Os estudos descrevem múltiplos tipos
de ataques e maneiras de infectar carros por meio de sistema Bluetooth
de transmissão de dados sem fio, redes de telefonia móvel, bem como pela
porta de diagnóstico dos veículos, chamada OnBoard Diagnostics port,
conhecida também como OBD-II port.
A SAE International encarregou uma comissão formada por mais de 40
especialistas da indústria para elaborar formas de prevenção, detecção e
mitigação de ataques eletrônicos contra veículos.
Bruce Snell, um executivo da McAfee que supervisiona a pesquisa da
empresa sobre segurança, afirmou que as montadoras estão preocupadas
sobres potenciais ataques eletrônicos por causa das consequências
assustadoras.
"Se seu laptop trava, você pode ter um dia ruim de trabalho, mas se seu
carro trava, isso pode ameaçar sua vida", disse ele. "Não acho que as
pessoas precisem entrar em pânico agora. Mas o futuro é realmente
assustador."
Uma porta-voz da McAfee afirmou que entre os hackers que analisaram
carros está Barnaby Jack, um conhecido pesquisador que anteriormente
descobriu maneiras pelas quais criminosos poderiam forçar caixas
eletrônicos a liberar dinheiro e fazer com que equipamentos médicos
dispersem doses letais de insulina. Os fabricantes destes produtos
responderam afirmando que vão melhorar a segurança dos equipamentos.
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