Pesquisa aponta para o perfil de consumidor “mais por menos”, aquele que exige bons serviços no varejo, valores mais baixos nos produtos e está ciente das marcas que deseja
O consumidor de Classe C está cada vez mais exigente com relação ao atendimento
que recebe no varejo e mais consciente quanto às marcas que deseja. Em
contrapartida, apesar de apresentar uma renda maior, ainda apresenta uma
cultura conservadora com relação aos preços e prefere pesquisar nas
lojas físicas.
Especialistas já classificam o consumidor emergente como “mais por menos”, ou seja, aquele que possui condições de compra,
exige mais do atendimento, melhores serviços e quer pagar menos por
isso. Esse é o perfil traçado pela pesquisa “Classes em movimento: O
consumidor mais por menos redefine o varejo”, apresentado pela
consultoria Gouvêa de Souza durante o 15º Fórum de Varejo da América
Latina.
O estudo ouviu 360 pessoas que migraram de classe social nos últimos
cinco anos em São Paulo e mostra que, apesar de ter tido um acréscimo em
sua renda, essa parcela da população traz a chamada herança do preço
baixo. Para 91% dos entrevistados, o valor dos produtos foi apontado
como principal atributo na decisão de compra. “Foi um consumidor que
cresceu e amadureceu dentro de um contexto de contenção. Hoje ele possui
uma condição de compra melhor, mas não abandonou o valor que dá ao
preço”, explica o Sócio Sênior da GS&MD, Luiz Goes, em entrevista ao
Mundo do Marketing
Adaptação do Varejo
Esse perfil vem ditando o comportamento do varejo, que precisa se
adaptar para oferecer bons serviços, atendimento de qualidade aliado ao
preço competitivo. A pesquisa aponta que, entre os consumidores “mais
por menos”, 66% não abandonaram as lojas nas quais estavam acostumados a
comprar
no passado. Dos que mudaram, os principais motivos foram, em primeiro
lugar, a qualidade do atendimento seguida pela alta nos preços. “Isso
mostra que muitas lojas se aproveitaram dessa condição de aumento da
renda para subir os preços. Isso fez com que muitas perdessem esses
clientes”, conta Luiz Goes.
Outra mudança apontada pela pesquisa diz respeito à forma como esse
consumidor busca pelos produtos nas lojas. Enquanto antes o maior peso
era dado para o relacionamento com o estabelecimento e ofertas
de crédito, hoje, a principal busca é pelas marcas. Entre os
pesquisados, 61% apontaram a marca como ponto fundamental na escolha de
um produto. Já as formas de pagamento foram citadas por 39% das pessoas.
A pesquisa também levantou que a casa é o epicentro do convívio das
famílias do consumidor Mais por Menos e o comportamento dita o consumo
no varejo. Entre os principais serviços contratados nos últimos dois
anos aparecem, em primeiro lugar, TV por assinatura (32%) e, em
terceiro, Internet (28%). Em segundo lugar, estão os celulares pré-pagos
(30%) que não são associados diretamente à casa.
Do total, 49,5% dizem passar o tempo com a família em casa, 40%
assistem TV/filmes em casa, e a média cai para 29% quando falamos em
sair com amigos ou namorado. “Tudo gira em torno da casa, que é o local
preferido para gastar as horas de lazer. Eles preferem ficar assistindo a
um filme com a família ou convidar os amigos. Por isso houve uma
explosão grande nas vendas de eletroeletrônicos nos últimos anos. A casa
é tão importante que esse consumidor deseja ver na loja física o
reflexo do aconchego da casa”, afirma Goes.
Aspirações futuras
Com relação às aspirações para o futuro, a casa também está nos
principais planos dessa parcela da população. O grande sonho de consumo
da classe emergente é um imóvel novo, maior ou melhor localizado,
questão apontada por 45% dos homens e 40% das mulheres. Em segundo lugar
na lista de desejos vem o carro, com 32% e educação, com 27%.
A educação aparece nas citações como uma forma de buscar uma melhor
remuneração e, consequentemente, melhores condições de vida. “As pessoas
buscam a educação como forma de conseguir um emprego melhor e ganhar
mais. O estudo não é uma finalidade, mas um meio. Uma forma de galgar
socialmente. São pontos que estão impactando e vão impactar as marcas e
os produtos daqui para a frente”, conta o Sócio Sênior da GS&MD.
O estudo mostra que as marcas precisam, cada vez mais, estar atentas ao
atendimento nas lojas físicas, já que o consumidor Mais por Menos não
possui a cultura de comprar por meio do e-commerce. Entre os ouvidos,
55% não se veem comprando pela internet no futuro. “Esse é um desafio
que as marcas têm de inserir esse consumidor dentro do universo do
e-commerce. Entre os fatores principais para este impedimento está uma
barreira mundial que é a questão de inserir os seus dados bancários ou
de cartão na rede. O segundo motivo alegado foi a falta do acesso à
internet”, diz Goes.
Para se adaptar a essa tendência de consumo, o varejo precisa entender o
novo perfil de consumidor, investindo em melhores ofertas de preço e em
um atendimento de qualidade. “Esses são aspectos que precisam ser
incorporados no dia a dia do varejo. Não dá mais para continuar
atendendo do mesmo jeito e as marcas precisam compreender isso”, explica
Luis Goes.
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