Antes presa ao aluguel, a classe média ascendente hoje tem mais poder
de compra no mercado imobiliário graças a fatores como o barateamento
do crédito e o aumento de renda da população brasileira. E, nem de
longe, esses consumidores se contentam com pouco.
Os itens de lazer, tradicionalmente peças de edifícios residenciais
de padrão um pouco mais elevado, têm figurado em condomínios da linha
econômica. “Essa classe média deseja ter qualidade de vida”, diz o
diretor comercial e de marketing da MZM Construtora, Helio Korehisa. A
empresa acaba de realizar uma pesquisa sobre suas ofertas online de
imóveis e constatou que 719 entre mil visitas foram motivadas pelos
itens de conforto e lazer dos lançamentos.
Como o preço final dos imóveis não pode estar fora do orçamento
familiar dos compradores, a MZM procura adotar medidas para controlar os
custos finais dos produtos. A principal estratégia é oferecer
condomínios-clube com variadas torres e muitas unidades em cidades
vizinhas a São Paulo.
O grande adensamento permite que a taxa condominial, dividida por
todos os proprietários, não fique com valores altos demais. A
localização também seria uma vantagem, porque o preço do metro quadrado
fora da capital é, em geral, mais baixo. Em Santo André, por exemplo, a
área útil dos lançamentos deste ano custa R$ 4.792 frente a R$ 7.037
cobrados nos empreendimentos paulistanos.
A MZM prepara para outubro, em Diadema, o lançamento do Residencial
Conquista Alda, com três torres. O conjunto terá mais de 20 opções de
lazer e 348 unidades ao todo, todas variando de 59,3 m² a 67,3 m².
Na capital, os imóveis de padrão médio mais econômico podem ser
encontrados em bairros em desenvolvimento e, na maioria das vezes, com
metragens reduzidas. No bairro de Pirituba, a incorporadora You, Inc
deve lançar, no início de setembro, o residencial You Parque São
Domingos, que terá unidades a partir 57,3 m² ao custo estimado de
aproximadamente R$ 295 mil. “Percebemos que o consumidor se encanta,
porque vê que há varandinha e lazer completo.
A região tem prédios mais simples”, diz o gerente de vendas da companhia. Daniel Berettini.
Outras empresas, como a Requadra Desenvolvimento Imobiliário, investem
em bairros em recuperação na área central de São Paulo. Este mês, ela
lançou o Sampa, no Brás, com unidades de 32 m² a 52 m².
“O público que compra o primeiro imóvel quer que ele seja o mais
perfeito possível. Um dos reflexos disso é a arquitetura. Os
apartamentos têm cozinha integrada e churrasqueira no terraço”, diz o
diretor comercial da Requadra, Marcos França.
No momento da venda, imobiliárias e empresas de marketing
especializado valorizam os aspectos mais marcantes dos produtos, sem
descuidar da sofisticação. “Nos decorados dos empreendimentos
econômicos, usamos os mesmos decoradores de apartamentos de alto padrão.
Essas pessoas são exigentes e não querem ver móveis que não são de
desejo”, diz a diretora de marketing da Abyara Brasil Brokers, Paola
Almabert.
O casal Fernando e Carolina Marinello compraram em março um
apartamento de 47 metros quadrados no Jaraguá. “A única coisa que ele
não tem é piscina. Há playground, salão de festas, salão de jogos”,
conta Fernando, que considera a localização um diferencial – o prédio
ficará próximo a uma estação de trem. Eles deixarão o aluguel quando o
edifício estiver pronto, o que está previsto para 2014.
Ascensão. Segundo o presidente da Eugênio Marketing
Imobiliário, Carlos Valladão, a exigência tende a crescer com o aumento
da condição financeira do consumidor. “Se ele mora em casa própria, vai
buscar uma localização que represente ascensão: próxima ao trabalho, ao
metrô ou a uma área de lazer.”
O desejo de viver com mais conforto foi decisivo para que a arquiteta
Patrícia Dada, de 27 anos, adquirisse sua segunda unidade, com três
dormitórios em São Caetano do Sul. “A localidade pesou na nossa decisão,
porque é uma cidade melhor”, disse Patrícia, que mora em Santo André.
Com casamento marcado para sábado, ela também se prepara para o possível
crescimento da sua futura família.
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