sexta-feira, 20 de julho de 2012

Primeiras impressões: Gol 1.6 Power I-Motion e Voyage 1.0 Bluemotion


Hatch e sedã ganham equipamentos e se alinham ao DNA visual da VW. 
Direção e ar quente, no entanto, continuam como opcionais.

  Quem te viu, quem te vê, Gol. A partir de agora o hatch traz de série, desde o modelo 1.0, itens que até então, pela sua ausência, frustravam qualquer potencial comprador dele. Vidros dianteiros e travas das portas com acionamento elétrico e limpador do para-brisa com temporizador, outrora opcionais quase obrigatórios, agora vêm sem o cliente pedir. Vidro traseiro sujo e embaçado? Coisa do passado: lavador, limpador e desembaçador agora estão sempre lá. Até aos vaidosos ele passou a dar atenção, com espelhos nos dois para-sóis. E para completar, adeus painel sem conta-giros. E tudo isso custando R$ 86 a mais que o antigo modelo.
Frente é praticamente idêntica à do Fox (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Frente é praticamente idêntica à do Fox (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)

Tanta generosidade, no entanto, tem motivo. Dois, aliás: Toyota Etios e Hyundai HB, compactos que terão suas miras apontadas principalmente para o Gol quando chegarem, em setembro e novembro, respectivamente. “Alguns itens se tornaram equipamentos de série por conta do conteúdo que imaginamos que os futuros concorrentes vão oferecer”, admite Henrique Sampaio, gerente de marketing da VW. O executivo se refere aos modelos asiáticos, embora atualmente o Gol tenha 21 concorrentes, contra 11 em 2003, segundo levantamento da empresa.
Arte Gol (Foto: Arte)

Family face
Ainda não se sabe ao certo como o futuro compacto da Hyundai será esteticamente, mas, no que depender do que têm exibido os últimos lançamentos da marca coreana, o até então conhecido como HB deve ter linhas atraentes. E aqui o Gol deverá se defender bem. A tal identidade visual da marca, que permeia quase toda a gama da montadora, pode ser um tanto repetitiva – Fox e Gol agora são praticamente iguais vistos de frente, embora a Volks insista que não –, mas é preciso admitir sua competência. Há proporcionalidade entre os elementos (grade e faróis encaixam perfeitamente) e harmonia entre frente e traseira. Dá até pra confundi-lo com o Polo europeu, o que é um elogio. Já com o visual do Etios não há com o que o Gol se preocupar.

Iluminação das lanternas segue padrão mundial da VW (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Iluminação das lanternas segue padrão mundial da VW (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)
No caso do Voyage, o caminho é contrário: o dono de um Jetta ter seu sedã confundido com o modelo menor (e mais barato). Nele, as lanternas também têm o tal “L” deitado, para que seja sempre reconhecível à noite. E também não será surpresa a confusão entre Voyage e Grand Siena, vistos de trás.Arte Voyage (Foto: Arte G1)
Embora tenham contornos diferentes, exibem exatamente a mesma distribuição: lanternas duplas (fixadas tanto na carroceria quanto na tampa do porta-malas) com a luz de ré acima da de freio, refletores nas extremidades inferiores do para-choque – que também abriga as placas – e uma proeminência na tampa do porta-malas, que discretamente insinua um aerofólio.
Mudanças na traseira do Voyage são sensíveis (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Mudanças na traseira do Voyage são sensíveis (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)

Interior
Algumas mudanças de praxe em reestilizações de meia-idade não fogem do esperado: painel com nova iluminação (branca substituindo a azul, no caso), novos tecidos para os bancos e painéis das portas e saídas do ar-condicionado minimamente diferentes. O novo rádio, este sim notável, traz um gráfico de aproximação de obstáculos traseiros, quando equipa-se os modelo com sensor de ré. Vale destacar também a nova posição do acionamento dos faróis, que saiu da alavanca de seta para o lado esquerdo do painel, como em carros de categorias superiores.

Interior não é espaçoso como o do Fox, mas é bem construído (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Interior não é espaçoso como o do Fox, mas é bem construído (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)
Já o painel continua um lugar apertado para tantas informações. O computador de bordo parece se espremer entre conta-giros e velocímetro, e o resultado é ter que se aproximar do painel para ler os minúsculos números da quilometragem, por exemplo.
Painel tem boa iluminação, mas requer esforço na leitura (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Painel tem boa iluminação, mas requer esforço na leitura (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)

Quase Bluemotion
Segundo explica a Volkswagen, apesar da identificação Bluemotion na tampa do porta-malas, não se trata especificamente de uma versão, como ocorre em Polo e Fox. Gol e Voyage apenas trazem pneus com menos resistência à rolagem (pretensiosamente chamados de “verdes”) e um indicador do painel que diz ao condutor qual marcha usar (kit opcional que custa R$ 324).

VW Voyage Bluemotion Technologies (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)VW Voyage Bluemotion Technologies (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)
Para ser de fato “Bluemotion”, precisariam ter as relações das marchas alongadas, pacote aerodinâmico e caracterização visual mais acentuada. Enquanto o Fox Bluemotion promete 10% de economia de combustível, Gol e Voyage Bluemotion Technologies podem chegar a 8%, de acordo com dados da marca. Sem o kit, oferecido apenas nas versões 1.0, o consumo pode ser até 4% menor.
O G1 experimentou as versões Power do Gol e Bluemotion Technologies do Voyage, num percurso de 20 km com cada carro. O hatch, 1.6, era dotado de câmbio I-Motion, enquanto o sedã tinha motor 1.0.
Gol e Voyage ganharam o pacote Bluemotion Technologies (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)Gol e Voyage ganharam o pacote Bluemotion Technologies (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)
Embora os números de potência e torque não tenham mudado, foi possível notar uma pequena melhora no Voyage 1.0, principalmente em baixas rotações. O ganho de velocidade continua naturalmente lento, mas ao menos não foi preciso reduzir a marcha. Nas curvas, os pneus “verdes” se fazem presentes, cantando mais cedo que o natural; e suas medidas (175/70) o fazem adornar mais facilmente.
Alguns pontos característicos da dirigibilidade do Voyage, no entanto, continuam lá: boa estabilidade, posição de guiar correta e câmbio com os melhores engates da categoria. E que ficaram melhores, graças à nova alavanca, importada do Jetta, mais ergonômica.
Quanto ao Gol 1.6 Power, as melhorias descritas pela Volks (menos atrito das peças) também passam quase imperceptíveis na prática. E o câmbio automatizado continua sendo o melhor entre seus pares, assim como igualmente continua menos divertido que o manual, com seus soluços a cada troca. As novas rodas de 16 polegadas melhoraram a estabilidade do carro, sem interferir tanto no conforto interno.
VW Gol Power  (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)VW Gol Power (Foto: Divulgação/Ricardo Hirae)

Gol e Voyage evoluíram na primeira intervenção desde o lançamento da 3ª geração, em 2008. Não se sabe se é o bastante para enfrentar Etios e, principalmente, HB; mas foram mudanças substanciais. E o incremento entre os itens de série é um avanço perto da magreza que um dia já foi a versão básica de ambos. Mas insistir em deixar direção hidráulica, airbag duplo e até mesmo ar quente como opcionais definitivamente não é uma estratégia espelhada na futura investida asiática. 

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