sexta-feira, 20 de julho de 2012

Oferta de um dormitório ganha novos terrenos na capital


Opções. Marco comprou unidade pensando em moradia, mas considera alugar o imóvel (Foto: Werther Santana/AE)


A oferta de lançamentos de um dormitório em São Paulo não só cresceu nos últimos anos, ela ganhou espaço na cidade.  Vocacionado para áreas centrais e dotadas de boa infraestrutura de serviços e mobilidade, esse tipo de empreendimento passou também a atender moradores de bairros das zonas leste e norte, que, por alguns anos, se mantiveram esquecidas pelo mercado neste segmento de produto.
O desempenho das regiões mais periféricas ainda é tímido, se comparado ao do centro e das zonas sul e oeste, onde a renda e a ocupação corporativa de alto padrão são mais abundantes (veja o gráfico).  Basta lembrar que o preço do metro quadrado na capital paulista é mais alto para unidades de até um dormitório – em maio, ele esteve avaliado em R$ 9.619, o que corresponde a 57,63% a mais do que o valor nos imóveis de dois dormitórios, mais populares.
Mesmo assim, o crescimento da oferta desses compactos para regiões mais afastadas do centro é inegável.  De acordo com dados do departamento de inteligência da imobiliária Abyara Brasil Brokers, a zona norte ganhou 80 novas unidades no ano passado, em um movimento crescente depois de amargar a total falta de lançamentos entre 2006 e 2008.  Em maio deste ano, o bairro de Santana também recebeu o Residencial Jardim São Paulo, com 48 apartamentos de 45 m².
Já o número de unidades lançadas na zona leste saltou de 174 em 2008, no início do chamado boom imobiliário, para 613 em 2011.  Por lá, a incorporadora Esser prevê o lançamento do Deseo Tatuapé no mês de agosto, um empreendimento entre duas estações de metrô e com 216 unidades de um dormitório.  “Há gente que mora na região e que não sai de lá de jeito nenhum”, diz o diretor de incorporações da empresa, Nick Dagan.
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Na mesma área da capital, outras empresas colocam em prática seus projetos.  A incorporadora Even, por exemplo, comercializa atualmente o Red Tatuapé, lançado em setembro também com opções de um dormitório.  “Algumas partes das zonas norte, leste e sul se valorizaram muito, e verificamos essa demanda”, diz o diretor de incorporação da companhia, Marcelo Dzik.

Segundo o executivo, os compactos permitem que o consumidor adquira unidades em áreas com padrão elevado. “É a opção de morar na região de desejo com um ticket baixo
(em outras palavras, com o valor total do bem mais atraente)“, diz.

Atualmente, a Even também constrói o condomínio Concept Anália Franco, lançado em 2010 na área mais rica da zona leste.  “São terrenos em regiões valorizadas e que ainda não foram muito ofertadas. É para atender um público com renda alta e que quer estar próximo de regiões comerciais. “
Outras incorporadoras, como a Cyrela, também buscam agradar ao interesse da população da zona leste em suas principais demandas.  Com entrega prevista para maio de 2014, a empresa lançou no ano passado o Spazio Lume, empreendimento residencial do complexo misto Luzes da Mooca.  “Temos todos os tipos de público no bairro: o investidor, os chamados filhos da Mooca e as pessoas que trabalham por ali e querem morar perto”, conta a diretora de incorporação da companhia em São Paulo, Rosane Ferreira.  O produto teve boa aceitação, segundo ela, motivada especialmente pela falta de concorrência no distrito, repleto de imóveis maiores
Na zona sul da cidade, a Cyrela São Paulo trabalha ainda sobre o Home Boutique Brooklin, com a proposta de serviços diferenciados e sofisticação.  A empresa também prepara mais um lançamento da linha Thera, levando o conceito mixed use de alto padrão para outras regiões com vocação corporativa e ávidas por imóveis caracterizados por serviços e praticidade.
Padrões. Embora sejam bem aceitos em distritos supervalorizadas, os compactos de um dormitório também invadiram bairros em desenvolvimento.  Na Vila Prudente, que recebeu recentemente uma estação de metrô e espera a conclusão das obras do monotrilho da zona leste, a incorporadora AKRealty lançou um condomínio-clube com quatro torres e unidades de um, dois e três dormitórios.
A Vila Formosa, também no percurso do monotrilho da futura linha 15-Branca do metrô, recebeu um empreendimento da incorporadora Gafisa.  O Mistral Condomínio Clube tem opções de planta para transformar unidades de dois dormitórios em apartamentos de um dormitório com sala ampliada.
O microempresário Bruno Henrique Felix Marco, de 29 anos, foi um dos compradores no conjunto, atraído por uma varanda gourmet e pelo potencial de valorização do entorno.  “A princípio, comprei para moradia, mas considero uma região boa, que vai ter uma estação do metrô e que vai valorizar.  Então, até pode ser um investimento”, diz ele, que desembolsou R$ 330 mil por uma unidade de 58 m².

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