Opções. Marco comprou unidade pensando em moradia, mas considera alugar o imóvel (Foto: Werther Santana/AE)
A oferta de lançamentos de um dormitório em São Paulo não só cresceu
nos últimos anos, ela ganhou espaço na cidade. Vocacionado para áreas
centrais e dotadas de boa infraestrutura de serviços e mobilidade, esse
tipo de empreendimento passou também a atender moradores de bairros das
zonas leste e norte, que, por alguns anos, se mantiveram esquecidas pelo
mercado neste segmento de produto.
O desempenho das regiões mais periféricas ainda é tímido, se
comparado ao do centro e das zonas sul e oeste, onde a renda e a
ocupação corporativa de alto padrão são mais abundantes (veja o
gráfico). Basta lembrar que o preço do metro quadrado na capital
paulista é mais alto para unidades de até um dormitório – em maio, ele
esteve avaliado em R$ 9.619, o que corresponde a 57,63% a mais do que o
valor nos imóveis de dois dormitórios, mais populares.
Mesmo assim, o crescimento da oferta desses compactos para regiões
mais afastadas do centro é inegável. De acordo com dados do
departamento de inteligência da imobiliária Abyara Brasil Brokers, a
zona norte ganhou 80 novas unidades no ano passado, em um movimento
crescente depois de amargar a total falta de lançamentos entre 2006 e
2008. Em maio deste ano, o bairro de Santana também recebeu o
Residencial Jardim São Paulo, com 48 apartamentos de 45 m².
Já o número de unidades lançadas na zona leste saltou de 174 em 2008,
no início do chamado boom imobiliário, para 613 em 2011. Por lá, a
incorporadora Esser prevê o lançamento do Deseo Tatuapé no mês de
agosto, um empreendimento entre duas estações de metrô e com 216
unidades de um dormitório. “Há gente que mora na região e que não sai
de lá de jeito nenhum”, diz o diretor de incorporações da empresa, Nick
Dagan.
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Na mesma área da capital, outras empresas colocam em prática seus
projetos. A incorporadora Even, por exemplo, comercializa atualmente o
Red Tatuapé, lançado em setembro também com opções de um dormitório.
“Algumas partes das zonas norte, leste e sul se valorizaram muito, e
verificamos essa demanda”, diz o diretor de incorporação da companhia,
Marcelo Dzik.
Segundo o executivo, os compactos permitem que o consumidor adquira
unidades em áreas com padrão elevado. “É a opção de morar na região de
desejo com um ticket baixo
(em outras palavras, com o valor total do bem mais atraente)“, diz.
Atualmente, a Even também constrói o condomínio Concept Anália
Franco, lançado em 2010 na área mais rica da zona leste. “São terrenos
em regiões valorizadas e que ainda não foram muito ofertadas. É para
atender um público com renda alta e que quer estar próximo de regiões
comerciais. “
Outras incorporadoras, como a Cyrela, também buscam agradar ao
interesse da população da zona leste em suas principais demandas. Com
entrega prevista para maio de 2014, a empresa lançou no ano passado o
Spazio Lume, empreendimento residencial do complexo misto Luzes da
Mooca. “Temos todos os tipos de público no bairro: o investidor, os
chamados filhos da Mooca e as pessoas que trabalham por ali e querem
morar perto”, conta a diretora de incorporação da companhia em São
Paulo, Rosane Ferreira. O produto teve boa aceitação, segundo ela,
motivada especialmente pela falta de concorrência no distrito, repleto
de imóveis maiores
Na zona sul da cidade, a Cyrela São Paulo trabalha ainda sobre o Home
Boutique Brooklin, com a proposta de serviços diferenciados e
sofisticação. A empresa também prepara mais um lançamento da linha
Thera, levando o conceito mixed use de alto padrão para outras regiões
com vocação corporativa e ávidas por imóveis caracterizados por serviços
e praticidade.
Padrões. Embora sejam bem aceitos em distritos
supervalorizadas, os compactos de um dormitório também invadiram bairros
em desenvolvimento. Na Vila Prudente, que recebeu recentemente uma
estação de metrô e espera a conclusão das obras do monotrilho da zona
leste, a incorporadora AKRealty lançou um condomínio-clube com quatro
torres e unidades de um, dois e três dormitórios.
A Vila Formosa, também no percurso do monotrilho da futura linha
15-Branca do metrô, recebeu um empreendimento da incorporadora Gafisa. O
Mistral Condomínio Clube tem opções de planta para transformar unidades
de dois dormitórios em apartamentos de um dormitório com sala ampliada.
O microempresário Bruno Henrique Felix Marco, de 29 anos, foi um dos
compradores no conjunto, atraído por uma varanda gourmet e pelo
potencial de valorização do entorno. “A princípio, comprei para
moradia, mas considero uma região boa, que vai ter uma estação do metrô e
que vai valorizar. Então, até pode ser um investimento”, diz ele, que
desembolsou R$ 330 mil por uma unidade de 58 m².
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