Marca deve fechar 2012 com um faturamento de R$ 50 milhões, número 100% maior que no ano anterior. História da empresa começa na Itália, na década de 1920
Em pleno momento de expansão no Brasil e com apenas três anos de vida, a marca
de picolés e sorvetes premium Diletto já se propõe uma meta ousada: a
internacionalização. O desafio da empresa, que não investe em mídias
tradicionais e foca no boca a boca como estratégia principal de
Marketing, se deve aos resultados que têm alcançado: em 2012 o
faturamento deve chegar a R$ 50 milhões, o que representa um incremento
de 100% das vendas em relação a 2011.
Entre os prováveis locais em que os picolés brasileiros podem chegar
estão Estados Unidos e países da Ásia, Europa e Oceania. “Existem
dezenas de propostas boas, ruins, médias, espetaculares. Temos que
colocar tudo isso no liquidificador e tirar realmente o que vai fazer da
Diletto uma marca global. É um desafio porque não existem muitos casos
no nosso segmento. Com pouco benchmarking fica mais difícil traçar uma
estratégia. A Häagen-Dazs é case que serve como base”, explica Leandro Scabin, sócio-fundador da Diletto, em entrevista ao Mundo do Marketing.
O sucesso se deve à união de acertar o nicho e manter um diálogo constante com o público.
A exportação é reflexo do que tem sido feito. Apesar de ainda estar
“engatinhando”, como ressalta Scabin, a Diletto é um filho pródigo que
tem dado cada vez mais certo. Quando abriu as portas, a empresa se
limitava ao próprio Leandro, sua esposa e mais um funcionário. A
fabricação dos picolés era terceirizada devido à pouca infraestrutura.
Hoje, com fábrica própria, o crescimento da marca faz com que uma
pessoa seja empregada a cada três dias, passando para um quadro que
chega a pouco mais de 200 funcionários. Os pontos de venda também
surpreenderam. Lançada no réveillon de 2008 para 2009, o objetivo da
Diletto era estar presente em 40 pontos de venda no fim de 2009. No meio
do ano, no entanto, eles passavam de 400 e atualmente são mais de dois mil.
O branding certo na hora certa
O projeto de internacionalização da Diletto é visto como meta de longo
prazo, a ser colocada em prática nos próximos cinco anos, no máximo.
Antes, porém, a marca deseja cumprir o planejamento de curto e médio
prazo a que se propôs. O primeiro ponto é consolidar os potes de sorvete
de 500 ml, lançados recentemente. Posteriormente, a estratégia é alçar
mais força no varejo.
O processo de importação virá apenas com a concretização dos primeiros
objetivos e com branding definido. Assim como a própria criação da
Diletto, que focou em um público específico, com picolés premium em um
mercado pouco explorado no Brasil, a internacionalização só será feia
com pés no chão.
Entre as propostas mais adiantadas estão a da Harrods, em Londres, e 16
unidades de varejo em Sidney. “A da Harrods é espetacular do ponto de
vista de brading. A única marca brasileira hoje nela é a Havaianas. E
nós fomos convidados, não foi nenhum tipo de prospecção. Na Austrália, o
projeto está absolutamente formatado, até mesmo com investidor. Porém
queremos entender como vamos fazer, não queremos dar um passo motivado
só para fazer exportação. Queremos construir branding nos outros lugares
também e não é uma coisa muito simples”, diz Scabin.
Outro desafio é a logística da distribuição do produto, que tem suas
especificidades, como transporte mais delicado e o fato de ser bastante
perecível. “Tecnologia para fazer existe e, nesse caso, tem mais
benchmarking porque existem produtos de logística complexos que são
globais. Isso não é o maior dos desafios. O maior mesmo é o branding,
porque são culturas diferentes e vendemos um dos sorvetes por quilo mais
caro do mundo. Não adianta usar as mesmas estratégias na América do Sul
e do Norte, na Ásia ou Europa”, completa Scabin.
Da Itália para a Itália
A história da Diletto começou na década de 1920, no extremo Norte da
Itália. Em uma região fria e montanhosa, fronteiriça com a Áustria,
Vitório Scabin, filho de uma tradicional família de fabricantes de
sorvetes artesanais, desenvolveu uma massa em que era possível colocar
um palito, esperar resfriar, e sair tomando de forma mais prática:
nascia ali o picolé.
A nova forma deu frutos a Vitório, que expandiu o negócio em pontos de
venda da localidade. Apelidado de “dileto”, palavra vinda do adjetivo
predileto, o picolé foi comercializado em restaurantes e mercados. No
começo da década de 1930, a invenção havia se expandido por toda a
região. Porém Adolf Hittler invadiu a Áustria, afetando toda a região
onde Vitório morava. O italiano veio para o Brasil e nunca retomou os
negócios.
A Diletto ressurgiu 90 anos depois, com o neto de Vitório, Leandro
Scabin. “Meu avô fazia sorvete para os netos e eu sempre quis refazer o
negócio. Em 1998, com 100 anos, ele morreu, e não viu o nascimento da
empresa. Antes de abrir a Diletto, fiquei dois anos na Itália estudando
as melhores técnicas até conseguir entender o processo e o que queria”,
afirma.
Ao projeto de construção da marca se uniu primeiramente Fábio
Meneghini, Diretor de Criação à época da WBrasil, hoje WMcCann,
responsável pelo desenvolvimento da imagem da Diletto. Em seguida, o
empresário Fábio Pinheiro se tornou um dos sócios, trazendo experiência
de gestão e práticas de governança.
O sucesso rápido é visto por Scabin como resultado de um esforço
contínuo e a possibilidade da internacionalização até mesmo para a
Itália, tradicional e pioneira na fabricação de sorvetes, como retorno
às origens. “Se eu dissesse que essa rapidez e esse case todo foi
planejado, eu estaria mentindo. Eu não sabia que ia ser tão agressivo e
rápido. Sabia, sim, que tinha uma história bacana na mão. Estou mais que
satisfeito e mesmo com a Europa vivendo um momento não muito bom, temos
vontade de nos ligarmos às nossas raízes em algum momento”.
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