quarta-feira, 6 de junho de 2012

Plástica’ dá novo destino a àreas de edifícios

Modernização e perfil de moradores podem levar a alterações nos espaços comuns 

SÃO PAULO - Pela mudança de público ou pelo desejo de aproveitar bem os espaços, condomínios não param de se transformar. Jardim dá lugar a playground, e sauna, a brinquedotecas ou quadras de esportes. Há muitas vontades em jogo e recursos nem sempre tão abundantes quanto deveriam.
Conjunto habitacional na Vila Nova Conceição prevê duas etapas nas modificações das instalações internas - Hélvio Romero / AE
Hélvio Romero / AE
Conjunto habitacional na Vila Nova Conceição prevê duas etapas nas modificações das instalações internas
Modernizar o edifício em que mora na Vila Nova Conceição foi o norte do publicitário Rubens Monteiro, de 64 anos, para a pequena revolução que ele passou a liderar em outubro como síndico do residencial. Por cerca de R$ 350 mil, o condomínio vive hoje mudanças radicais em suas áreas comuns: ganhará um gradil de vidro, novos revestimentos e espaços adicionais.
A primeira fase da obra, atualmente em execução, prevê ainda novos jardins, um banheiro junto à portaria e um visual mais contemporâneo para a piscina, além de uma cozinha gourmet para o salão de festas. No ano que vem, a última etapa resultará, quando concluída, em uma academia de ginástica e um quiosque com churrasqueiras.
"Fizemos um fundo de obra e estamos captando todos os meses R$ 5 mil de cada proprietário", diz Monteiro, que, apesar do investimento, acredita na valorização das unidades. "O apartamento já saiu de R$ 1,1 milhão para cerca de R$ 1,8 milhão." As unidades básicas têm 179 m².
Para aprovar tudo isso, o síndico precisou da aprovação de 100% dos condôminos - uma tarefa árdua imposta pela convenção condominial, mas afortunadamente facilitada pelas reduzidas dimensões do conjunto, com apenas oito unidades.
Se fosse maior, talvez o edifício na Vila Nova Conceição não conseguisse autorização para promover as mudanças que imaginou. A unanimidade é regra para a maior parte dos conjuntos habitacionais, quando as intervenções alteram a destinação de equipamentos internos.
Por isso, a gerente de relacionamento da Lello Condomínios, Márcia Romão, recomenda o máximo de clareza na apresentação de propostas e o respeito ao dinheiro dos proprietários. "Vale o bom senso, mas é importante ver a complexidade do que vai ser feito e o histórico do condomínio. Há pessoas que são predispostas a criar problemas."
A rigidez das convenções tem como objetivo garantir os direitos das minorias nos conjuntos, de acordo com o diretor de condomínios da administradora Habitacional, Márcio Bagnato. "Se quiserem construir uma quadra onde existe um jardim, provavelmente o espaço vai ter um impacto maior para o morador do primeiro andar. A obra não poderia sair sem a autorização dele."
O quórum pode ser menor para obras mais simples ou que apenas melhoram a eficiência das instalações, segundo o diretor da Habitacional. Em um edifício de 12 anos e 136 unidades em Diadema, por exemplo, o síndico Jacques de Oliveira Ferreira conseguiu melhorar sem conflitos internos dependências como a sala de ginástica e o salão de jogos. "Levamos um questionário de avaliação aos moradores. Em cima disso, as pessoas disseram o que queriam", diz Ferreira, que está no seu quinto mandato como administrador.
Propostas. A regra para aprovação de gastos - inclusive com projetos de arquitetura - nos condomínios envolve a análise de três ou mais orçamentos. No edifício onde Rubens Monteiro é síndico, a proposta vencedora é a do arquiteto Artur Mendes. "Apresentei um pré-projeto com as ideias de cada um. E mexemos com o que eles pretendiam fazer", diz. Desde o primeiro contato, passaram-se quase dois anos, segundo ele.
Antes iniciar as reformas, Bagnato, da Habitacional, recomenda a criação de um fundo de obras nos edifícios. "Se houver a intenção do condomínio, sugerimos que se faça uma assembleia para decidir a arrecadação de parte do valor. Para que, quando as aprovações sejam necessárias em assembleia, eles já tenham 20% ou 30% do total necessário."
Com mais reserva, os condomínios podem reduzir a quantia mensal a ser paga pelos proprietários ou permitir sonhos mais ambiciosos. "No começo, tudo pode. Mas aí se deparam com um valor muito alto e começam a negociar", diz a arquiteta Cristina Barbara, sócia do escritório especializado Barbara & Purchio.
Atualmente, ela trabalha na reformulação de um residencial de Moema. "Trocamos a parte da sauna por uma brinquedoteca. Onde ficava a brinquedoteca, fizemos um spa. E, na parte de fora, na piscina, fizemos uma espécie de gazebo." O custo do projeto ficou em R$ 700 mil, muito alto na avaliação dos clientes. "Mas, mudando algumas coisas, estamos acordando para fechar em torno de R$ 400 mil."
A criação de espaços de convivência nos edifícios é tendência segundo ela. Os altos custos, porém, dificultam o acesso de todos a algumas ações. "Os edifícios médios querem melhorar. Mas talvez não tenham a mesma proporção de valores e não consigam fazer tudo o que gostariam."

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