Modernização e perfil de moradores podem levar a alterações nos espaços comuns
SÃO PAULO - Pela mudança de público ou pelo desejo de aproveitar bem
os espaços, condomínios não param de se transformar. Jardim dá lugar a
playground, e sauna, a brinquedotecas ou quadras de esportes. Há muitas
vontades em jogo e recursos nem sempre tão abundantes quanto deveriam.
Hélvio Romero / AE
Conjunto habitacional na Vila Nova Conceição prevê duas etapas nas modificações das instalações internas
Modernizar o edifício em que mora na Vila Nova Conceição foi o norte
do publicitário Rubens Monteiro, de 64 anos, para a pequena revolução
que ele passou a liderar em outubro como síndico do residencial. Por
cerca de R$ 350 mil, o condomínio vive hoje mudanças radicais em suas
áreas comuns: ganhará um gradil de vidro, novos revestimentos e espaços
adicionais.
A primeira fase da obra, atualmente em execução, prevê ainda novos
jardins, um banheiro junto à portaria e um visual mais contemporâneo
para a piscina, além de uma cozinha gourmet para o salão de festas. No
ano que vem, a última etapa resultará, quando concluída, em uma academia
de ginástica e um quiosque com churrasqueiras.
"Fizemos um fundo de obra e estamos captando todos os meses R$ 5 mil
de cada proprietário", diz Monteiro, que, apesar do investimento,
acredita na valorização das unidades. "O apartamento já saiu de R$ 1,1
milhão para cerca de R$ 1,8 milhão." As unidades básicas têm 179 m².
Para aprovar tudo isso, o síndico precisou da aprovação de 100% dos
condôminos - uma tarefa árdua imposta pela convenção condominial, mas
afortunadamente facilitada pelas reduzidas dimensões do conjunto, com
apenas oito unidades.
Se fosse maior, talvez o edifício na Vila Nova Conceição não
conseguisse autorização para promover as mudanças que imaginou. A
unanimidade é regra para a maior parte dos conjuntos habitacionais,
quando as intervenções alteram a destinação de equipamentos internos.
Por isso, a gerente de relacionamento da Lello Condomínios, Márcia
Romão, recomenda o máximo de clareza na apresentação de propostas e o
respeito ao dinheiro dos proprietários. "Vale o bom senso, mas é
importante ver a complexidade do que vai ser feito e o histórico do
condomínio. Há pessoas que são predispostas a criar problemas."
A rigidez das convenções tem como objetivo garantir os direitos das
minorias nos conjuntos, de acordo com o diretor de condomínios da
administradora Habitacional, Márcio Bagnato. "Se quiserem construir uma
quadra onde existe um jardim, provavelmente o espaço vai ter um impacto
maior para o morador do primeiro andar. A obra não poderia sair sem a
autorização dele."
O quórum pode ser menor para obras mais simples ou que apenas
melhoram a eficiência das instalações, segundo o diretor da
Habitacional. Em um edifício de 12 anos e 136 unidades em Diadema, por
exemplo, o síndico Jacques de Oliveira Ferreira conseguiu melhorar sem
conflitos internos dependências como a sala de ginástica e o salão de
jogos. "Levamos um questionário de avaliação aos moradores. Em cima
disso, as pessoas disseram o que queriam", diz Ferreira, que está no seu
quinto mandato como administrador.
Propostas. A regra para aprovação de gastos - inclusive com projetos
de arquitetura - nos condomínios envolve a análise de três ou mais
orçamentos. No edifício onde Rubens Monteiro é síndico, a proposta
vencedora é a do arquiteto Artur Mendes. "Apresentei um pré-projeto com
as ideias de cada um. E mexemos com o que eles pretendiam fazer", diz.
Desde o primeiro contato, passaram-se quase dois anos, segundo ele.
Antes iniciar as reformas, Bagnato, da Habitacional, recomenda a
criação de um fundo de obras nos edifícios. "Se houver a intenção do
condomínio, sugerimos que se faça uma assembleia para decidir a
arrecadação de parte do valor. Para que, quando as aprovações sejam
necessárias em assembleia, eles já tenham 20% ou 30% do total
necessário."
Com mais reserva, os condomínios podem reduzir a quantia mensal a ser
paga pelos proprietários ou permitir sonhos mais ambiciosos. "No
começo, tudo pode. Mas aí se deparam com um valor muito alto e começam a
negociar", diz a arquiteta Cristina Barbara, sócia do escritório
especializado Barbara & Purchio.
Atualmente, ela trabalha na reformulação de um residencial de Moema.
"Trocamos a parte da sauna por uma brinquedoteca. Onde ficava a
brinquedoteca, fizemos um spa. E, na parte de fora, na piscina, fizemos
uma espécie de gazebo." O custo do projeto ficou em R$ 700 mil, muito
alto na avaliação dos clientes. "Mas, mudando algumas coisas, estamos
acordando para fechar em torno de R$ 400 mil."
A criação de espaços de convivência nos edifícios é tendência segundo
ela. Os altos custos, porém, dificultam o acesso de todos a algumas
ações. "Os edifícios médios querem melhorar. Mas talvez não tenham a
mesma proporção de valores e não consigam fazer tudo o que gostariam."
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