terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mercado imobiliário debaterá acessibilidade em conferência

Empreendedores ainda não despertaram para a necessidade de imóveis com facilidade de acesso, não só para cadeirantes, mas também para idosos

A 11ª Conferência Internacional da Latin American Real Estate Society discutirá a questão da acessibilidade no mercado imobiliário. Programada para 14 a 16 de setembro no Centro Brasileiro Britânico (Rua Ferreira de Araújo, 741, São Paulo, SP), será apresentado na conferência um estudo que mostra a escassez na oferta de imóveis acessíveis.

Mesmo que o tema acessibilidade já seja corrente na área de planejamento urbano, o mercado imobiliário ainda não despertou para a necessidade de empreendimentos acessíveis, não só para cadeirantes, mas também para pessoas com mobilidade reduzida, como idosos, obesos e gestantes, ou com deficiências visuais e auditivas.

“O aumento constante do número de pessoas com deficiência, vítimas de acidentes de trânsito ou violência urbana, assim como a ampliação da quantidade de idosos por causa da elevação da expectativa de vida, deixa clara uma lacuna no mercado imobiliário”, observam as arquitetas Angela dos Santos Silva e Miriam Renata Modesto dos Santos, autoras do trabalho Desenho Universal e Mercado Imobiliário: Moradia Acessível como Alvo de Empreendimentos, que será apresentado na Conferência (Lares, na sigla em inglês).

O trabalho procura mensurar e avaliar a oferta e a procura por imóveis adaptados, como também diagnosticar o interesse e a viabilidade de empreendimentos deste perfil. Para isso, foram entrevistados profissionais que atuam com pesquisa, na execução e comercialização de projetos, produtos e construções inclusivas e universais, além dos usuários finais.

Concluiu-se que a falta de capacitação e informação de toda rede produtiva do mercado imobiliário propiciou estigmas e barreiras culturais, impedindo a evolução do setor. “Por vezes, o mercado é muito imediatista. O setor está aquecido e as empresas não buscam nichos específicos, mas sim as demandas do que vende no momento”, comenta Angela.

Segundo as autoras, as construções deveriam ser planejadas para suprimir as barreiras arquitetônicas e tornarem-se acessíveis, atendendo aos parâmetros das normas técnicas voltadas para acessibilidade e às exigências das legislações correlatas que, respectivamente, estão fundamentadas nos princípios do Desenho Universal.  “É importante salientar que a promoção de facilidades nos acessos e ambientes  são atitudes inclusivas, fundamentais para a sustentabilidade social”, observa Miriam.

O conceito do Desenho Universal está sendo disseminado gradativamente, ainda que de forma incipiente, e pode ser contemplado na concepção de algumas cidades e nos seus elementos edificados. No Brasil, ainda é considerado um tema muito recente e pouco aplicado, tanto nos meios acadêmicos como produtivos. O Desenho Universal é a concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas ou sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se como principal diretriz dos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade.

O aumento nos custos da obra com a acessibilidade é outra barreira a ser transposta. Porém, a partir de cálculo orçamentário, conclui-se que, se no projeto forem estabelecidas as dimensões necessárias para a circulação e se na distribuição das tubulações estiverem previstas as prováveis necessidades de adaptações, o custo da obra aumentará de 3% a 5%, conforme acabamentos. Se houver este planejamento inicial por parte dos empreendedores e o usuário for informado dos gastos excessivos de uma reforma não planejada no futuro, certamente, os benefícios serão refletidos no mercado imobiliário muito positivamente. Informações

 

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