Os metalúrgicos do ABC paulista aprovaram neste domingo (28) acordo salarial com as montadoras no qual ficou definido um aumento real para 2011 e 2012. O acerto prevê reajuste dos salários de 10% neste ano, a partir de 1º de setembro. O valor considera a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até a data-base da categoria, de 7,26%, e um aumento real de 2,55%. O novo piso salarial da categoria foi definido em R$ 1,5 mil. Para quem ganha mais de R$ 8,4 mil por mês, o salário terá reajuste fixo de R$ 840.
Para 2012, ficou acertada a aplicação de um aumento real de 2,39% mais a variação da inflação no período.
O acordo beneficiará 36 mil trabalhadores das montadoras Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz, Scania e Toyota. Essas condições também devem ser levadas às negociações por outras categorias, incluindo a de trabalhadores de empresas de autopeças e fundição da região composta pelos municípios de São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. São, ao todo, 108 mil metalúrgicos que trabalham na região.
O acordo, além do aumento real de 5% dividido em dois anos, inclui abono de R$ 2,5 mil em 2011 e em 2012 (este, corrigido pela inflação) e ampliação da licença-maternidade de 120 dias para 180 dias.
Em documento publicado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o presidente da entidade, Sérgio Nobre, destacou o avanço das negociações - os trabalhadores haviam recusado proposta anterior da classe patronal que previa aumento de 8,6%. Além do porcentual mais elevado, a definição de um aumento real para dois anos reduz as preocupações dos trabalhadores em um momento de incertezas em relação à economia mundial.
Concluída a negociação, Nobre quer priorizar o debate sobre a produção nacional. "Queremos a engenharia aqui, queremos desenvolver os carros aqui, pois só uma produção forte garante o desenvolvimento econômico e os postos de trabalho com qualidade", destacou. A preocupação da categoria está associada ao avanço de veículos importados, principalmente daqueles fabricados na China. "Esses carros destroem nossa economia. Vale lembrar que comprar carros chineses é apoiar uma ditadura civil e militar que explora o trabalho escravo", complementou.
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