Montadora cresce em vendas e deverá bater recorde de produção.
“Vai ser o maior ano da história da Volkswagen do Brasil”, declarou, na
última quarta-feira (28), o presidente da filial da montadora, Thomas
Schmall, ao adiantar um balanço de 2012. As vendas, de janeiro até
outubro, passaram de 635 mil unidades, volume 11% maior que em igual
período do ano passado.
A fabricante já comemora o 26º ano consecutivo do Gol como o carro mais
vendido do Brasil, estima que fechará o ano com 850 mil unidades
produzidas, superando o recorde de 2011, e também chega à marca de 3
milhões de unidades exportadas desde 1970.
Em 2013, quando vai completar 60 anos no país, o principal foco de
investimento da Volkswagen será em produtos, destacou Schmall. O Brasil é
o segundo maior mercado da marca VW no mundo, atrás apenas da China, e o
terceiro para o Grupo Volkswagen (que inclui marcas como a Audi). Até
2016, a montadora pretende investir R$ 8,7 bilhões no país.
Mas o executivo alemão não quis adiantar que novidades chegarão às
lojas no ano que vem. “Não vou confirmar nenhuma fábrica com [novo]
produto hoje”, disse, ao ser perguntado sobre a produção do novo
compacto esperado para 2013 ou 2014, que deverá se basear no Up!,
lançado no ano passado na Europa.
Volkswagen Up! é um dos modelos previstos para
o Brasil (Foto: Divulgação)
Mais modelos de entrada
Schmall, no entanto, reafirmou que a montadora pretende aumentar a
oferta de modelos de entrada, os carros mais baratos. Mas disse que
ainda não está certo se, para isso, usará apenas uma fábrica ou se serão
necessárias duas. “Depende do mercado”, respondeu, referindo-se ao
volume de vendas.
Apesar de a Volkswagen não confirmar, Taubaté, no interior de SP, é uma
das fábricas cotadas para receber o futuro compacto, pois tem recebido
constantes investimentos da montadora. Foi lá que, em 2011, ao anunciar
uma nova área de pintura para essa unidade, Schmall declarou que a VW
pretendia fazer um carro no Brasil com preço inferior ao do Gol G4
(Geração 4, anterior à do Novo Gol, atualmente o carro mais barato da VW
no país).
Com a área de pintura modernizada, que o executivo descreve como a mais
avançada da montadora no Brasil, Taubaté terá a capacidade de produção
aumentada de 1.000 para 1.300 carros por dia. Ela poderá “até ser
duplicada”, disse Schmall, sempre ponderando: “se o mercado pedir”. Lá
são produzidos atualmente o Voyage e o Novo Gol.
Gol em primeiro
Até o último dia 27, o Gol teve emplacadas 260,7 mil unidades neste
ano, considerando as vendas do G4 e do Novo Gol, segundo a fabricante.
Assim, ele segue no topo do ranking de vendas com certa tranquilidade,
com 26,8 mil unidades de vantagem sobre o Fiat Uno, vice-líder, ainda de
acordo com a VW. O número de vendas do Uno considera o Novo Uno e o
Mille. “O Novo Gol, sozinho, tem a mesma participação de mercado que o
segundo colocado com dois modelos”, disse Schmall. O Gol também é o
modelo mais exportado do Brasil, correspondendo a um terço das vendas da
marca para o exterior. Ele chegou a 66 países.
Protótipo do Taigun foi lançado no Salão de
São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)
Taigun e Kombi
Schmall também não deu detalhes da chegada do Taigun, SUV mostrado pela
primeira vez para o mundo no Salão de São Paulo, em outubro passado.
Como a montadora já havia afirmado no evento, ele, que apareceu como um
conceito, entrará em produção. Porém, ainda que a VW chame o Taigun de
“tributo ao Brasil”, ela ainda não confirma se o carro será fabricado
aqui ou em outro país e nem quando será lançado.
O que já é certo é o início das vendas do Novo Fusca (nova geração do
Beetle), do Tiguan com o pacote “esportivo” R-Line e do cupê CC.
Questionado sobre o provável encerramento da produção da Kombi, o
presidente da VW do Brasil despistou. “Estamos produzindo 120 unidades
por dia, posso aumentar mais dois turnos”, disse. A questão, porém, é
como manter o modelo a partir de 2014, quando passar a ser obrigatório
que veículos novos saiam de fábrica com airbag duplo e freios ABS.
Schmall diz que pode até ser possível adaptar esses equipamentos à
Kombi, mas não se sabe se o custo compensa. E já admite que a montadora
planeja uma sucessora: “Trabalhamos fortemente para manter um modelo
similar. Temos um plano B”, disse. No entanto, a ideia não é lançar a
“nova Kombi”: “Ela é um filho único, não vai haver uma segunda Kombi.”
Paraná ‘volta ao jogo’
O executivo também falou sobre a fábrica de São José dos Pinhais, no
Paraná, que, no ano passado, amargou uma greve que provocou a falta de
versões do Fox em várias cidades. Agora a Volkswagen diz ter conseguido
aprovar, junto aos funcionários, um “contrato de competitividade”, que,
segundo Schmall, permite um “futuro planejado” e uma noção melhor do
custo da produção de cada carro produzido ali –que passa, é claro, pelo
que é pago pela mão de obra.
Conceito Bulli pode inspirar o 'plano B', caso a
Kombi saia de linha (Foto: Anja Niedringhaus/AP)
Ele afirmou que o contrato promove mais flexibilidade na fábrica
localizada em um estado marcado por disputas entre o sindicato e as
montadoras –a Renault também tem fábrica lá. “Curitiba voltou de novo
para o jogo”, resumiu Schmall.
Agora a planta também é cotada para receber investimentos, pois já
opera no limite da capacidade, o que, ocasionalmente, gera fila de
espera pelo Fox.
O mesmo acordo foi fechado com os funcionários de Taubaté e de São
Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde fica a sede da VW. “Ele vale
até 2016”, disse o executivo.
2013 menos aquecido
Mesmo esperando ampliar a participação brasileira nas vendas mundiais
da marca, o presidente da VW local acredita que o próximo ano será mais
fraco que o atual. Para Schmall, isso vai ser resultado, sobretudo, de
um primeiro semestre menos aquecido em termos de vendas. Vai pesar o fim
do desconto sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que,
após duas prorrogações, deverá acabar em 31 de dezembro próximo. Ele
prevê ainda que os preços deverão aumentar em função da obrigatoriedade
de freios ABS e airbag. Para picapes com cabine dupla, a regra já valerá
no ano que vem; para carros, entra em vigor em 2014.
O executivo apontou ainda que deverá haver, em dezembro próximo, uma
antecipação de compras de carros, justamente porque o consumidor vai
querer aproveitar os últimos dias do IPI mais baixo. “E janeiro e
fevereiro costumam ser meses fracos”, disse. Schmall estima uma alta de
2% nas vendas em 2013, com média de 300 mil carros emplacados ao mês, ao
todo, no Brasil.
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