quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Spin x Livina: brigando pelo espaço

Chevrolet entra na briga dos familiares contra o espaçoso modelo da Nissan. Quem leva a melhor?
Fabio Aro


A missão da Spin é, digamos, espinhosa. Para começar, ela chegou com a missão de substituir dois tradicionais produtos de uma só vez: Meriva e Zafira. Imagine um funcionário sendo contratado para trabalhar por dois – e tirar ambos do mercado de trabalho. Pois foi mais ou menos assim que ela deve ter sido recebida na linha de montagem. Não é só isso. Ela chegou simplificando muito as coisas. Sabe aquele sofisticado sistema de rebatimento de bancos da Zafira, que deixa o assoalho plano quando a fileira de trás não está em uso? A Spin não tem nada disso. O estilo divide opiniões. Para completar, ela chega para enfrentar a Nissan Livina, um modelo de boas vendas (2.136 unidades em julho).
No primeiro round entre a Spin LTZ e a Grand Livina (ambas para sete pessoas), deu GM. A novata teve 4.503 unidades emplacadas em agosto, mais que o dobro da Livina. Como preço é fundamental, vamos começar por aí. Na versão LTZ automática, top de linha, a Spin custa R$ 54.690. São exatos R$ 3 mil a menos que a Grand Livina (R$ 57.690). O preço inclui itens como controlador de som e velocidade no volante, além de ABS, ar-condicionado, vidros elétricos, faróis de neblina, etc. A Livina top de linha oferece alguns itens indisponíveis na Spin, caso do ar digital, dos bancos de couro e do sistema de partida sem chave. Mas fica devendo o básico. A Livina é um veículo meio desequilibrado em termos de equipamentos: tem revestimento de couro, mas o banco não ajusta em altura (e é baixo). Tem botão de partida, mas os cintos não são ajustáveis em altura. Tem ar digital, mas não oferece computador de bordo.
Fabio Aro
Desenho da Spin é polêmico, feito para priorizar o espaço interior
Estilo: de frente, a Spin é encorpada e lembra um pouco o visual parrudo dos utilitários esportivos, caso do capô elevado. A própria posição ao volante também agrada, pelo mesmo motivo. Você acha que está dirigindo um jipinho, e vê tudo de cima. Na Livina, você vê tudo de baixo. O estilo da minivan da Nissan também está envelhecido, e precisa ser renovado. Não encantou nem há quatro anos, quando chegou. Para piorar, a versão Grand Livina, de sete lugares, tem visual pior que o do modelo de cinco lugares. Para acomodar mais uma fileira de bancos, a Nissan fez uma extensão da carroceria, e o resultado visual não foi dos melhores. É verdade que a Spin também não encanta vista de traseira. A impressão que dá é que a equipe de designers começou a desenhar o modelo pela dianteira e estava cansada quando chegou à parte de trás. O terceiro vidro lateral é um exemplo: ele não “conversa” com as janelas das portas.
Fabio Aro
Visual da Grand Livina é prejudicado pela traseira alongada para comportar terceira fileira de bancos
Nos dois modelos, o uso da terceira fila de bancos é indicado para crianças, porque não há muito espaço para pernas. Além disso, o acesso não é tão fácil. Para chegar lá, é necessário rebater o banco da fileira central. Na Nissan, a tarefa é um pouco mais simples, porque o banco corre sobre trilhos, liberando um pouco mais de espaço. Os bancos traseiros do modelo japonês também têm um sistema melhor de rebatimento, semelhante ao da Zafira. Mesmo assim, a capacidade de carga da Spin é melhor: segundo nossas medições, a GM acomoda 524 litros, volume que cai para 469 l na Nissan.
A sensação de espaço é maior na Spin, graças aos 8 cm a mais na altura (1,66 m) e aos 2 cm a mais na distância entre-eixos (2,62 m). A Grand Livina é 6 cm mais comprida (4,42 m).
Fabio Aro
Posição de dirigir na Spin dá a sensação de estar em um jipinho
O acabamento da Spin é mais simples que o da Meriva e (especialmente) da Zafira. Porém, basta entrar na Grand Livina para a gente parar de reclamar do modelo da GM. Na Nissan, a textura de alguns materiais (como a superfície lisa do puxador da porta) passa impressão de extrema simplicidade.
Apesar de nova, a Spin estava com um barulho anormal vindo da suspensão dianteira. Na Grand Livina, o problema era outro. Em caminhos sem pavimentação, a terra e os pedriscos arremessados pelos pneus na caixa de rodas faziam muito barulho, evidenciando que não houve preocupação com isolamento acústico.
Fabio Aro
Ao volante da Grand Livina, o motorista fica em posição mais baixa que na rival
Em termos de motor, a vantagem é da Grand Livina. Os dois têm mecânica 1.8, mas o da Spin tem oito válvulas, comando simples e 108 cv (etanol). Já o modelo japonês tem comando duplo, 16 válvulas e 126 cv (também com combustível renovável). O resultado disso apareceu no teste. Enquanto a Spin fez 0 a 100 km/h em 12,9 segundos, a Grand Livina cumpriu a prova em 11,3 segundos. O modelo da Nissan também foi um pouco mais econômico: média de 8,0 km/l, contra 7,6 km/l do modelo da Chevrolet.
Fabio Aro
Acesso à terceira fileira de bancos é complicada nos dois carros, e espaço é bom apenas para crianças
No entanto, em câmbio a balança volta a pender para o GM. A Spin tem transmissão automática de seis marchas, a mesma caixa do Cruze. Oferece até opção de trocas manuais. Às vezes, dependendo da situação, ele dá alguns trancos. Mas é um sistema mais moderno que o Nissan, que oferece apenas quatro marchas, e sem opção de trocas manuais.
As duas empatam na garantia: três anos. Pela atualidade do projeto, posição ao volante, visual, acabamento e preço, a Spin é a melhor escolha.
Fabio Aro
Spin leva a melhor na competição entre os familiares


Spin LTZ automática Grand Livina automática
Preço inicial R$ 54.690 R$ 57.690
Motor Dianteiro, transversal, quatro cilindros, 8 válvulas, comando simples, flex Dianteiro, transversal, quatro cilindros, 8 válvulas, comando simples, flex
Cilindrada 1.796 cm³ 1.798 cm³
Potência 108/106 cv a 5.400 rpm 126/125 cv a 5.200 rpm
Torque 17,1/16,4 kgfm a 3.200 rpm 17,5 kgfm a 4.800 rpm
Transmissão Automática de 6 marchas Automática de 4 marchas
Suspensão Na dianteira, independente, McPherson. Na traseira, eixo de torção Na dianteira, independente, McPherson. Na traseira, eixo de torção
Dimensões 4,36 m (comprimento); 1,73 m (largura); 1,66 m (altura); 2,62 m (entre-eixos) 4,42 m (comprimento); 1,69 m (largura); 1,58 m (altura); 2,60 m (entre-eixos)
Freios Discos ventilados na frente e tambores atrás Discos ventilados na frente e tambores atrás
Números de teste
Aceleração 0 a 100 km/h 12,9 segundos 11,3 segundos
Aceleração 0-400 m 18,5 segundos 18,1 segundos
Aceleração 0-1.000 m 34,7 segundos 33,1 segundos
Retomada40-80 km/h
5,8 segundos 5,3 segundos
Retomada 60-100 km/h 7,6 segundos 6,6 segundos
Retomada 80-120 km/h 10,8 segundos 9,3 segundos
Frenagem 100 km/h 41,2 metros 39,8 metros
Frenagem 80 km/h 27,6 metros 26,1 metros
Frengem 60 km/h 15,5 metros 15,0 metros
Consumo urbano -- 6,9 km/l
Consumo rodoviário -- 9,2 km/l
Consumo médio 7,6 km/l 8,0 km/l

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