EXAME mostrou que é mais econômico ficar com o mesmo carro por 10 anos ou por 200 mil km do que trocá-lo depois de 5 anos; veja agora 4 dicas para alcançar essa meta
São Paulo - Se antes eram poucos os carros
que chegavam inteiros aos 200.000 quilômetros, hoje não é difícil
fazê-los alcançar esta marca com um pouco de cuidado. Estudo elaborado
pela consultoria automotiva Jato Dynamics mostrou que em um período de
10 anos é mais econômico manter o mesmo carro até os 200.000 quilômetros, do que trocar o carro depois de cinco anos, ou aos 100.000 quilômetros (considerando que o veículo percorra 20.000 quilômetros por ano nos dois casos). Para manter um veículo por 10 anos, no entanto, é essencial que o motorista faça uma boa manutenção do automóvel.
Veja a seguir 4 orientações para levar o seu carro até a marca dos
200.000 quilômetros reduzindo ao máximo os gastos com manutenção.
1) Escolher o carro certo
De nada adianta cuidar de um produto que não tem qualidade de fábrica.
Por isso, a fase de escolha do veículo é muito importante.
No Brasil não há nenhum tipo de pesquisa que compare especificamente a
durabilidade de diferentes modelos. Na falta de estudos, Gerson Burin,
analista técnico do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi),
recomenda que os consumidores
busquem em fóruns e entre conhecidos opiniões sobre os veículos
pretendidos. “É importante checar os benefícios do modelo escolhido, se
há problemas com manutenção, se as peças possuem um preço bom e qual é a
disponibilidade da peça”, diz.
Além de observar na escolha do modelo os carros que têm mais chances de
não causarem problemas com manutenção, é fundamental que o comprador
escolha um modelo adequado às suas preferências para que ele queira
manter o veículo durante os 10 anos.
Burin explica que para escolher o modelo que não cause arrependimentos
depois, o motorista pode começar avaliando o tipo de uso que o veículo
terá no dia a dia, se ele circulará em grandes cidades, se será usado
para carga, se precisará de um motor mais potente, ou se irá acomodar
uma família. “Se a família tem cinco pessoas, por exemplo, o comprador
deve buscar um veículo maior, que acomode todos de forma segura e que,
ao suportar mais peso, não tenha comprometimento da suspensão e dos
amortecedores”, diz.
Ele acrescenta que observar os veículos mais vendidos na região onde o
motorista irá circular com o carro pode ser uma boa dica para encontrar o
veículo mais adequado para o uso naquele local.
No caso da compra de carros usados ou seminovos, a escolha deve ser ainda mais criteriosa. É importante que o comprador saiba desvendar alguns dos truques que os vendedores podem usar para disfarçar problemas que os carros tenham enfrentado.
Algumas das dicas são: participar da inspeção técnica do carro, pela
qual todos os veículos passam antes da revenda; avaliar se há alguma
assimetria entre as portas, os para-choques e o teto; e não comprar um
veículo sem o manual, uma vez que o odômetro do carro pode ter sido
adulterado para apresentar uma quilometragem menor e apenas com o manual
é possível checar se houve algum tipo de alteração.
2) Seguir as orientações do manual do veículo
O analista do Cesvi explica que uma das melhores formas de aumentar a
durabilidade do carro é seguir as instruções do manual do veículo. “No
manual, o motorista encontra inúmeros tópicos que dão um contexto geral
sobre o modelo e podem espelhar a durabilidade do veículo”.
Os manuais trazem informações sobre o momento em que o motorista deve
fazer as revisões, as trocas de óleo, dos filtros de óleo e de ar, as
checagens da suspensão, do alinhamento, a maneira correta de lavar o
carro e todo tipo de informação sobre manutenção preventiva.
Segundo o Gerente de Atendimento da Jato Dynamics, Milad Kalume Neto,
os manuais trazem ainda informações específicas sobre o momento certo
para as trocas de peças e fluídos, de acordo com o tipo de uso do carro.
“Os manuais sugerem que o tempo para as trocas sejam reduzidos pela
metade caso o carro tenha um 'uso severo'. Essa classificação geralmente
é usada para uso em grandes cidades, que têm muitos congestionamentos,
porque quando o motor fica ligado sem rodar, o desgaste é maior”,
explica.
A definição de uso severo também se encaixa a motoristas que usam os
carros em estradas com muita poeira, barro ou lama, ou quando o veículo
roda no máximo cinco quilômetros por percurso, ficando parado por muito
tempo.
3) Dirigir com cuidado
A forma como o motorista dirige o carro também pode afetar sua
durabilidade. “Se o motorista dirige de forma mais agressiva, o carro
pode ter uma durabilidade menor do que se ele dirigisse de forma mais
prudente”, explica Kalume.
Algumas ações que tornam a direção mais prudente podem ser um pouco
óbvias, como: passar por uma lombada amaciando o impacto, para não
afetar a suspensão; desviar de um buraco para preservar as rodas e o
amortecedor; não acelerar de maneira brusca, para aliviar o motor e os
pneus; não deixar o som ligado com o motor desligado, para evitar o
desgaste da bateria; e trocar a marcha na rotação adequada para não
afetar o câmbio do carro.
Mas, outras dicas que podem dar vida longa ao carro são menos
conhecidas. “Para poupar a bateria, o motorista pode ligar o veículo
pisando na embreagem, porque isso tira o peso do motor e exige menos do
carro na hora da partida. Outra dica é ligar o veículo sem o farol aceso
e com o rádio desligado. Ligar as luzes e outros equipamentos com o
carro já ligado desgasta menos a bateria", explica Kalume.
Ele acrescenta que alguns motoristas colocam o carro no ponto morto em
descida para economizar combustível, mas fazendo isso acabam tendo o
efeito contrário. Isto porque, na condição de ponto morto, o motor
continua trabalhando como se estivesse em marcha lenta, fazendo com que a
injeção de combustível continue ativa para não deixar o motor “morrer”.
"O recomendável é que o motorista desça engrenado e sem acelerar pois o
motor, nesta condição de inércia, tem o sistema de alimentação de
combustível fechado, ocasionando um consumo quase nulo de
combustível. Mudar as marchas segundo orientações do manual de
propriedade também é outra forma de conseguir economizar combustível e
esticar a vida útil do veículo ", diz Kalume.
4) Não economizar gastos que podem gerar prejuízos depois
Neste item, a economia na gasolina é um dos exemplos mais claros de
como o barato pode sair caro. O combustível adulterado pode causar o
entupimento da bomba de gasolina e o vazamento para o motor, levando o
carro a morrer. E pode provocar ainda a corrosão do sistema de injeção
eletrônica e o acúmulo de resíduos no motor, que pode levar à fundição
do motor.
“Nem sempre o mais barato é o melhor e nem o mais caro é o ideal. É
importante observar as dicas do manual sobre os produtos indicados. Na
hora de fazer a reposição, por exemplo, usar peças que tenham qualidade é
um fator decisivo para a durabilidade do carro”, diz Burin. Em outras
palavras, para alguns veículos, por exemplo, se o manual sugere que o
combustível usado seja a gasolina aditivada é importante que a
orientação seja seguida. Mas, em outros casos, a gasolina comum é
perfeitamente aceitável e o motorista pode gastar dinheiro à toa com um
combustível mais caro.
Segundo o gerente da Jato Dynamics, a limpeza do veículo também é outro
“investimento” que pode ajudar na meta dos 200.000 quilômetros. “A
forma de limpar o veículo pode resultar em menor acumulação de pó em uma
peça crítica, reduzindo o desgaste na peça. Alguma correia ou a própria
maçaneta das portas, por exemplo, com a limpeza adequada também têm
menor desgaste”, explica. A limpeza inadequada também pode levar a danos
na pintura do carro e em peças de borracha.
Cassio Hervé, diretor do portal Oficina Brasil e da Central de
Inteligência Automotiva (Cinau), explica que muitos motoristas não
realizam corretamente a manutenção preventiva por falta de informação.
“Empresas com grandes frotas de carros têm programas muito rigorosos de
manutenção preventiva e por isso conseguem manter os carros por muitos
anos. O problema é que as montadoras não se preocuparam tanto em passar
esse tipo de informação, porque se o carro tiver manutenção preventiva, o
motorista vai demorar mais tempo para repor as peças”.
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