Meios perdem participação no mercado publicitário, apesar dos índices positivos na circulação paga
Os meios jornal e revistas enfrentam uma das maiores contradições do
mercado. As publicações impressas alcançam índices positivos na
circulação paga e contam com o digital como plataforma de expansão de
sua base de leitores, mas nem sempre isso se reflete, mecanicamente, no
faturamento publicitário. No primeiro semestre, os jornais cresceram
4,20% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançaram R$ 1,66
bilhão e share de 11,67%, mantendo sua vice-liderança como meio que mais
cresce, embora seja o menor da sua série. Já as revistas faturaram R$
864 milhões, com recuo de 2,35% em relação ao primeiro semestre de 2011 e
6,06% de participação. Os dados do faturamento publicitário de janeiro a junho de 2012 foram divulgados nessa segunda-feira, 10.
De acordo com o Projeto Inter-Meios,
ao todo, os veículos receberam R$ 14,28 bilhões entre os meses de
janeiro e junho. Esse investimento é 11,02% maior que o do mesmo período
do ano passado, quando o mercado recebeu R$ 12,85 bilhões. O valor
acumulado no semestre corresponde a estimados 90% do total das verbas
investidas no período. Ao se contabilizar o residual de 10% e um valor
aproximado para produção das peças veiculadas (calculado em 19% do
total), tem-se o total de R$ 19,59 bilhões. Tanto jornais quanto
revistas cresceram abaixo da média de mercado.
Para Thais
Chede, diretora-geral de publicidade da Abril, a expectativa para o
segundo semestre é de progressão e recomposição do faturamento.
“Acredito que registraremos crescimento no total do ano, já que as
empresas deverão acelerar seus investimentos no último quadrimestre e as
medidas econômicas governamentais devem surtir efeitos”, afirma.
Segundo Arnaldo Rosa, diretor-geral de publicidade da Editora Caras, a
retração foi igualmente sentida, principalmente porque em ano olímpico
as verbas publicitárias tendem a migrar para a TV.
Jornais
Em jornais, a fórmula passa pelo reconhecimento de uma vocação de
investimento em multiplataformas e a ampliação do portfólio de produtos,
com um braço mais agressivo de eventos. Essas foram pistas apontadas
por Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo. Para Antonio Carlos de
Moura, diretor executivo do Grupo Folha, “os jornais estão se
reinventando”. “É preciso ter habilidade de montar um calendário de
projetos multimeios bem empacotado”, afirma. O diretor comercial do
Grupo Estado, Marcelo Romão, entende que “mesmo diante de um cenário
econômico adverso, o meio jornal continua sendo muito relevante para o
mercado publicitário, tanto para empresas que precisam mover seus
estoques, como empresas que precisam fortalecer suas marcas”. A previsão
para os próximos seis meses é positiva. “Historicamente o segundo
semestre é melhor que o primeiro”, afirma Leonardo Teshima,
diretor-geral da Ejesa em São Paulo.
Projeto Inter-Meios
O Projeto Inter-Meios
é um relatório de investimentos em mídia no Brasil tabulado pela
empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers com exclusividade para o Grupo Meio & Mensagem,
que coordena o projeto. O trabalho mede, mensalmente, os investimentos
em veiculação feitos pelos anunciantes na mídia brasileira. Estima-se
que ele mensure 90% do total das verbas. Os participantes do projeto
encaminham seus dados diretamente à auditoria. Informações completas
podem ser encontradas aqui.
Colaborou Antonio Carlos Santomauro
Nenhum comentário:
Postar um comentário