Professor da Trevisan lança livro sobre o tema e afirma que no Brasil, estratégias ainda precisam evoluir. Cases como Nissan e McDonald´s são apresentados como insucessos
Casos polêmicos
“Estou tentando promover um debate bastante contemporâneo sobre o
branding. Todos os dias nos deparamos com cases sobre construção de
marca. E procurei trazer uma visão bastante parcial sobre cases
polêmicos, como pôneis malditos, da Nissan, que sobre a ótica de
branding não constrói marca, definitivamente. Apresento cases desde
Barack Obama até Coca-Cola, que na minha opinião beira o estado da arte
quando se fala em estratégias de branding”.
Principal desafio
“O maior desafio é construir uma marca relevante e que conte uma
história para o consumidor. É necessário perpetuar o diálogo com o seu
público. O que vemos hoje é que as empresas precisam apelar para a
guerra de preços e isso não constrói marca. Defendo de forma muito clara
que falar de marca e branding não é uma tarefa apenas para o diretor de
Marketing, mas para o CEO da empresa”.
Reposicionamento da Hyundai
“Em termos de branding, a Hyundai faz um trabalho fantástico no Brasil.
Até outro dia, ninguém conhecia e era uma marca de coreanos caretas.
Hoje se transformou em item de desejo dos consumidores, tirando o sono
de outros players que antes nadavam de braçada neste mercado. Deve ser
citado que eles investiram muito dinheiro em comunicação, trouxeram
diretores de design de outras grandes marcas, como a BMW, e esse
conjunto de fatores fez da marca o que ela é. Uma outra marca
interessante é a companhia aérea
Azul. Eles são um exemplo a ser seguido em termos de construção de
marca e de alinhamento entre todos os pontos de contato com o
consumidor”.
Pôneis Malditos são afronta e McDonald´s precisa ir para o divã
“Uma empresa que passa por um processo curioso é o McDonald´s. É uma
marca que precisa ir para o divã, que não está conseguindo se definir
tão bem quanto antes e que agora está vendendo até água de coco e
saladas. Não há nada de errado em ter produtos saudáveis no seu
cardápio, mas o problema é que eles têm ferido a essência da empresa.
Sob a ótica de construção de marca, isso não é interessante. O problema
não está no discurso verde ou saudável. O que não se pode é ferir a
essência de uma marca como a deles. Outro exemplo ruim é dos pôneis
malditos. O que eles fizeram é uma afronta ao processo de branding. Vai
contra tudo o que nós pregamos. Acredito que enquanto campanha, os
pôneis não refletem nenhum valor da marca Nissan. O conteúdo feito
apenas para viralizar e esta busca por views no Youtube definitivamente
não constrói marca. É engraçado, gera buzz, mas não contribui em nada.
Podemos perguntar a dez consumidores se lembram dos pôneis malditos e
oito podem lembrar. Mas será que se perguntarmos a eles quem era o
anunciante, eles lembrariam?”
Branding no Brasil
“Acho que o Brasil ainda está engatinhando quando se fala em gestão de
marca. Lá fora vemos cases muito mais emblemáticos. Em 1978, quando eu
nasci, a Procter & Gamble já tinha gerentes de marca enquanto aqui
no Brasil, hoje, contamos nos dedos as empresas que possuem uma equipe
de branding e que entendem marcas não apenas como logo, mas todo este
composto que envolve até mesmo a filosofia de gestão, assunto que
estamos tratando no livro. O desafio é entender marca como parte de uma
estratégia maior. Por isso o assunto tem que estar na agenda do CEO,
pois permeia a empresa como um todo. Tudo comunica marca. A cor dos
caminhões da empresa comunica marca, o uniforme dos funcionários
comunica marca, as campanhas publicitárias comunicam marca. Logo,
trabalhar marca é adotar uma filosofia de gestão que esteja preocupada
efetivamente com todos esses elementos”.
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