Mas não existe atalho: um bom curso tem de ser difícil de entrar e de sair
São Paulo - No Brasil, o MBA Executivo é o programa que mais se aproxima dos cursos de
MBA existentes no exterior. Ele tem por objetivo formar, com uma visão
generalista, os principais líderes de uma empresa. O curso é destinado a
profissionais que já têm bagagem gerencial, normalmente acima dos 30
anos, que estejam em busca de troca de experiências, reforço de
determinadas habilidades gerenciais e atualização das melhores práticas
do mercado.
Hoje, os melhores cursos oferecidos no país disputam os melhores
executivos brasileiros com programas europeus e americanos. Escolas de
negócios de países como China e Rússia também começam timidamente a
atrair profissionais brasileiros, principalmente os que estão em busca
de uma experiência diferente.
"Quem estuda fora terá vantagem no futuro, mas não são todos que têm
condições. O melhor negócio para um gestor brasileiro é fazer um MBA
part time numa escola de ponta", diz John Schulz, presidente da bbS
business School, de São Paulo.
O certificado emitido por uma escola de renome internacional tem muito
mais peso no currículo do que um similar brasileiro — e o investimento
também é consideravelmente maior. a grande verdade é que os cursos top
internacionais ainda ganham em termos de qualidade dos concorrentes
nacionais.
Porém, há vantagens do MBA Executivo brasileiro sobre os programas
internacionais: além do preço, aqui ele é mais rápido e o aluno conta
com a possibilidade de não interromper temporariamente a carreira para
dedicar-se aos estudos, algo que muitas escolas estrangeiras exigem.
Mesmo nos cursos que não demandam dedicação integral e em que é possível
conciliar o trabalho com viagens periódicas ao exterior, fazer um MBA
Executivo no Brasil é interessante por vários motivos, seja em termos de
deslocamento, seja pela complementação no currículo.
"No fundo, o MBA se transformou em um pré-requisito [para posições de
liderança] nas empresas. Ele não faz você ganhar a competição, mas
possibilita entrar nela com chances", diz Armando Dal Coletto, diretor
acadêmico da Business School São Paulo (BSP). Mesmo entre os melhores
MBAs Executivos brasileiros é comum encontrar queixas de alunos quanto a
sua qualidade. Por isso, para o profissional, a escolha de um programa
deve ser baseada na excelência.
Afinal, o candidato vai pagar caro e precisa ter retorno. A primeira
coisa a fazer é pesquisar. Vá até as principais instituições
interessadas, marque reuniões para conhecer os programas.
A escola tem a obrigação de fornecer informações sobre qualidade dos
professores, conteúdo das aulas, perfil e qualificação geral dos alunos
de turmas anteriores. Nas parcerias com instituições de ensino
internacionais, o curso nacional deve explicar como o aluno pode ter
acesso a elas e quanto isso irá custar a mais.
Uma forma de fazer um bom negócio é verificar se a instituição pertence
à Associação Nacional de MBA (Anamba), entidade que reúne algumas das
principais escolas de negócios do Brasil e visa estabelecer padrões
mínimos de qualidade para os cursos.
Entre as exigências da Anamba, que devem servir de referência, está a
de que o curso seja de administração e tenha carga horária mínima de 480
horas/aula, sendo 75% do tempo destinado a uma lista de 13 disciplinas
técnicas, que incluem temas como ética, sustentabilidade, finanças,
economia e marketing.
Outro critério fundamental é verificar se o programa de MBA brasileiro
possui acreditação internacional de entidades como AACSB (Estados
Unidos), Equis-EFMD (Bélgica) e Amba (Reino Unido), que têm um trabalho
rigoroso de avaliação dos programas. "É um diferencial porque, para ser
acreditado, o curso tem de atender a uma série de critérios rígidos e é
preciso investir muito em qualidade para conquistá-los", diz Maria
Tereza Fleury, diretora da Escola de Administração de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas (Eaesp-FGV), que tem dois cursos acreditados.
De especialista a gestor
Formada em medicina, Marisa Sanvito, de 48 anos, é diretora executiva
de operações da Quintiles, múlti farmacêutica, em São Paulo. Resolveu
investir num MBA Executivo porque percebeu que havia espaço nas empresas
para médicos com conhecimento em gestão. Em 2008 ela concluiu o curso
da Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais.
"Não tive aumento de salário nem promoção; não era minha preocupação.
Meu objetivo era ter a possibilidade de crescimento em gestão, e isso
aconteceu", diz Marisa. Tão importante quanto o conteúdo e a
certificação é entender como ocorre a seleção de candidatos para o
curso.
Para ser aprovado, o profissional deve passar por testes de habilidades
lógicas, conhecimento de mercado, inglês e análise da experiência
profissional. Podem haver outros critérios de filtro, com o objetivo de
formar turmas coesas. O Insper, de São Paulo, por exemplo, exige também
adesão a um código de ética da escola e experiência mínima de cinco anos
como gestor.
Além disso, o aluno deverá passar por uma entrevista de admissão e ter o
nome aprovado por um comitê. Em outras palavras: um programa de MBA
Executivo bom deve ser difícil de entrar e difícil de sair. Optar por
caminhos mais fáceis pode ser o barato que sai caro no final.O
profissional corre o risco de pagar muito e ter pouco retorno tanto em
aprendizado quanto em reconhecimento do mercado.
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