Shoppings se adaptam para atrair atenção dos consumidores
Brasileiros buscam cada vez mais formas de
entretenimento e serviços variados e estabelecimentos se moldam aos
gostos dos clientes. Hoje, empreendimentos somam fluxo de 11 milhões de
pessoas por dia
Se antes o hábito de ir aos shopping centers no Brasil se
restringia a uma visita rápida, com foco na compra de produtos, hoje, o
consumidor busca entretenimento, aliado com opções de alimentação e
serviços cada vez mais especializados.
Para receber os 11 milhões de brasileiros que frequentam diariamente os
centros de compras, segundo pesquisa “Perfil dos Clientes de Shopping
Center – 2012”, do Ibope Inteligência, os grupos ampliam as
possibilidades de atração.
Do conserto de roupas ao pagamento de contas, das casas de câmbio aos
serviços para animais de estimação, o setor no Brasil vem passando por
adaptações. Enquanto 40% vão aos espaços para fazerem compras, 60% têm
frequentado o shopping para comer (15%), passear (14%), utilizar
serviços (10%),
pagar
contas (5%) e usar caixas eletrônicos (5%), além de ir ao cinema, ver
vitrines e encontrar pessoas, motivos que, juntos, representam 11% das
intenções de idas ao shopping.
A alteração no perfil do consumidor é vista até mesmo na localização
das lojas e dos serviços, com centrais de informação, mapas e placas.
“Existia um conceito antigo de que o cliente deveria andar pelo shopping
inteiro para achar o que procurava. Hoje, temos que gerar facilidade,
se ele quiser entrar, comprar e ir embora, pode e deve. O shopping nunca
esteve tão em voga como agora e tem se tornado um gerador de
experiências. O que é preciso fazer é se moldar”, diz Rodrigo Peres,
Diretor de Marketing do Grupo Multiplan, em entrevista ao
Mundo do Marketing.
Bons números, bom Marketing
A
adaptação às novas exigências pode ser sentida em relação ao
faturamento do setor. Em 2011, os 430 empreendimentos presentes no
Brasil tiveram lucro de R$ 108 bilhões, número 18,6% maior que em 2010,
quando havia 408 malls no país. Quando comparado a 2006, quando o setor
faturou R$ 55 bilhões, o aumento é de quase 50%. Os dados são da
Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que prevê para 2012
um incremento de 12% nas vendas e lançamento de 22 empreendimentos.
Ainda que o faturamento dos shoppings no país apresente números
crescentes, a preocupação dos grupos reside na fidelização dos
consumidores. Buscar o público certo, com os serviços mais utilizados
pelas categorias e atrair público é o grande desafio do Marketing.
Dados da pesquisa feita pelo Ibope Inteligência demonstram, por
exemplo, que os clientes de shopping no Brasil são prioritariamente da
classe AB (73%) e possuem uma renda média de R$ 6.550,00. O perfil
traçado ainda apresenta a maioria sendo de mulheres, com 53%, contra 47%
de homens.
Estratégias de atração
Quando o assunto é faixa etária, os jovens de 17 a 24 anos aparecem em
primeiro lugar entre os clientes mais assíduos, com 30%. A taxa de
frequência é alta: mais da metade dos entrevistados (55%) vão
semanalmente aos locais, passando em média 1h25, enquanto 17% visitam os
shoppings a cada 15 dias.
O desafio dos centros de compras é entender o perfil e o momento de
consumo de cada cliente. “Se ele frequenta o shopping durante a semana
para pagar uma conta ou nos fins de semana para ir ao cinema, se vai
sozinho almoçar durante o trabalho ou com sua família para fazer um
lanche e ir ao boliche. O Marketing deve atender essas sutilezas para
ser a solução em todas as situações. Precisamos nos moldar ao cliente”,
avalia Maria Fernanda De Paoli, Gerente de Marketing do Grupo BRMalls,
em entrevista ao portal.
Uma
estratégia de Marketing usada pelo grupo Multiplan para atrair o
público, por exemplo, são as exposições fora de datas comemorativas.
Realizada neste ano pelo shopping Morumbi, em São Paulo, a mostra
“Gigantes da Era do Gelo”, com réplicas de animais em tamanho real, fez
com que o fluxo de pessoas aumentasse em 30%.
O Plaza Shopping, em Niterói, do Grupo BRMalls, também tem substituído
estratégias tradicionais de varejo para ações que gerem experiência aos
consumidores em datas comemorativas e atraentes para o varejo. No Dia
das Mães deste ano, o estabelecimento realizou uma exposição com fotos
de grávidas e ofereceu gratuitamente o serviço de fotografar as mães com
seus filhos. Para o Dia dos Pais, a programação contará com shows
gratuitos e a exposição italiana T-Rex, com dinossauros de tamanho real.
O desafio dos estacionamentos
Visto mais como problema do que solução para os consumidores, os
estacionamentos ainda causam dor de cabeça. A pesquisa do Ibope
Inteligência que traçou o perfil dos clientes dos shopping centers
constatou que o veículo particular é, disparado, o principal meio de
locomoção utilizado no Brasil para ir aos locais de compra.
Enquanto o carro próprio é usado por 61% dos consumidores, as opções de
ir a pé ou utilizar o transporte público ficam empatadas com 18% e,
outros meios, com 3%. O índice elevado de veículos explica boa parte da
falta de vagas ou pequenos congestionamentos rotineiros enfrentados por
clientes dos estabelecimentos.
Ainda que haja problemas, os grupos reconhecem o papel importante dos
estacionamentos para os bairros e trabalham em melhorias. “Os
estacionamentos são a solução para um dos grandes problemas das grandes
cidades, que é a carência de espaço físico para vagas. Estudamos um
modelo de uso dos nossos estacionamentos para tentar adotar políticas
que sejam mais eficazes em termos de tempo de permanência e preços”,
afirma a Gerente de Marketing do grupo BRMalls.
E-commerce: mocinho ou vilão?
Outro desafio para os shoppings é a expansão e o amadurecimento do
comércio eletrônico no Brasil, que alcançou um faturamento de R$ 18,7
bilhões em 2011 e 31,7 milhões de consumidores, de acordo com dados da
e-bit. Os números representam um crescimento de 26% em relação a 2010 no
faturamento e 37% em relação aos clientes. Mesmo que esteja longe dos
R$ 108 bilhões movimentados pelo setor de shopping centers, o e-commerce
divide opiniões e já começa a incomodar alguns dos grandes grupos do
país.
“Os shoppings estão se moldado ao novo consumidor e temos o e-commerce
que afeta um pouco. É preciso resgatar o cliente que tem comprado pela
internet. O comércio eletrônico pode até vir a ser um aliado, as compras
do próprio shopping podem até ser feitas pelo meio virtual, mas hoje é
só uma discussão”, acredita o Diretor de Marketing do Multiplan.
Já para a Gerente de Marketing do BRMalls, não há competição e de forma
alguma o e-commerce pode ser entendido como vilão. Comparados, o meio
tradicional de comércio e a forma atual que possibilita em poucos
cliques adquirir uma gama enorme de produtos, ocorrem de formas e
momentos diferentes de consumo.
“Nunca será uma disputa direta. As lojas e shoppings investem muito
mais na experiência sensorial para o cliente sentir essa atmosfera de
pertencimento. O foco em atendimento personalizado resolve necessidades
que a internet não supre. Sem contar o fato de que o shopping hoje é
muito mais do que um simples centro de compras. No shopping, o cliente
resolve a sua vida e encontra lazer e bem-estar”.
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