Margens são estreitas na modalidade, que possui encargos médios de 9% ao ano, chegando a 7,8% na Caixa Econômica Federal, com prazo até 35 anos
O custo do crédito imobiliário tem caído nos últimos dias para o consumidor final. Na última rodada de alterações, a Caixa Econômica
Federal anunciou juros a partir de 7,8% ao ano e prazo estendido de 30
para 35 anos, prazo elevado também pelo Santander, que mantém as taxas
em 9,80% ao ano. Contudo, as quedas das taxas chegaram ao limite, pois
essa modalidade tem margens estreitas. “A margem está no osso”, disse
Teotônio Costa Resende, diretor de Habitação da Caixa.
No atual momento, 65% dos recursos da caderneta de poupança são direcionados para o financiamento da habitação, sendo o principal funding da modalidade. No caso da Caixa, há ainda o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O diretor da instituição pública detalha que o custo atual do produto, somado aos 6% ao ano mais Taxa Referencial na poupança e 3% a.a. mais TR no FGTS, não permite novas quedas. “Investimos em inovação tecnológica para reduzir o custo [administrativo]”.
Resende acrescenta que no mundo somente Brasil e Nigéria utilizam recursos direcionados. “Outros países utilizam outros recursos, como securitização e covered bonds.” Mas à medida que a taxa básica de juros (Selic) cair, novos cortes podem ser possíveis.“Se a Selic chegar a 6,5% ao ano, diminui o uso do direcionado, que ainda será relevante, mas outras formas de captação serão ampliadas”, diz o executivo.
Até 31 de maio, o banco conta com R$ 36,7 bilhões de saldo no crédito imobiliário, valor 13% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em 2012, a expectativa está em atingir R$ 96 bilhões. “Mas devemos chegar a R$ 100 bilhões”, revela Resende.
O peso da Selic também é a justificativa apontada por José Roberto Machado, diretor-executivo de Negócios Imobiliários do Santander, para que não ocorram mais cortes nas taxas de juros. Segundo Machado, o banco pode conceder crédito a juros menores e ter um aumento do custo com retomada de alta da Selic. “Além das incertezas naturais, tem o funding. Com a Selic em 8,50% ao ano, o rendimento da poupança fica em 70%. No entanto, o mercado já aponta que pode voltar a subir e, assim, o custo sobe. É um componente de risco maior. Por isso, espaço para maiores reduções parecem pouco prováveis.”
Sobre o aumento do prazo de 30 para 35 anos, o diretor do Santander explica que a estratégia está em atender as necessidades do cliente, com redução das prestações e aumento no valor do imóvel a ser financiado. Mesmo objetivo é apontado pelo diretor de Habitação da Caixa, Teotônio Costa Resende, que revela como média o prazo de 25 anos para o empréstimo. “No Japão e na Suíça, por exemplo, o prazo é de 100 anos; na Espanha é de 50 anos, e nos EUA , 35 anos”.
O professor Marcello Gonella, da Anhembi Morumbi, pontua que a Caixa segue uma tendência do governo. Já o Santander elevou o prazo para acompanhar o mercado e seguir a estratégia do grupo, pois é o maior provedor de financiamentos para a habitação na Espanha. “Acredito que os outros bancos, como Bradesco ou Itaú vão aguardar, porque têm outras linhas para focar.”
Do total, a Caixa detém a liderança com 75% da participação do mercado (market share, em inglês); em seguida está o Itaú Unibanco, com 9% do setor. O Santander possui 7,5% da carteira de imobiliário.
Apesar dos benefícios para o consumidor final, as quedas das taxas de juros no crédito imobiliário podem gerar impactos negativos ao setor. De acordo com Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário, pode haver prejuízo com o excesso de capital. “A dúvida é se as construtoras estão preparadas para atender o aumento da demanda. As vendas serão feitas, mas falta preparação para atender o que foi vendido, e ocorrerão mais atrasos.”
Tapai explica que com o aumento da competitividade e perfil semelhante dos imóveis, as incorporadoras se diferenciam no prazo, que não é respeitado hoje em dia. “Falta regulação de mercado para o pagamento de indenizações em atrasos.” Com a queda dos juros e mais concessões, a demanda tende a se elevar, e com ela, os atrasos.
A projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que o crédito imobiliário atinja 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. Hoje está em 5,1%.
No atual momento, 65% dos recursos da caderneta de poupança são direcionados para o financiamento da habitação, sendo o principal funding da modalidade. No caso da Caixa, há ainda o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O diretor da instituição pública detalha que o custo atual do produto, somado aos 6% ao ano mais Taxa Referencial na poupança e 3% a.a. mais TR no FGTS, não permite novas quedas. “Investimos em inovação tecnológica para reduzir o custo [administrativo]”.
Resende acrescenta que no mundo somente Brasil e Nigéria utilizam recursos direcionados. “Outros países utilizam outros recursos, como securitização e covered bonds.” Mas à medida que a taxa básica de juros (Selic) cair, novos cortes podem ser possíveis.“Se a Selic chegar a 6,5% ao ano, diminui o uso do direcionado, que ainda será relevante, mas outras formas de captação serão ampliadas”, diz o executivo.
Até 31 de maio, o banco conta com R$ 36,7 bilhões de saldo no crédito imobiliário, valor 13% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Em 2012, a expectativa está em atingir R$ 96 bilhões. “Mas devemos chegar a R$ 100 bilhões”, revela Resende.
O peso da Selic também é a justificativa apontada por José Roberto Machado, diretor-executivo de Negócios Imobiliários do Santander, para que não ocorram mais cortes nas taxas de juros. Segundo Machado, o banco pode conceder crédito a juros menores e ter um aumento do custo com retomada de alta da Selic. “Além das incertezas naturais, tem o funding. Com a Selic em 8,50% ao ano, o rendimento da poupança fica em 70%. No entanto, o mercado já aponta que pode voltar a subir e, assim, o custo sobe. É um componente de risco maior. Por isso, espaço para maiores reduções parecem pouco prováveis.”
Sobre o aumento do prazo de 30 para 35 anos, o diretor do Santander explica que a estratégia está em atender as necessidades do cliente, com redução das prestações e aumento no valor do imóvel a ser financiado. Mesmo objetivo é apontado pelo diretor de Habitação da Caixa, Teotônio Costa Resende, que revela como média o prazo de 25 anos para o empréstimo. “No Japão e na Suíça, por exemplo, o prazo é de 100 anos; na Espanha é de 50 anos, e nos EUA , 35 anos”.
O professor Marcello Gonella, da Anhembi Morumbi, pontua que a Caixa segue uma tendência do governo. Já o Santander elevou o prazo para acompanhar o mercado e seguir a estratégia do grupo, pois é o maior provedor de financiamentos para a habitação na Espanha. “Acredito que os outros bancos, como Bradesco ou Itaú vão aguardar, porque têm outras linhas para focar.”
Do total, a Caixa detém a liderança com 75% da participação do mercado (market share, em inglês); em seguida está o Itaú Unibanco, com 9% do setor. O Santander possui 7,5% da carteira de imobiliário.
Apesar dos benefícios para o consumidor final, as quedas das taxas de juros no crédito imobiliário podem gerar impactos negativos ao setor. De acordo com Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário, pode haver prejuízo com o excesso de capital. “A dúvida é se as construtoras estão preparadas para atender o aumento da demanda. As vendas serão feitas, mas falta preparação para atender o que foi vendido, e ocorrerão mais atrasos.”
Tapai explica que com o aumento da competitividade e perfil semelhante dos imóveis, as incorporadoras se diferenciam no prazo, que não é respeitado hoje em dia. “Falta regulação de mercado para o pagamento de indenizações em atrasos.” Com a queda dos juros e mais concessões, a demanda tende a se elevar, e com ela, os atrasos.
A projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que o crédito imobiliário atinja 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. Hoje está em 5,1%.
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