segunda-feira, 11 de junho de 2012

Discussão sobre emissão de poluentes pode, de quebra, destravar motor flex com injeção direta


Embora o Brasil como um todo ainda não tenha alcançado a alta taxa de motorização de países centrais (um veículo para cada 5,5 habitantes, enquanto países periféricos contam com índice de um veículo para menos de dois habitantes), algumas regiões metropolitanas se aproximam dos números de nações avançadas. No aspecto de cuidados com o meio ambiente, ao envolver uma frota de 35 milhões de automóveis e veículos comerciais, além de 12 milhões de motocicletas, até que o país se situa razoavelmente bem.


Desde 1986, o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) provou ser iniciativa de sucesso. Veículos leves com motores de ciclo Otto cumpriram as seis fases de redução de emissões gasosas, que resultaram em queda significativa da poluição. Veículos pesados com motores de ciclo Diesel sofreram tropeços no cronograma. Só agora, em 2012, entraram nos eixos ao estrearem novos motores e combustível de baixo teor de enxofre (50 mg/kg ou 50 ppm). No próximo ano chegará o diesel S10, de apenas 10 ppm de enxofre.
PASSO À FRENTE
A fim de discutir o futuro do controle de emissões, inclusive para motos, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva organizou um seminário recente em São Paulo. A fase L-7 para automóveis está prevista para 2015 ou 2016. Teor de enxofre na gasolina (etanol não tem enxofre) será diminuído para 50 ppm em 2014. Abre caminho, assim, aos motores flexíveis etanol/gasolina com injeção direta de combustível.
Essa conquista tecnológica exige gasolina de baixo teor de enxofre para se obter economia de combustível e simultâneo aumento de potência, além de cortar emissões. A injeção direta é um sistema de formação de mistura ar-combustível que consegue subverter a lógica de maior potência, maior consumo. A atual injeção indireta representou um passo adiante. Porém, a tendência no exterior é substituí-la, mesmo a custo maior.
Ponto interessante do seminário foi a pouca divulgada política do governo de São Paulo para combater gases de efeito estufa, responsáveis por possíveis mudanças climáticas no planeta. Trata-se da iniciativa estadual mais relevante no país, que organiza, em junho, a Rio +20 (Conferência das Nações Unidas de Desenvolvimento Sustentável). Existe a pretensão de emitir 20% menos gás carbônico (CO2) em relação a 2005, em território paulista.
NOTA VERDE
CO2 é subproduto atóxico da combustão de motores convencionais. Os meios de transporte respondem, em média, por um quinto das emissões de efeito estufa no mundo. Não há filtros ou catalisadores: só se resolve com a redução do consumo de combustível. São Paulo considera que seu perfil socioeconômico exige maior atenção ao controle da frota. Estima-se que veículos motorizados respondam, no Estado, por cerca de 30% do total de CO2 emitido.
Eis algumas propostas para o segmento de veículos leves:
- ampliação da inspeção ambiental
- incentivo ao uso de etanol
- programa de renovação e reciclagem de veículos
- selo socioambiental nas compras oficiais
- ampliação de etiquetagem veicular (consumo de combustível).
Para tornar competitivo o etanol, o governo cogita criar a chamada "nota fiscal verde" emitida nos postos de abastecimento. Afinal, biocombustível de cana anula, praticamente, a emissões de CO2 no escapamento, quando a planta cresce no campo. Não é possível com combustíveis fósseis.

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