O CrossFox lançou moda, mas nunca enganou ninguém: resposta da Volks à
ação aventureira iniciada no país pela Ford com seu EcoSport, a versão
pé-na-terra do Fox acabou criando seu próprio nicho, o de hatches
compactos "cross", com estribos e soleiras destacados, adesivos
divertidos e... estepe na tampa do porta-malas.
Agora, que quem disse
que qualquer um deles ia para a lama? O tempo passou e a total aptidão
para impressionar apenas no asfalto venceu: a única novidade a ser
ressaltada da linha 2013 do CrossFox é justamente a adoção do câmbio
automatizado ASG, apelidado comercialmente de I-Motion, que livra o
motorista do trabalho de usar o pedal da embreagem e comandar as trocas,
algo essencial no chatíssimo e cansativo tráfego das metrópoles.
Apresentado em abril, ao lado do "econômico" Fox BlueMotion (releia as impressões sobre este outro modelo aqui),
o CrossFox I-Motion 2013 completa a linha do compacto intermediário da
Volks, que já entregou mais de 53 mil unidades este ano e ocupa a
terceira posição absoluta entre os mais vendidos do país (os dados oficiais somam Fox e CrossFox).
Seu preço, há dois meses, era de R$ 53.880, exatos R$ 2.780 a mais que o
CrossFox com câmbio manual, ambos com cinco marchas. A provisória
redução do IPI, medida do governo válida até agosto, reduz este valor de
base para R$ 50.108.
O grande problema de qualquer modelo da Volkswagen está na extensa e
complicada lista de itens opcionais. Sem eles, o CrossFox terá o
essencial: direção hidráulica com coluna regulável em altura e
profundidade, computador de bordo, vidros e travas elétricos, faróis de
neblina, repetidor de seta nos retrovisores, duplo airbag frontal e
freios ABS (sistema antitravamento, que passa a ser obrigatório junto às
bolsas infláveis a partir de 2014). Nada de ar condicionado, por
exemplo, item de conforto (e até de segurança, em situações de chuva
forte e vidros embaçados) que deveria se padrão num carro cujo preço
começa em "5". De novo, só a mudança das palhetas do limpador de
para-brisa e a troca dos antigos adesivos laterais por borrachões, mais
resistentes às raladas típicas da soma de vagas apertadas com braços
curtos.
Para deixar o "altinho" mais estiloso e condizente com a vida urbana --
e parecido com o modelo das fotos que ilustram a reportagem e o ensaio
-- é preciso ter o bolso preparado. E muito. São R$ 2.660 pelo ar.
Outros R$ 567 pelo revestimento de couro Native para bancos e painéis
das portas. Quer teto solar elétrico? R$ 2.120. Volante multifuncional
com frisos cromados e borboletas para trocas sequenciais de marcha? R$
1.051, mais R$ 316 obrigatórios do kit de adaptação do airbag, do
computador de bordo e do sistema de som com USB/iPod. Ter espelho
anti-ofuscamento e sensores de farol e limpadores de para-brisa vai
custar outros R$ 1.042. As rodas de 15 polegadas de liga leve custam R$
474 (pretas) ou R$ 530 (diamantadas). Por fim, o sensor de
estacionamento vai abocanhar outros R$ 725. Na calculadora, a soma dá R$ 59.119
-- quase R$ 60 mil, valor de um sedã médio -- por um compacto
estilosinho. Só a cor do momento não é cobrada: o branco sólido sai de
graça (mas ter uma cor especial pode custar até R$ 1.786).
Veja o CrossFox I-Motion 2013 em detalhes
Foto 10 de 25 - Versão topo da gama Fox, CrossFox é equipado sempre com o motor 1.6 flex, que gera 101 cavalos com gasolina e 104 cv com etanol Murilo Góes/UOL
BATEU A PREGUIÇA
Como a praia dos aventureiros nunca foi, veja só, desbravar o mundo, UOL Carros sempre encarou as trilhas leves de terra batida por conta, como alguns motoristas fazem no final de semana, ao visitar o sítio da família ou curtir o churrasco na praia ou na casa de campos dos amigos. A grande questão do CrossFox 2013 é saber se ter assumido de vez o lado explorador da metrópole fez bem.
Como a praia dos aventureiros nunca foi, veja só, desbravar o mundo, UOL Carros sempre encarou as trilhas leves de terra batida por conta, como alguns motoristas fazem no final de semana, ao visitar o sítio da família ou curtir o churrasco na praia ou na casa de campos dos amigos. A grande questão do CrossFox 2013 é saber se ter assumido de vez o lado explorador da metrópole fez bem.
Por um lado, é tentadora a ideia de parar de cansar ombro, cotovelo e
pulso direitos, além do pé esquerdo, na função de trocar marchas
zilhares de vezes ao dia. E nisso a caixa automatizada sequencial (ou
Automated Sequential Gearbox, ASG, na sigla em inglês) é cumpridora,
seja você um motorista esforçado preso no trânsito pesado ou um
condutor, digamos, mais preguiçoso, que só quer acelerar e curtir o
passeio.
O problema é que a caixa automatizada também tem seu grau de letargia.
Por mais que a fabricante fale em avanços -- que realmente existem,
desde a apresentação do sistema como o Polo em 2009 -- e na vantagem
sobre as equivalentes rivais -- a caixa é, sim, superior à Dualogic da
Fiat e à abandonada Easytronic, da Chevrolet --, fica difícil confiar no
ritmo do I-Motion, quando se tem mais experiência. Os soquinhos, ou
"soluços" a cada troca ainda são perceptíveis e chacoalham sua cabeça.
Pior: em situações extremas, de retomadas ou ultrapassagens, um vacilo
na troca pode ser perigoso e, assim, só nos sentimos seguros apelando
para o botão S, que aproveita mais o torque do motor e faz as trocas em
giros mais altos, ou simplesmente adotando o modo manual, com trocas nas
borboletas.
Serve de consolo o fato de que o consumo ficou mais amistoso: após uma
semana de convivência, rodando mais na travada cidade do que em estradas
liberadas, alcançamos a média de 8,5 km/l de etanol.
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