Confira onde são feitos blocos dos modelos de alta performance. Quem compra o carro também tem a chance de participar desse processo.
Motor LS7, de alta performance, é montado à mão em Michigan (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O "mural da fama" da fábrica de motores do Corvette em Wixon (MI), nos
Estados Unidos, exibe 30 e poucos rostos sorridentes. É o time seleto de
compradores de modelos "top" dessa luxuosa gama da General Motors que,
além de pagarem a partir US$ 111,6 mil pelo Corvette ZR1 (cerca de R$
230,5 mil na cotação da última terça-feira), ou US$ 75,6 mil (R$ 156
mil) pelo Z06, também desembolsaram um "extra" para ter o privilégio de
montar o motor para seus carros.
"Mural da fama" mostra clientes que foram à fábrica
montar os motores (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O programa, lançado no fim de 2010, custa a partir de US$ 5.800 (R$ 11.634) e inclui um dia inteiro na planta.montar os motores (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Mas o processo artesanal de fabricação dos motores de alta performance da marca não acontece só para cliente ver. Os blocos LS7 e LS9 V8 que equipam os dois Corvettes mais rápidos são mesmo montados manualmente por especialistas, em uma das 3 pequenas e quase silenciosas linhas na unidade.
Homem e máquinaA montagem começa com a checagem das peças e o mesmo funcionário, sozinho, cuida do processo do início ao fim -são 3h30 de duração, em média. "Esses especialistas têm muito conhecimento sobre motores, passam por um treinamento específico para trabalhar aqui. E, como o foco aqui é qualidade, eles podem levar o tempo que quiserem em cada etapa, não são obrigados a cumprir a tarefa em um tempo determinado como em uma linha de montagem comum", explica o supervisor Rob Nichols.
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Um dos "artesãos" em Wixon é Rich McBride, que chegou à GM em 1985,
após servir à Marinha, e foi transferido para a fábrica de motores do
Corvette em 2005, pouco depois de sua abertura. Ele e James Knipp são os
mais antigos nessa linha que conta com cerca de 30 operadores
trabalhando em um turno. Ali são fabricados 15 mil motores ao ano.
Rich Mcbride na linha: cada motor leva cerca de 3h para ser montado (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Obviamente eles contam com a ajuda de máquinas em algum momento: por
meio da leitura de código de barras, elas verificam a precisão dos
encaixes já programados para aquele tipo de motor e "liberam" McBride e
seus companheiros para os próximos estágios da linha.
Peça "sob suspeita" é retirada da linha para
averiguação (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Mas o olho humano também conta: se o funcionário desconfiar que
determinada peça não está de acordo com as especificações, coloca um
selo de "suspeita" e manda para averiguação.averiguação (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
O último passo do processo é testar o funcionamento do motor: numa sala à parte, o ronco é ouvido pela primeira vez e aí cabe aos computadores confirmar que tudo funciona como se espera. O chamado "cold test" (teste frio) dispensa o uso de combustível para o funcionamento do motor. "o que seria caro e perigoso de se transportar, exigindo uma logística especial na linha", comenta o supervisor Nichols.
Da planta nos arredores de Detroit, os blocos são enviados em sua maioria para a fábrica de Bowling Green, no Kentucky, conhecida como "a casa do Corvette".
O mesmo funcionário cuida da montagem do início ao fim (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Cartas de agradecimentoNa linha de montagem, o
veterano McBride explica com paciência aos jornalistas o que está
fazendo e tem a companhia de um iPod no "carrinho" em que carrega o
motor rumo a cada estação onde encontrará novas peças para montar esse
"quebra-cabeças".No caminho, ele consegue enxergar outro mural onde estão cartas, fotos, desenhos e mensagens -muitas de agradecimento- de seus "fãs". São donos de Corvette que quiseram fazer contato com quem fabricou o motor de seus carros. Eles sabem quem foi o autor porque uma placa com o nome desse funcionário é colocada no bloco.
Placas que são coladas aos motores dizem: "montado com orgulho por..." (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
"Obrigada por fazer o meu motor pessoalmente... Quando vi você no
NatGeo [canal de TV] contei pra todo mundo que foi você que montou o
motor do meu carro. Obrigada de novo", diz um cartão pregado no mural e
assinado por Richard para um dos funcionários.
Carta de comprador do Z06 para funcionário que montou o motor (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Quando a montagem é operada pelo próprio dono, o tempo para se concluir
o trabalho pode até dobrar, mas o nome do cliente também vai para a
placa no motor. Mesmo quando "fabricados" por leigos, os blocos têm a
mesma garantia daqueles feitos na linha -isso porque um especialista
orienta o cliente em cada passo do processo. Em ambos os casos, o texto
na placa de metal dirá: "montado com orgulho por...".
James
Knipp, veterano na linha de montagem dos motores, diante do mural de
cartas dos compradores; ao lado, mapa mostra onde estão os motores
montados na planta de WIxon (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
Fã especialNo último dia 1º, McBride encontrou-se
com um fã especial, Emerson Fittipaldi, que acompanhava jornalistas
brasileiros na visita à fábrica. O ex-piloto ganhou de presente uma
placa com o nome de McBride, que foi quem montou o motor do Corvette que
foi o pace car das 500 Milhas de Indianápolis em 2008. O carro,
autografado por Fittipaldi na época e movido a E85 (gasolina com até 85%
de etanol), fica exposto bem na entrada da linha.
Fittipaldi
ao lado do Corvette movido a E85 usado como pace car na Indy em 2008;
carro está exposto na entrada da fábrica de Wixon (Foto: Luciana de
Oliveira/G1)
Também sairá de Wixon o motor do conversível 427 Collector Edition,
o mais rápido desse tipo na história da marca, que vai comemorar os 60
anos do Corvette no ano que vem e foi usado como pace car da etapa de
Detroit da Indy, no último dia 3. O supercarro contará com o motor LS7, o
V8 de 7.0 litros herdado do Corvette Z06, que entrega 509 cavalos de
potência a 6.300 rpm e torque de 64,9 kgfm a 4.800 rpm. É o que vem
sendo montado há mais tempo na planta.
Conversível
427, que será lançado em 2013 para comemorar os 60 anos do Corvette,
foi o carro-madrinha da Indy na etapa de Belle Isle, no inicio do mês;
motor será feito em Wixon (Foto: Luciana de Oliveira/G1)
"Esta é uma combinação [de motor em um carro conversível] que não
víamos no Corvette desde o fim dos anos 60, é bem especial", diz Jim
Campbell, da divisão de motorsports da marca. Nesse carro, também, os
futuros donos terão a chance de dizer que foram eles mesmos que
"orgulhosamente montaram" o motor.
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