segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sindicalistas invadem concessionárias em SP

Lojas têm liminar da Justiça; sindicato diz ter realizado manifestações pacíficas


Integrantes do Sindicato dos Comerciários de São Paulo invadiram, por volta das 10h deste domingo (20), a concessionária Citroën Lyon, na zona norte de São Paulo, e tentaram convencer clientes a deixar a loja. A polícia foi chamada. Em dezembro o Sindicato dos Comerciários e o Sincodiv (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo) definiram que as concessionárias na cidade de São Paulo só deveriam abrir dois domingos por mês.
A abertura da Citroën Lyon, no entanto, está amparada em liminar judicial obtida na última semana. Por isso os funcionários, que acusam os membros dos sindicato de coagir funcionários e clientes, chamaram a Polícia Militar. "Temos uma decisão judicial que permite a abertura das concessionárias Citroën, JAC e Volkswagen do grupo SHC em São Paulo. Cumprimos toda a legislação trabalhista e, por isso mesmo, recebemos autorização da Justiça para trabalhar", afirma Sergio Habib, presidente do grupo.

"É um absurdo esse tipo de invasão, que contraria as regras do bom senso e intimida o consumidor, ainda aconteça, mesmo diante de uma decisão judicial. É preciso esclarecer que o público quer apenas comprar seu carro novo no dia que mais lhe convém." Segundo a assessoria do grupo SHC, ações semelhantes foram registradas também nas revendas JAC Gastão Vidigal, Sumaré e Bandeirantes, além da Citroën Genéve, no Morumbi. Todas elas foram interrompidas com a ação da PM.

Polícia Militar aborda sindicalistas na concessioinária Lyon
Polícia Militar aborda sindicalistas na concessioinária Lyon
Outro lado

O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah, entrou em contato com Interpress Motor e negou ter havido invasão às concessionárias. "O que fizemos foi uma manifestação pacífica", diz. Questionamos sobre por que a polícia foi acionada. "Quem chama a polícia geralmente é empresário que não gosta da manifestação, que é feita com carros de som etc."

Ele diz que as concessionárias do grupo SHC não deveriam ter aberto. Embora admita o ganho de causa da empresa, segundo ele, "esse ganho só tem eficácia a partir da publicidade" da decisão. Ou seja, de acordo com Patah, não houve uma finalização do processo.

"Há ainda um segundo ponto: existe uma legislação em vigor somente em São Paulo que diz que, para abrir o comércio aos domingos e feriados, somente com convenção ou acordo coletivo", prossegue. "O sindicato que defende os trabalhadores não pode permitir que se tenha essas questões como pacificadas, porque não estão. Estão sob judice", completa.

Entenda o problema
A decisão de só abrir dois domingos por mês foi tomada após convenção coletiva firmada no final de 2011 entre o Sincodiv-SP e o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, após a aprovação do tema em assembleias das empresas e dos trabalhadores. A medida, no entanto, é polêmica.

Ela foi tomada para garantir o descanso semanal remunerado dos funcionários das autorizadas. Porém, nos bastidores, os grandes grupos de concessionárias afirmam que essa decisão ocorreu porque as lojas menores não têm como proporcionar o descanso e ao mesmo tempo abrir aos domingos pelo fato de seu quadro de funcionários ser menor.

"É como proibir o Extra e o Carrefour de abrir porque o mercadinho do Seu Zé não pode fazer o mesmo", comentou uma fonte do mercado. A polêmica está instalada porque domingo é um dos dias de maior fluxo de clientes nas lojas de automóveis.

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