Guido Mantega reuniu-se com presidente da Fenabrave nesta sexta-feira. 'Nosso problema atual é a inadimplência', diz Flávio Meneghetti.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu-se no fim da tarde desta
sexta-feira (18) com o presidente da Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, para entender
qual é a atual situação do mercado brasileiro de veículos. A expectativa
era de que o ministro falasse sobre um possível pacote de incentivos
para ajudar o setor, o que incluiria a liberação de recursos de bancos
privados e facilitação de crédito para a compra de veículos.No entanto,
Meneghetti afirmou que a conversa tratou apenas dos problemas
enfrentados pelo setor.
“O ministro quer conhecer a situação de cada segmento. Ele já ouviu
varejistas de supermercados, material de construção, bancos, montadoras
e, agora, os concessionários”, afirmou o presidente da entidade ao sair
da reunião. Segundo ele, Mantega analisa o quadro econômico atual pelo
comportamento do varejo.
Flávio Meneghtti argumenta que o setor de veículos tem sofrido com o
aumento da restrição de crédito, causado pela alta da inadimplência.
Desde o começo do ano passado, o saldo de inadimplência no Crédito
Direto ao Consumidor (CDC) de veículos para pessoa física, acima de 90
dias, tem mostrado elevação. Em março, o índice chegou a 5,7%, sendo que
em março de 2010, o saldo era de apenas 3%, de acordo com a Associação
Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
“Nosso problema é a inadimplência, que tem gerado o aumento da
restrição na liberação de crédito. E crédito é fundamental para o nosso
setor. Existe comprador, existe vontade de consumir, existe dinheiro
para crédito, mas os bancos estão mais restritivos”, analisa. “Em 2010,
de 10 fichas para financiamento que chegavam aos bancos, 7 eram
aprovadas. Hoje, está na ordem de 3”, argumenta o representante dos
concessionários.
Quinzena mostra alta de 3%Tradicionalmente um
período forte na venda de veículos, o mês de abril, desta vez, registrou
queda de 14,2%. De acordo com dados da Fenabrave, no período foram
emplacadas 257.875 unidades de automóveis comerciais leves, caminhões e
ônibus. Em março, o volume foi de 300.554 unidades. Ao considerar o
acumulado dos quatro primeiros meses do ano, há também queda de mercado,
porém menor, de 3,42%. No período, as vendas somaram 1.076.167
veículos, mas no primeiro quadrimestre do ano passado elas já estavam em
1.114.270 unidades.
No entanto, o mês de maio já esboça pequena recuperação. De acordo com
Meneghetti, os dados de vendas dos primeiros 15 dias deste mês -
mostrados para Mantega - apontam para alta de 3% sobre a primeira
quinzena de abril. No entanto, o “respiro” não é considerado expressivo
pela entidade, mas sim um reflexo da nova linha de crédito lançada pela
Caixa Econômica Federal e das ações promocionais por parte dos bancos
das montadoras para desovar o estoque que sobrou do fraco mês de abril.
A Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco PanAmericano lançaram na
última sexta-feira (11) nova linha de crédito "promocional" para quem
financiar veículos novos com os bancos diretamente nas concessionárias.
Foram reduzidas as taxas de juros, além da exigência de um valor de
entrada menor que o habitual.
“Com os estoques em alta, algumas montadoras adotaram ações bem
agressivas junto com os bancos. Com isso, a aprovação do crédito foi
maior”, explica Meneghetti. Segundo o presidente da Fenabrave, a
situação do setor só deve melhorar no segundo semestre, quando a
inadimplência cair. “Se o PIB crescer 3% neste ano, o setor de veículos
deverá crescer 3,5%”, afirma.
Importadoras também aguardam ajuda do governo
Dentro do setor automobilístico, o segmento de importados também aguarda uma posição do governo para incentivar as vendas. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), Flávio Padovan, afirma que até o fim do mês o governo deve anunciar um pacote de ajuda para os importados. "As empresas que importam não podem simplesmente fechar as portas e ir embora. Está muito difícil justificar para as matrizes a queda nas vendas que estamos tendo, mas acho que o governo entendeu."
Dentro do setor automobilístico, o segmento de importados também aguarda uma posição do governo para incentivar as vendas. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), Flávio Padovan, afirma que até o fim do mês o governo deve anunciar um pacote de ajuda para os importados. "As empresas que importam não podem simplesmente fechar as portas e ir embora. Está muito difícil justificar para as matrizes a queda nas vendas que estamos tendo, mas acho que o governo entendeu."
Mesmo com expectativa positiva para uma mudança do comportamento do
governo, a Abeiva afirma que a ajuda será para dar um novo "fôlego" ao
segmento, mas não resolverá o problema. "Estamos pedindo uma medida que
alivie o peso do IPI. Queremos um tratamento igual e justo", ressalta.
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