sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Chevrolet Cobalt, global e brasileiro, parte de R$ 39.980

No meio do caminho tinha a renovação, tinha a renovação no meio do caminho, tinha a renovação, no meio do caminho tinha a renovação. Exatamente ao completar 100 anos de existência, após inventar conceitos, ditar modas, liderar mercados e, após isso tudo, assistir à quase bancarrota de sua controladora, a Chevrolet (principal marca da americana General Motors) tenta superar seu maior desafio: a obrigação de renovar sua linha, mundialmente vista como antiga.

No Brasil, onde está há 86 anos, o desafio é idêntico -- rejuvenescer um dos portfólios mais envelhecidos do mercado -- e começou a ser encarado com o lançamento do hatch Agile (lê-se Ágile, com mais força na primeira sílaba) e da picape Montana, dele derivada; passou pela chegada recente do sedã médio Cruze; e, nesta sexta-feira (4), é reforçado com a apresentação definitiva do Cobalt (a pronúncia é Côbalt, com a primeira sílaba tônica). 
De acordo com a GM do Brasil, o Cobalt chega aos quase 600 revendedores da marca do país dentro de 15 dias em três versões, todas equipadas com motor 1.4 Econoflex e câmbio manual de cinco marchas, com os seguintes preços (o conteúdo de cada versão vem mais abaixo):
Cobalt LS: R$ 39.980
Cobalt LT: R$ 43.780
Cobalt LTZ: R$ 45.980
A necessidade de reinvenção a toque de caixa, dramaticamente fortalecida pela concordata da matriz em junho de 2009, fez com que a Chevrolet apressasse seus novos produtos. O Cobalt, cujo desenvolvimento demorou (segundo executivos) nada menos que cinco anos, foi a personalização desse processo: em março deste ano, o nome (retirado de um sedã aposentado no mercado norte-americano) foi revelado pelo jornalista especializado em segredos automotivos Marlos Ney Vidal. Com ele, a sigla GSV (do projeto Global Small Vehicle, ou "veículo compacto global" em inglês) ganhou contornos mais realistas para o mercado brasileiro.

A partir de então, o que se viu foi a invasão de uma frota de unidades disfarçadas, em diferentes estágios de desenvolvimento: fotos novas do Cobalt chegaram à redação de
UOL Carros todos os dias; no álbum de flagrantes da estação, 20% das fotos traz o sedã como assunto.   
O objetivo da marca, claro, além de ganhar quilometragem para o novo modelo no pouco tempo disponível, foi causar frisson em torno do lançamento. O último passo da estratégia da marca foi iniciar o lançamento do carro na data do centenário da Chevrolet (comemorado oficialmente na quinta-feira, 3), rivalizando até mesmo com a entrada em cena de um novo modelo de marca concorrente -- este final de semana marca também a estreia da nova geração do Fiat Palio.
 
Feito para substituir, ainda que não imediatamente, o sedã compacto Corsa (cujo total de vendas não pode ser definido, por ser unificado com os emplcamentos do veterano e, este sim sabidamente bom de loja, Classic) e o médio Astra três-volumes (que no ano todo vendeu menos de 2 mil unidades), o Cobalt é praticamente um amálgama destes dois carros.
  • Divulgação Traseira do Chevrolet Cobalt é discreta; GM quer vender 3.500 unidades/mês
Projetado para ser vendido em 40 países e fabricado em três unidades distintas ao redor do mundo, ele é fabricado para o Brasil na unidade de São Caetano de Sul (SP) sobre uma nova plataforma polivalente, derivada daquela utilizada pela terceira geração do Corsa europeu (daí alguns exemplares deste modelo terem sido vistos no país).

Maior e mais avançada que a plataforma do primeiro Corsa (utilizada pelo Corsa nacional, pelo Classic, pela dupla Celta/Prisma e pelo Agile), essa base dá ao novo sedã seu grande trunfo: espaço interno para conquistar clientes com conta bancária em ascensão, cansados do espaço exíguo dos sedãs compactos, mas que ainda não têm bala na agulha para sair da loja com um autêntico sedã médio. De acordo com um executivo da GM, o espaço interno do Cobalt é mais generoso que o do Vectra, sedã médio que deu lugar ao Cruze e que por 18 anos foi o paradigma de três-volumes da Chevrolet.


Popularmente, o Cobalt já é chamado de Agile sedã, numa clara referência à generosa grande frontal seccionada e aos faróis graúdos e chamativos; na verdade, a suposta relação com o hatch dá-se mais por uma questão de identidade visual: o Cobalt é mais largo e mais baixo que o Agile, a ponto de acolher melhor os elementos (faróis e grade frontal) que parecem exagerados no hatch. A lateral, com sua linha ascendente a "espremer" as janelas, e a traseira, com lanternas verticalizadas e cromadas, dão o toque de classe inexistente ao primeiro.  
 
O melhor do Cobalt, porém, são as medidas generosas: pesando pouco mais de 1 tonelada (1.072 quilos), o três-volumes tem 4,47 metros de comprimento, 1,73 m de largura e 1,51 m de atura; as principais medidas a serem alardeadas pelos vendedores, porém, são o espaço entre-eixos de 2,62 m e o volume de porta-malas de 563 litros.
 
Com tais medidas, o Cobalt foge do espaço comum aos chamados compactos premium e abocanha um lugar entre os sedãs médios de menor valor (alguns especialistas o colocam num grupo ainda estranho ao brasileiro, chamado de sedã médio compacto): tomando o entre-eixos como denominador comum, os rivais diretos vão de Renault Logan (que é compacto de entrada, mas sempre se valeu dos impressionantes 2,63 m para vender bem) e Nissan Versa (2,60 m) a Fiat Linea (2,60 m), Kia Cerato (2,65 m) e Ford Focus (2,64 m). Ford Fiesta/New Fiesta, Renault Symbol, VW Polo e outros compactos premium ficam para trás em espaço, embora sejam competidores em preço.
 
O RECHEIO DAS VERSÕES
Os pacotes de série divulgados pela GM para cada uma das três versões são os seguintes:

Cobalt LS:
  Ar-condicionado, direção hidráulica, rodas de aço aro 15 com pneus 195/65 R15, painel com mostrador digital, desembaçador traseiro, chave do tipo canivete, trava elétrica das portas e porta-malas, banco do motorista com regulagem de altura e encosto traseiro rebatível 60/40.
 
Cobalt LT: Além dos itens da LS, traz airbag duplo frontal, freios ABS com EBD (obrigatórios para todo carro vendido no Brasil a partir de 2014), grade dianteira cromada, coluna de direção com regulagem de altura, vidros elétricos nas portas dianteiras, alarme e revestimento interno em dois tons.
 
Cobalt LTZ: Acrescenta ao conteúdo anterior rodas de liga leve, farol de neblina dianteiro, maçanetas internas e comandos do ar-condicionado cromados, barra cromada na traseira, rádio AM/FM com leitor para CD/MP3, entrada USB e conexão Bluetooth para celular, computador de bordo, espelhos retrovisores com regulagem elétrica e acionamento elétrico de todos os vidros.
 
O Chevrolet Cobalt conta ainda com garantia total de três anos, sem limite de quilometragem, igualando uma oferta que tem se tornado padrão no mercado automotivo nacional. A GM espera emplacar cerca de 3.500 unidades do modelo a cada mês, com ênfase nas versões LT e LTZ.
 
Tudo isso exposto, o grande demérito do Cobalt, numa leitura inicial, parece vir mesmo da alma ainda envelhecida. Se visual e conteúdo parecem mais atuais, o conjunto mecânico por baixo do capô ainda cheira a naftalina. O motor 1.4 Econoflex (o mesmo de Prisma e Agile, por exemplo) recebeu pequenas inovações -- como nova geração do sistema "drive by wire" (acelerador eletrônico) e sistema de escape feito em aço inox estampado -- para tentar ser um pouco mais eficiente e um pouco menos poluente.

Ele gera 97 cavalos com gasolina e 102 cv com etanol (6.200 rpm), com torque de 12,8/13,0 kgfm (também com gasolina/etanol a 3.200 rpm). O câmbio manual de cinco marchas também é conhecido, assim como o conjunto de suspensão (McPherson na dianteira, eixo de torção com barra estabilizadora na traseira).
 
A GM, porém, sabe que a renovação total é o mínimo esperado dela no momento e informa que, em breve, mostrará uma configuração um pouco mais condizente com essa expectativa: o Cobalt terá opção de motor 1.8 na versão LTZ, com câmbio automático de seis marchas (provavelmente o mesmo do Cruze). Esse carro deve chegar no segundo trimestre de 2012.

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