Mais antigo que muitas tecnologias consideradas maduras, o código 2D depende da aceitação e utilização da nova classe consumidora de tendências do Brasil.
O QR Code nasceu antes mesmo que o Twitter e o Orkut, mas ainda não estourou no Brasil. No restante do mundo, esse código de barras em 2D faz sucesso e é empregado em diversos momentos do cotidiano das pessoas. Foi criado pelos japoneses antes de 1997 e disponibilizado para uso em janeiro de 1999. Sua patente é de uma empresa privada que optou por liberar seu uso a todos que desejassem.
A importância desse código está na praticidade da transmissão de dados, que podem ser lidos a partir de aparelhos celulares e suas câmeras fotográficas aliadas a aplicativos específicos. O mais impressionante é a diversidade de utilização que o QR Code permite, como o uso em cartões de visita, campanhas publicitárias, revistas e jornais, além de programas de televisão.
O Japão é o país que mais aproveita o uso do QR Code, integrando-o aos símbolos modernos do cotidiano, inclusive, utilizado até em lápides país afora. Sem contar a presença nas embalagens dos sanduíches de uma famosa rede de fast-food e, que ao ser codificado, permite o acesso às suas informações nutricionais.
A pergunta que fica é por que o código ainda não se popularizou no Brasil?
Primeiro, porque o Brasil atravessa somente agora a fase de popularização dos smartphones, os celulares que permitem a leitura do QR Code. Segundo, porque mesmo com mais de 20 milhões de aparelhos, a inserção do código ainda é tímida e não leva em conta a cultura brasileira de ativação dos novos formatos, seja de tecnologia ou informação. A boa notícia é que esse cenário tende a mudar.
Incluí-lo em jornais, revistas ou qualquer outra plataforma não exige esforço. É fácil aplicá-lo e fazer com que o “quadradinho” dissemine informações. Mas é exatamente esse o problema, é preciso que haja uma análise dessa inserção, para que funcione e atinja os objetivos esperados, já que é visível que a classe média brasileira, que avança com sede na compra dos smartphones, é que poderá dar o impulso inicial para a sua popularização.
Se houver o aumento no uso desse tipo de celular por parte da classe C, serão as empresas que atendem esse público, isto é, grandes redes de supermercados, farmácias e shoppings populares, as responsáveis por preparar a melhor estratégia de inserção e criar uma dinâmica que estimule e minimize o medo que os novos usuários têm de símbolos desconhecidos.
Será muito mais fácil o QR Code ser aceito se ele estiver ligado a uma atividade cotidiana com baixo índice de rejeição, como compras de alimentos, roupas e entretenimento. Por exemplo, uma campanha de desconto em um supermercado, utilizando o código 2D, está sujeita a ter maior aceitação e participação do que uma campanha de um banco em uma revista. O mesmo acontecerá se esses símbolos forem empregados nas embalagens promocionais de produtos já comuns ao dia-a-dia das pessoas.
O uso do QR Code mostrará o quanto nossas empresas estarão conectadas e receptíveis às novas tecnologias e se conseguirão codificar a massa populacional que atualmente impulsiona a internet brasileira e o consumo de tendências, ou seja, a classe C, emergentes de um novo mundo, cuja forma de agir e pensar hoje ainda não cabe em 7.089 caracteres - limite máximo de um QR Code. É necessário tempo e adaptação, mas já vimos isso no uso dos 140 caracteres de um tweet, que, superando a taxa de rejeição inicial, agora comunicam empresas e consumidores e estabelecem um relacionamento muito mais amplo e aberto entre todos.
Por Marcus Yabe, coordenador de Inteligência da MITI Inteligência
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