De acordo com analistas, o próximo passo das empresas será investir em sistemas que vão gerir a experiência do consumidor com o serviço prestado
O Ministério das Comunicações e as empresas que fornecem tecnologia para as operadoras de celular não falam a mesma língua quando o assunto é para onde devem ser direcionados os aportes do setor no País. Após quase uma década de investimentos na consolidação da infraestrutura do tráfego de dados e voz, as empresas que atendem às operadoras de telefonia móvel, como Nokia Siemens Network (NSN), Alcatel-Lucent e a americana Cisco Systems, investirão mais em sistemas de gerenciamento da qualidade dos serviços oferecidos atualmente do que na expansão dos ativos ou na adoção de novas tecnologias como a 4G. Por outro lado, para o Governo Federal, o ritmo de investimento em infraestrutura de telecomunicações é insuficiente para as necessidades dos brasileiros, que vai aumentar com a disseminação do Plano Nacional de Banda Larga e com a consequente alta no número de conexões.
O mercado brasileiro das telecomunicações está passando por um momento-chave com o aumento da demanda por Internet de banda larga. Além da expectativa de faturamento do setor de R$ 185 bilhões até o final de 2011, o acesso de usuários brasileiros à rede rápida atingiu a marca recorde ao fim do mês de agosto com a adesão de 2,2 milhões de novas ativações no País, totalizando 47,8 milhões de conexões de internet rápida, somando clientes de banda larga fixa, móvel e usuários de modems de terceira geração (3G).
“A demanda por Internet, seja ele no smartphone, no tablet ou no desktop, vai seguir crecendo porque o brasileiro está cada vez mais conectado. No entanto, as operadoras de celular vão apostar na melhoria dos serviços que prestam atualmente, gerenciando o tráfego de voz e dados, verificando a recepção dos sinais nos aparelhos do consumidor e resolvendo o problema deles em tempo real, de maneira automatizada”, conta Walter Wolf, diretor de negócios da Nokia Siemens Networks.
Wolf explica que este conceito é uma tendência que está se espalhando em todo mundo, não sendo restrita a um determinado perfil de mercado. “O mercado europeu já está consolidado a mais tempo, as redes lá são mais modernas e a gama de serviços por dados é maior. No entanto, tanto lá como no Brasil, onde o mercado está consolidado, mas ainda com uma demanda por dados em celulares em crescimento, a necessidade de atender a um problema que o usuário está enfrentando no momento do acesso à rede é simplesmente a mesma”, diz.
Para Jonio Fogel, presidente da Alcatel-Lucent no Brasil, serviços relacionados ao consumidor é a nova tendência no desenvolvimento de sistemas para o mercado móvel. Tanto que a empresa desenvolveu plataformas para que provedores de serviço usem redes, serviços e aplicativos inteligentes para priorizar, identificar e resolver problemas do cliente com dispositivos de banda larga móvel. “Esperamos que a solução possa ser testada no Brasil em meados do próximo ano. Como eu ainda não tenho o produto pronto, não posso falar sobre preço, mas ele reduzirá custos. É uma tendência que os players do mercado sigam este rumo de desenvolvimento”, diz.
O ministro das comunicações Paulo Bernanrdo afirmou na semana passada que “poucas vezes o setor de telecom esteve tão promissor como agora”. Segundo ele, entre julho de 2010 e julho de 2011, houve 12 milhões de novos acessos de banda larga. O faturamento de telecom, prosseguiu o ministro, chegou a R$ 100 bilhões e poderá atingir R$ 185 bilhões no final do ano. No entanto, o ritmo de investimento em infraestrutura, segundo Bernardo, ainda é incompatível com as necessidades dos brasileiros. “O atual volume de investimentos será ainda mais insuficiente quando os tablets chegarem às escolas. Será também insuficiente quando o Plano Nacional de Banda Larga [PNBL] precisar chegar a todas as regiões”, ressalvou.
De acordo com ele, as empresas precisam ousar mais, enquanto o governo garante um ambiente regulatório estável. “Temos que imprimir um salto nos investimentos de infraestrutura. Isso vai melhorar com a lei que permite às empresas nacionais e estrangeiras oferecer TV a cabo. Vai melhorar também com o regime especial de tributação do PNBL, além de incrementar o desenvolvimento competitivo”, disse.
Alta
De acordo com a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), a média mensal de ativações de novas conexões de banda larga é de 1,6 milhão. No mês de agosto houve um crescimento de 35%, atingindo o novo recorde de 2,2 milhões. Ao todo, houve um ritmo de 50 novas ativações de acesso à banda larga por minuto no mês. Somando as novas ativações do ano até agosto, já foram feitas 13,4 milhões de novas conexões. O desempenho foi 37% maior que do mesmo período em 2010.
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