Manutenção e fatores que afetam a depreciação indicam quando é o momento ideal para a venda
Carro velho: Se peças que não exigem manutenção passam a falhar, está na hora de vender
São Paulo –Tanto para quem prefere manter o carro
por muitos anos, quanto para quem prefere trocá-lo em pouco tempo, fica
a dúvida sobre qual é o momento mais vantajoso para vender o veículo do ponto de vista econômico.
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No caso dos proprietários que preferem ficar por anos com o mesmo
carro, a maneira mais fácil de descobrir a hora certa de vendê-lo é
observando os custos de manutenção. Segundo o gerente de atendimento da
consultoria automotiva Jato Dynamics, Milad Kalume Neto, existem algumas
peças que precisam ser trocadas rotineiramente e não devem preocupar o
motorista caso necessitem de manutenção. Mas, outras peças, que possuem
maior duração e são mais caras, quando começam a falhar podem indicar ao
proprietário que é o momento de vender o carro.
“Quando o proprietário vai percebendo que a manutenção está fugindo do
controle normal e há necessidade de troca de peças diferentes daquelas
que estão previstas no manual de propriedade em uma determinada
quilometragem, ou quando peças que não são previstas na rotina habitual
de revisão começam a falhar, chega o momento da troca”, afirma Kalume.
Ele explica que as peças de desgaste mais comum são: filtros de ar,
óleo e combustível, velas de ignição, discos, pastilhas e fluídos de
freio, amortecedores e buchas de suspensão, pneus e mesmo o sistema de
embreagem. Estes itens exigem manutenções periódicas, que podem ser
consultadas no manual do veículo, e a necessidade de reposição não
indica que o carro precisa ser vendido.
O problema mais crítico, segundo Kalume, ocorre quando é preciso
realizar manutenções em peças estruturais de motor ou câmbio, como em
homocinéticas (peças responsáveis por transmitir a rotação do câmbio às
rodas motrizes), módulos eletrônicos, alternadores e rolamentos de
rodas, por exemplo. “Essas peças normalmente não apresentam previsão de
desgaste no manual de propriedade e possuem valores unitários elevados,
bem como alto custo da mão de obra para a execução dos serviços”.
Problemas nestas peças, portanto, podem sinalizar que o custo de
manutenção não compensa e vender o carro pode ser a melhor opção.
Giancarlo Pereira, consultor automotivo, explica também que mesmo
quando não há necessidade de repor estas peças estruturais e mais caras,
existem momentos de “pico” de manutenção das peças trocadas com mais
frequência, como as pastilhas de freio, amortecedores e outras.
“Normalmente, esses picos acontecem quando o carro atinge entre 30.000 a
40.000 quilômetros. Se a pessoa tiver condições de vender o carro antes
disso, ela pode evitar uma série de gastos”, orienta.
Pereira explica que alguém que costuma usar o carro para locomoção
própria e não para transportar cargas, ou para percorrer longas
distâncias com frequência, costuma rodar cerca de 12.000 quilômetros por
ano. “Com 12.000 quilômetros por ano, o carro está relativamente novo;
no segundo ano ele está com 24.000 quilômetros, e perto do terceiro ano,
com 36.000 quilômetros, certamente é o momento de se pensar na troca do
modelo”, avalia.
Além da manutenção, fatores de mercado também ditam o momento da venda
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Observar quando é o momento de vender o carro sob a ótica dos custos de
manutenção pode ser mais relevante para quem mantém o carro por mais
tempo e começa a ter altos gastos com reparação. Já para os
proprietários que costumam trocar o veículo com mais frequência, o
momento certo de vender o veículo pode ser antes que o seu preço caia de
forma mais acentuada.
O carro usado, como qualquer outro item à venda, é influenciado por uma
série de fatores de mercado. Entender alguns deles é o caminho para
antecipar algumas tendências de depreciação do automóvel e evitar a realização de um maior prejuízo.
Um dos fatores de influência nos preços são as medidas econômicas que
afetam o poder de compra da população e também a indústria automotiva. A
redução do IPI para carros novos, por exemplo, acabou resvalando no
preço dos carros usados, uma vez que eles tiveram que ter seus preços reduzidos para não ficarem tão caros em relação aos veículos zero quilômetro.
Outro fator que pode reduzir o preço do carro na revenda é a hipótese
de o veículo sair de linha. Segundo Giancarlo Pereira, o valor de
revenda pode cair até 10% de um dia para o outro, após um anúncio de que
o carro será descontinuado.
O lançamento de uma versão repaginada de um modelo, ou o lançamento de um novo veículo na mesma categoria pode também pressionar a redução do preço do carro usado daquele modelo ou categoria.
Os especialistas explicam que essas questões muitas vezes são difíceis
de se prever, mas se o consumidor ficar atento às notícias que afetam o
mercado automotivo, ele pode conseguir perceber que é o momento de
vender seu carro antes que a percepção se torne generalizada e o veículo
sofra uma forte desvalorização. “Jornais especializados acabam dando um
panorama disso e o proprietário pode conseguir antecipar a venda antes
de ter uma maior depreciação”, diz Kalume.
Giancarlo Pereira ainda afirma que é possível também perceber quando um
carro vai sair de linha observando alguns movimentos cíclicos da
indústria automotiva. “As indústrias costumam trocar seus modelos
econômicos em cerca de cinco anos e os modelos de categorias superiores
aos econômicos são trocados em torno de oito anos”, diz.
Fugir das depreciações mais elevadas também implica em não vender o
carro no primeiro ano de uso. “É aquilo que costumamos falar: o carro
sai da concessionária e já desvaloriza 20%”, comenta Kalume. Isto ocorre
porque o fato de o carro deixar de ser zero quilômetro influencia muito
mais seu preço do que ele deixar de ser um carro de 10.000 quilômetros e
passar a ser um carro de 15.000 quilômetros, por exemplo.
Condição financeira
Por fim, uma questão importante que pode definir o momento certo da
venda do carro é a condição financeira do proprietário. Se ele prefere
sempre estar com o último lançamento e há condições financeiras para
trocar o carro, o momento de vender pode ser simplesmentes quando surge
um novo carro de seu interesse no mercado. “Sempre existe uma questão
pessoal e financeira. Se o proprietário não tem nenhuma restrição
financeira e quer sempre andar com um modelo novo, trocar de carro a
cada dois anos pode ser mais interessante do que esperar. Em dois anos
ele não tem custo de manutenção", explica Pereira.
E no caso de um proprietário que está com problemas financeiros, o
momento certo de vender o carro pode ser quando não há mais condições de
honrar o pagamento das parcelas. Nessa situação, vender o automóvel
para comprar outro modelo mais econômico pode ser a melhor atitude a se
tomar.
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