Com traços que lembram o anterior, a nova geração do
Mesmo já passado um tempo razoável atuando no Brasil, as marcas
francesas ainda enfrentam a rejeição de muitos no mercado. É claro que
são vários os fatores que determinam esse comportamento, mas vamos nos
concentrar no estilo, que é nosso assunto na seção.
Carros chineses são novidade no País e suas marcas ainda não foram
consolidadas; então é normal haver as mais variadas opiniões. Já os
franceses, sem contar sua história e o tempo de importação — ou mesmo a
fabricação local do Renault Dauphine/Gordini
sob licença pela Willys-Overland nos anos 60 —, produzem carros por
aqui há mais de uma década e as opiniões continuam a divergir, quase
como se também fossem novidade.
Alguns gostam do estilo francês de desenhar carros, outros não, mesmo
levando em consideração que os modelos franceses não têm mostrado nada
de tão extravagante no estilo. Em um extremo, a Renault e seus carros
para mercados emergentes dividem opiniões; no outro extremo, a Citroën e
seu estilo mais sofisticado também. É impossível agradar a todos, mas o
caso dos franceses é ímpar.
Dentre as três francesas, a Citroën é a marca que tem os modelos com
estilo mais sofisticado disponíveis no Brasil. O trabalho de desenho que
a marca vem fazendo não deixa de ser interessante, e o novo C3 chega em
sintonia com essa filosofia.
Quando as primeiras fotos do C3 de segunda geração
foram reveladas na Europa, em 2009, a primeira impressão foi de se
tratar de uma atualização do modelo original, por causa das semelhanças
de formas em relação à geração anterior. Na verdade, ele recebeu uma
carroceria toda nova, com toques que a deixaram mais atual, aparência
mais sofisticada e uma construção de qualidade superior. À parte
qualquer semelhança, a nova geração fez a anterior parecer envelhecida, o
que é muito conveniente para realçar o lançamento.
Suas proporções, que não são muito convencionais para um modelo
hatchback, continuam boas e não há nenhum detalhe que chame a atenção
por estar fora de lugar, ou grande ou pequeno demais — exceto pelo
enorme para-brisa, o que é intencional. Aliás, esse é item mais ousado
do carro e o mais diferente do trivial, a ponto de todas as atenções da
mídia terem se concentrado nele e pouco ter sido comentado do restante
do estilo.
Dentre as três francesas, a Citroën é a marca que tem os modelos com estilo mais sofisticado disponíveis no Brasil
Mesmo para aqueles que possam achar o resultado estético externo do
para-brisa duvidoso, o fato de o carro ser alto atenua a percepção em
relação ao tamanho da peça. No geral, a nova geração do C3 tem o visual
limpo e diversos e discretos vincos quebrando as superfícies de forma a
não ficarem tão arredondadas. Faróis, lanternas, grade dianteira e
demais detalhes estão em equilíbrio, valorizando o estilo e aparentando
modernidade.
Deve-se lembrar que o C3 é o maior sucesso da marca em âmbito
mundial. Foi proposital a decisão da Citroën em manter as semelhanças
com a geração anterior, uma jogada não usual em modelos hatch — o
normal, já que vai ser desenvolvido tudo novo, é que seja nova também a
aparência e que isso fique bem claro. Mesmo assim, a tendência é quem já
gostava da versão anterior gostará mais ainda da nova, e quem ficava em
cima do muro pode também vir a começar a gostar do modelo.
Os retrovisores são bonitos e têm aparência esportiva um pouco além do que a proposta do carro necessita, mas mal não faz.
A
coluna A mais inclinada em sua base é uma solução mais comum e de
melhor aparência em relação à geração anterior, na qual ela realçava a
sensação de um arco ligar o capô à traseira. Pintada na cor da
carroceria, mostra melhor a função do acabamento em plástico. O
resultado é um pouco melhor do que o obtido no DS3 com sua coluna A em
preto.
Os
vincos são discretos e ficaram muito bem: são um dos detalhes que
formam a aparência mais moderna do modelo. Para-lamas, capô e faróis são
as únicas peças externas compartilhadas com o DS3.
Já
conhecíamos a idéia de apliques cromados nas rodas do Hyundai I-30. O
desenho dessas rodas não é um espanto, mas que os apliques enriquece
bastante o visual, não há dúvida.
Ainda
mais com o uso de molduras nas laterais hoje em baixa, é imprescindível
haver algum detalhe. Apesar de bem discreto, é justamente por isso que
combina com o restante do carro.
A
linha de cintura mais alta e o perfil das janelas levemente mais baixo
fizeram bem ao modelo. Enquanto todo mundo faz a curvatura para baixo,
os franceses fazem ao contrário… Est le moyen le français (é o jeito francês)!
Prova
de que houve cuidado com o equilíbrio do estilo: tamanho, posição e
contorno bem-feitos. Se não houvesse a parte da lanterna na tampa
traseira, por exemplo, ficaria mais simples e pobre do que a dianteira.
Resultado
interessante: superfície da tampa traseira sem detalhes e simplicidade
total do para-choque traseiro. Mesmo assim, não causa sensação de estar
faltando nada e tem harmonia com o restante do carro.
Esses
são os vincos mais marcados do carro. Ficaram no ponto certo para
servir como elementos visuais que valorizam a estética.
A
ideia de acrescentar a grade dianteira no Brasil, e ainda alinhada com
os faróis — que assim parecem formar um contorno único —, foi muito boa.
Valorizou o estilo da dianteira, que ficou melhor que a versão
europeia.
O
contorno da abertura do para-choque lembra muito o contorno usual na
Ford. Acontece, mas não teria sido uma boa ideia evitar tal semelhança?
Os
faróis de neblina também são compartilhados do DS3, assim como sua
posição. Sem a moldura cromada parece ser uma peça diferente, mas ficou
bem assim.
Fotos
de carros na cor branca são ruins para visualizar algo, mas há um vinco
aí que — ao contrário de apenas contornar a abertura da caixa de roda,
como acontece na dianteira — sobe e se alinha com detalhes da lanterna
traseira. Interessante.
Pelo
ângulo da foto é possível perceber que a simplicidade do contorno das
janelas é para manter tudo em harmonia. Note também como há continuidade
tanto com o para-brisa quanto com o vidro traseiro.
Detalhe
de acabamento um tanto desnecessário em termos visuais. Pintar ou
envelopar a parte posterior do teto e o defletor da tampa traseira pode
proporcionar um visual interessante.
Esse
ponto do capô é bem alto e a base do para-brisa é bem baixa. Forma-se
um “buraco” que traz certa dúvida quanto à aparência.
Curioso
que no país das reduções de custos tenhamos um item de iluminação
(luzes diurnas com leds) que o europeu não tem. Ficou bom. Não vamos
comentar mais para que a Citroën não tenha a ideia de retirar o detalhe…
O
farol é o mesmo do DS3, que tem a mais apenas uma capa escura que
recobre essa divisão central. Contorno simples e bem-feito, internamente
muito bem trabalhado. A qualidade dos detalhes valoriza o todo.
Como
a dianteira já tem muitos detalhes e a adição da grade entre os faróis,
foi uma boa decisão não deixar a abertura abaixo dos faróis que vem no
modelo europeu.
As lanternas têm recebido mais atenção do que recebiam no passado. Interessante trabalho interno.
Dar
continuidade à área refletiva na parte da lanterna que vai na tampa foi
uma boa maneira de fazer parecer que é uma peça só. Importante para uma
boa qualidade de aparência.
É um detalhe, mas chama a atenção de forma positiva. São itens como esse que vão se somando e enriquecem o visual.
No
C3 anterior, esse rebaixo em torno do farol de neblina, que por sua vez
já tem uma moldura saliente, proporcionou um visual duvidoso em um
para-choque muito carregado de detalhes. Não combina com o visual limpo
do restante do modelo.
Olhando
para o carro por inteiro, percebe-se que ainda poderia ficar no mercado
por mais algum tempo como uma alternativa mais barata, mas seria
necessário modificar os faróis, a grade, os para-choques e os
retrovisores para rejuvenescê-lo.
Como na versão brasileira foi acrescentado aquele item adicional de
iluminação, esse detalhe do C3 europeu ficou totalmente desnecessário.
O
europeu também é interessante sem a grade entre os faróis — é mais
limpo, mas um pouco menos sofisticado. Além desse item, a única
diferença em relação ao modelo brasileiro é o para-choque dianteiro.
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