A narrativa transmídia é a técnica de contar uma história ou transmitir
uma mensagem através de múltiplas plataformas de mídia que se
complementam, cada qual trazendo um novo elemento para a experiência do
público. Mas, mesmo compreendendo o conceito, muitas vezes permanece a
questão: por que uma empresa deve investir em transmídia?
Porque, podem acreditar, a narrativa transmídia veio para ficar. O
motivo para essa afirmação é muito simples: essa sempre foi a maneira
como contamos histórias, propagamos mensagens e transmitimos
conhecimento. As grandes histórias que hoje conhecemos através da
literatura antes eram contadas ao redor de fogueiras, em murais de
Igrejas, nas músicas dos trovadores. Instintivamente, nós fazemos as
histórias que amamos ultrapassarem as barreiras impostas pelas
plataformas.
Como se fazer histórias relevantes para apaixonar o público não fosse
difícil o bastante, no atual cenário de consumo de tecnologia e mídia é
cada vez mais difícil encontrar o seu “target”. A proliferação de
plataformas e o acesso massivo aos meios de produção e distribuição de
conteúdo faz com que tenhamos muita informação para pouca atenção. O
Google, por exemplo, divulgou recentemente que é feito o upload de uma
hora de conteúdo por segundo no Youtube.
Uma boa narrativa transmídia é capaz de não só gerar uma audiência, mas
também permitir que as pessoas que se envolvem possam se aprofundar no
conteúdo. Reside aí uma das principais vantagens dessa técnica para
empresas: é uma maneira eficiente de marcas investirem no relacionamento
e na construção de uma história com (e não simplesmente para) seus
consumidores.
Apesar do envolvimento emocional ser chave para o sucesso, é preciso
que as pessoas transformem esse sentimento em ação. E palavra da vez
nesse sentido é “engajamento”, uma palavra que a cada dia parece ficar
mais vazia. O que exatamente engajamento significa? Ivan Askwith, mestre
em Estudos de Mídias Comparadas pelo MIT, conseguiu definir: é a medida
que descreve a profundidade e a natureza dos investimentos de um
indivíduo em relação a um conteúdo ou uma marca.
Uma boa estratégia transmídia permite que a audiência se engage com o
conteúdo produzido independente do canal pelo qual ela se conecta,
aproveitando o melhor de cada mídia não só para expandir aquela
história, mas também permitir que o público se aproprie dela e a
espalhe. Consegue-se assim uma base de fãs ativos, que reverberam o
conteúdo da marca.
O recente case de sucesso do lançamento do clipe das "Empreguetes",
personagens da novela da Globo Cheias de Charme, evidencia uma grande
oportunidade, não aproveitada por anunciantes. A integração de marcas
em videoclipes já é prática comum (vide a relação da Diesel com Kate
Perry). A ação da Globo foi uma ótima amostra de entretenimento
transmídia. Teria sido uma bela ação de comunicação, o que mostra que se
o product placement (no Brasil, o famoso merchandising) já se
estabeleceu, falta agora ganhar o mundo transmídia, para que as marcas
possam gerar relacionamentos mais estreitos com seus públicos.
Por Bárbara R. Mota, diretora de Cultura da empresa brasileira “Os Alquimistas”
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