Banco alerta para a valorização excessiva dos ativos que, nos países desenvolvidos, foi o estopim da crise
A expansão do crédito no Brasil tem levado a um boom imobiliário que,
segundo o BIS, ameaça repetir o cenário de colapso registrado nos
últimos anos nos EUA, Irlanda ou Espanha.
A entidade constata que os preços de imóveis no Brasil quase dobraram
desde a crise do subprime. Casos como o do Rio de Janeiro, com mais de
100% de aumento, e de São Paulo com incremento de 80% são destacados
pelo BIS, além da situação em Pequim e Xangai. Para a entidade, esses
valores bateram recordes históricos.
Um dos impactos seria a expansão desproporcional do setor da
construção. "O aumento de preços das propriedades leva ao aumento rápido
da construção. Esses desequilíbrios precisam ser resolvidos se essas
economias querem ter um crescimento sustentável", alertou.
O BIS lembra que, na Europa, o colapso do setor imobiliário
escancarou fraquezas estruturais de países. O banco lembra que, na
Irlanda, o colapso do setor imobiliário elevou o desemprego de 8,6% em
1997 para 13% em 2007. Na Espanha, passou de 10% para 24%.
Dívida. Outra preocupação decorrente desse cenário
de expansão turbinada por crédito é o tamanho dívida doméstica de
emergentes. "A porção do PIB que famílias e empresas no Brasil, China e
Índia estão alocando para o serviço da dívida está em seu nível mais
alto desde o fim dos anos 90", apontou.
"Medidas do custo do serviço da dívida sugerem que níveis altos de
dívidas podem ser um problema", indicou o banco. "Nesses mercados
emergentes, desequilíbrios parecem estar se construindo", diz. "Em
vários casos, preços de imóveis e de outros ativos aumentaram, enquanto o
endividamento privado e custos do serviço da dívida aumentaram bem
acima da tendência."
A dívida pública dos emergentes é outra fonte de preocupação. "Na
superfície, a situação fiscal das economias emergentes parece bem melhor
que as economias avançadas", indicou.
"Mas a posição fiscal dos emergentes pode não ser uniformemente
saudável como aparenta", alertou o BIS. Um dos motivos é a pressão cada
vez maior para aumentar gastos com aposentadorias e saúde.
Mais uma vez, a expansão de créditos está camuflando problemas.
Segundo o BIS, as contas de vários países emergentes estão sendo
falsamente fortalecidas por booms potencialmente insustentáveis de
crédito e ativos.
O BIS não poderia ser mais claro: se a economia dos emergentes perder
ainda mais fôlego, esses problemas se transformarão em crise. "Se os
recentes sinais de desaceleração da economia persistiram, o horizonte
fiscal para as economias emergentes poderia rapidamente escurecer."
Bancos. O BIS ressaltou também que o boom de
créditos e de ativos pode estar inflacionando o real valor dos bancos de
países emergentes, considerados até agora como imunes à crise.
"Apesar do bom desempenho de bancos nos mercados emergentes, existem
dúvidas sobre a base dessa força", alertou o BIS. Assim como ocorreu na
Espanha, o temor é de que os bancos tenham um crescimento forte graças
aos preços de ativos e de créditos que sofreram um boom.
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