"A liberdade está sofrendo bullying"
Frase de Gilberto Leyfert ancorou os debates da Comissão da liberdade de expressão e democracia
O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, um símbolo vivo da luta pela liberdade, havia acabado de deixar o palco
principal do V Congresso de Comunicação. A plateia ainda estava
extasiada pelo simples e poderoso discurso de Tutu, que pregava a
liberdade acima de qualquer outra esfera da sociedade humana. Foi um
cenário oportuno para que o presidente do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar), Gilberto Leyfert, soltasse uma
frase capaz de mexer com os brios do público e dar a tônica da
discussão que viria a seguir: "a liberdade de expressão está sofrendo
bullying".
Primeira comissão dessa edição do Congresso de
Comunicação, Liberdade de Expressão e Democracia foi moderada por
Dalton Pastore, presidente do ForCom e contou, além da participação do
presidente do Conar, com as presenças do presidente do Grupo Abril,
Roberto Civita e do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal,
Carlos Ayres Britto. No palco, o tema que dominou a discussão foi a luta
para assegurar a liberdade de expressão comercial nas campanhas
publicitárias e na imprensa em um cenário onde o cerco do "politicamente
correto" para cada vez mais fechado.
"Quando digo que a
liberdade de expressão sofre bullying, afirmo que isso acontece tanto
por conta de hostilidades de cunho ideológico como pelas ilegalidades.
Quando um órgão como a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) impõe regras
para a nossa indústria, trata-se de uma ilegalidade e de algo que
precisamos combater", ressaltou Leyfert, defensor ferrenho da liberdade
plena de expressão comercial, na qual a autorregulamentação - e somente
ela - puna ou corrija os eventuais abusos.
O discurso de
Leyfert foi totalmente corroborado por um detalhado pronunciamento a
favor da liberdade e da democracia, feito pelo ministro Ayres Britto. Ao
recorrer até a etimologia para explicar a essência do termo democracia,
o ministro colocou a liberdade de comunicação e de imprensa como
fatores prioritários para o desenvolvimento da nação. "Quanto mais
fortalecemos a liberdade de imprensa, mais iremos fortalecer a nossa
democracia. Está previsto em nossa Constituição que a liberdade de
comunicação desfrute de plenitude. Não é por conta de certos abusos que
iremos proibir o uso", disse Ayres Britto, recebendo aplausos da
plateia.
O relativo contraponto a essa marcha pela liberdade
plena da comunicação veio do presidente do Grupo Abril. Embora
reforçasse que concorda com as ideias dos demais debatedores, Civita
confessou que julga necessário um certo tipo de regulamentação para
evitar abusos e disparidades. "É preciso haver um equilíbrio nessa
questão. Aqui foi dito por diversas vezes que liberdade implica em
responsabilidade. Mas não se pode obrigar ninguém a ser responsável. Não
temos como ensinar isso. Portanto, sou a favor de um certo tipo de
regulamentação", ponderou o dirigente.
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